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0021 | II Série C - Número 066 | 19 de Agosto de 2006

 

recém-eleito governo israelita. O voto em Israel pode, na sua opinião, ser interpretado como um voto numa política introspectiva e os dezanove lugares para o Partido Trabalhista e os sete lugares para o Partido dos Pensionistas reflectem a importância que o povo atribui aos factores sociais e económicos. Ehud Olmert não obteve os resultados esperados, o que torna mais difícil a implementação do plano de convergência unilateral. Ironicamente, para implementar esta política, Olmert "precisa de um governo do Hamas fraco e isolado". Isto dá a Israel mais espaço de manobra do que se tivesse um parceiro de negociações amplamente aceite. O Primeiro-Ministro Olmert descreveu a política israelita no seu discurso após as eleições, encarando a resolução do conflito israelo-palestiniano como a principal medida a ser levada a cabo por este governo, que pretende estabelecer fronteiras permanentes até 2010. Olmert negociará com os Palestinianos, mas apenas com o Presidente Abbas e, caso tal não seja possível, implementará o seu plano de convergência unilateral.
20. Na opinião de Pardo, estes desenvolvimentos marcam o fracasso definitivo do roteiro para a paz, que era inevitável porque um dos actores principais, Israel, nunca o reconheceu. O governo israelita votou a favor do roteiro para a paz, mas submeteu-o a nada mais nada menos que catorze reservas. O pré-requisito de uma tranquilidade absoluta para o início do processo e a exclusão de quaisquer questões relacionadas com o acordo final esvaziou o plano do seu conteúdo do lado de Israel. Na cimeira de Aqaba, em 2003, Sharon terá invocado apenas uma vez o roteiro para a paz para dizer que este fora adoptado pelo governo israelita. Subsequentemente, Sharon prosseguiu a política de retirada unilateral da Faixa de Gaza. A política do Quarteto, que Wolfensohn qualificou como uma "grande ilusão" quando cessou as funções de enviado especial dos EUA, tem, segundo Pardo, de ser revista no seu todo. Isto acontece designadamente porque as condições fixadas após a vitória do Hamas foram estabelecidas de forma demasiado rápida e amarraram as mãos do Quarteto em relação a negociações futuras com a Autoridade Palestiniana.
21. Para sair deste impasse, Sharon Pardo recomendou que o Quarteto "prestasse mais atenção ao que o Hamas faz e não tanto ao que diz", dado que as três condições "contrariam a própria raiz ideológica do movimento" e não são susceptíveis de provocar a mudança num plano imediato. O Quarteto deveria assinar um memorando de entendimento, no qual a Autoridade Palestiniana renunciasse à violência e assumisse a responsabilidade pela não-violação de acordos prévios. Em contrapartida, os países doadores deveriam retomar a sua ajuda financeira. Tal como sucedeu com as negociações em torno dos tratados de paz com o Egipto e a Jordânia, o reconhecimento formal do Estado de Israel poderia, então, aguardar até ao final do processo. O Quarteto, na opinião de Pardo, deveria também assinar um memorando de entendimento com Israel para garantir uma certa simetria e envolver Israel no roteiro para a paz. O memorando de entendimento deveria prever o reatamento das transferências israelitas de impostos e receitas alfandegárias palestinianos. O Quarteto tem, no seu entender, de "redefinir as regras do jogo ou de se afastar".
22. Os participantes concordaram com Sharon Pardo que a criação de instituições paralelas constituía um perigo considerável para a segurança e a estabilidade nos territórios ocupados e em Gaza. Hugh Bayley (Reino Unido) sublinhou que tem de existir uma forma de continuar a ajudar os Palestinianos, garantindo simultaneamente aos cidadãos europeus que a sua ajuda está a ser canalizada para os locais certos. Gianni Nieddu (Itália) confirmou que, na sua opinião, o Hamas provara ser uma força política sofisticada e não um grupo de fanáticos religiosos. Pelo contrário, o Hamas distanciara-se claramente dos movimentos salafistas. Ele referiu que, tendo em conta estas realidades, a suspensão do financiamento da Autoridade Palestiniana poderia "transformar-se num boomerang para a UE e para os EUA" e que o Hamas poderia procurar apoio noutro lugar. Vahit Erdem afirmou que todos os participantes "têm a responsabilidade de encontrar uma base positiva" e de apoiar o desejo do Conselho Legislativo Palestiniano de se comprometer junto da comunidade internacional.

VI. O papel da religião

23. A recente crise das caricaturas centrou o debate à volta da necessidade de estabelecer um diálogo entre as diferentes comunidades religiosas. A religião é, tal como referiu o Professor Ali Bardoko?lu, Chefe dos Assuntos Religiosos Turcos, "uma fonte de identidade colectiva" e tem vindo a ser levada cada vez mais a sério no mundo inteiro. Os participantes mostraram-se, pois, extremamente interessados nas observações acerca do diálogo inter-religioso feitas pelos três líderes religiosos presentes em Istambul - o Professor Bardoko?lu para a comunidade muçulmana turca, Sua Santidade Bartolomeu para a comunidade ortodoxa grega e o Rabino Rac Isac Haleva para a comunidade judaica. Os três relacionaram o papel da religião com os acontecimentos actuais e destacaram a dimensão socioeconómica como elemento importante nas relações entre as comunidades. Quanto à questão do diálogo, concordaram ser necessário fazer mais do que apenas prestar declarações. O Rabino Haleva lamentou que as portas do diálogo genuíno pareçam estar, para já, fechadas e apelou a uma verdadeira abordagem multidisciplinar deste projecto crucial a longo prazo. Kenan G?rsoy, Presidente do Departamento de Ciências e Literatura da Universidade Galatasaray, destacou o papel do Sufismo, que ocupa um lugar importante na cultura turca e promove a ideia de unidade e de tolerância.
24. O Professor Bardoko?lu frisou que o Islão abraça a democracia, os direitos humanos e - tal como todas as religiões - condena o terrorismo. Observando que o Islão tem sido usado para legitimar a ordem política em alguns países, Bardoko?lu afirmou que a violência aumenta quando as pessoas não têm outra forma de canalizar os seus sofrimentos e quando cresce a desigualdade em termos étnicos, económicos ou