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seria que, dada a conflitualidade que vinha crescendo - segundo as suas próprias palavras - ao longo do tempo que se sucedeu à assunção do mandato, por parte do actual Director Nacional, não houvesse um desfecho que só poderia ser um de dois: ou saía a Sr.ª Procuradora ou, então, teria de sair, forçosamente, o Sr. Director Nacional. Aliás, tanto assim é que, inclusivamente, V. Ex.ª chegou a afirmar aqui, hoje - e é a sua própria expressão -, que "sabia que não ia durar muito tempo" na Polícia Judiciária. Disse também que o Sr. Director Nacional era um homem preparado para o efeito - também foi uma expressão sua. Por mim, acrescento que V. Ex.ª também já estava preparada para este efeito, na medida em que, já em meados de Junho, como teve ocasião de dizer-nos, e, de uma forma expressa, já na tal reunião do dia 16 de Julho, V. Ex.ª tinha apresentado a sua demissão. No caso concreto do dia 16 de Julho, pelo que nos disse, fê-lo de uma forma perfeitamente expressa.
Sinceramente, não compreendo, por um lado, que se possa considerar surpreendente o que aconteceu no dia 27 de Agosto e, por outro, não posso compreender que V. Ex.ª diga que o Sr. Director Nacional sugeriu a sua demissão quando a iniciativa primeira coube exactamente a si própria, no dia 16 de Julho.
Por outro lado. V. Ex.ª remata a história do dia 27 de Agosto, dizendo que não teve escolha. Ora, também já aqui ficou patente - aliás, era algo que, isso, sim, era do domínio público - que V. Ex.ª é, de facto, uma pessoa de convicções, e convicções profundas.
A questão que lhe coloco é a seguinte: se V. Ex.ª tem, de facto, essa maneira de ser e possui essa convicção e se, por sua iniciativa, não tinha vontade de se demitir no dia 27 de Agosto, por que é que o fez? É que não colhe a tese de que foi empurrada. Não foi! De facto, não foi, porque, no âmbito do seu campo de actuação, estava a possibilidade de não proceder ao pedido que efectivamente veio a fazer depois.
Uma segunda questão que gostava de colocar-lhe tem que ver com as divergências que, repetida e repisadamente, aqui tem assumido e a respectiva correlação com uma outra afirmação que também produziu aqui quando disse que "eles", portanto, os actuais dirigentes da Polícia Judiciária, "estão a copiar tudo aquilo que eu tinha em mente, o modelo que eu estava a incrementar na Direcção Central". Disse, inclusivamente - e se não foi precisamente esta a expressão foi muito próxima -, que "a papa estava feita" e que, depois, era uma questão de ser servida, o que vale por dizer que, afinal, apesar de todas estas divergências e de toda esta conflitualidade, actualmente, a Polícia Judiciária segue, de facto, um modelo que foi incrementado por V. Ex.ª.
Portanto, atrever-me-ia a dizer que, porventura, essas divergências não parecem tão profundas quanto nos fez crer e que, utilizando também uma expressão sua, estaremos mais na presença de "diferentes e incompatíveis métodos de trabalho".
Uma outra questão - e vou ser telegráfico na análise que faço e na dúvida que ainda me persegue relativamente a esta matéria - tem que ver com a instrução verbal, também do dia 16 de Julho, relativamente à não presença de investigadores da Polícia Judiciária no Tribunal de Monsanto.
V. Ex.ª disse que essa instrução foi veiculada pela via oral e que, embora não concordando, melhor dito, discordando radicalmente daquilo que estava a ser-lhe solicitado, em todo o caso, decidiu pô-la em prática porque o Sr. Director Nacional da Polícia Judiciária a tinha defendido muito. Desde logo, isto parece-me incongruente, no dia 16 de Julho, com o facto de "haver uma perda progressiva" da sua capacidade de prosseguir o seu modelo que teve o seu início em meados de Junho, quinze dias após a tomada de posse.
Mas, no dia 16 de Julho, V. Ex.ª ainda diz que "não, não! O Sr. Director Nacional da Polícia Judiciária, apesar de estar progressivamente a tirar-me capacidade de intervenção, é alguém que me defende muito e não compreendo muito bem como é que". O fundamento da sua tomada de posição, que foi o de seguir a instrução verbal que lhe fora dada, é este.
É evidente que não é V. Ex.ª que está aqui a ser julgada e tenho a perfeita noção disso.
Devo dizer-lhe mais, fazendo novamente apelo ao facto de V. Ex.ª ser uma pessoa de convicções. É que, para quem se prestava a cumprir uma instrução com a qual discordava radicalmente e com a carreira judicial que V. Ex.ª tem, parece-me que, no mínimo, V. Ex.ª deveria ter acautelado a situação, pedindo, solicitando que essa instrução lhe fosse dada sob a forma escrita. Acho que era o mínimo que deveria ter feito nessa circunstância, para sua salvaguarda e também para salvaguarda das suas convicções.
Uma última questão, que eu diria que é a vexata questio desta Comissão de Inquérito, que é a de sabermos se houve ou não pressões políticas.
V. Ex.ª já foi peremptória em afirmar que nunca sofreu, não podia sofrer, não aceitaria sofrer pressões de natureza política. Essa resposta foi clara, já na primeira vez em que esteve na 1.ª Comissão. V. Ex.ª disse que não tinha sofrido esse tipo de pressão.
De qualquer forma, hoje, várias vezes aludiu a comentários, a boatos que circulavam, nomeadamente nos corredores da Relação de Lisboa. Quero entender que estas notícias que circulavam nesses corredores não eram, de facto, pressões de natureza política, que é o que esta Comissão tem de apurar definitivamente.
A talhe de foice, devo dizer que até acho que não tem interesse que uma comissão de inquérito parlamentar esteja a falar, a comentar ou a aferir boatos que correm nos corredores. É que, de facto, isso acontece em todo o lado, até na própria Assembleia da República. Aliás, se fossemos fazer um inquérito ao que dizem os Srs. Deputados dos mesmos partidos nos corredores desta Assembleia, os partidos políticos acabariam, porque a coesão dos grupos parlamentares por certo iria ao ar. Portanto, julgo que não tem relevância o que se diz nesses fóruns.
O que tem relevância - e é a última questão que lhe coloco - é que V. Ex.ª mantém o que disse e V. Ex.ª disse que não tinha sofrido de forma nenhuma, nem era passível de ter sofrido qualquer tipo de pressão política.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Dr.ª Maria José Morgado.

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Acho que o Sr. Deputado fez as perguntas e deu as respostas. Só em relação à última é que não procedeu assim.
Quanto às pressões, mantenho o que disse. Agora, em relação a todas as outras questões, são as que revelei aqui…