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Depois, os acontecimentos transcenderam-me, ultrapassaram-me, nunca foram do meu domínio. Não tenho culpa disso. Não estou num processo que seja dominado por mim. Eu sou um instrumento deste processo. Não sei que processo é que é, simplesmente o que estou a dizer, o que eu digo… Eu aceito, como aceitei… Eu disse ao Dr. Bonina: "Eu vou-me embora da Polícia Judiciária. É uma comissão de serviço, ela tem um termo".
A questão não é essa, a questão é ser-me feito um pedido dramático para ficar, a ponto de o Dr. Adelino Salvado me dizer que não tomava posse se eu não aceitasse continuar, eu estabelecer um compromisso com o Dr. Adelino Salvado e, depois, bruscamente, sem que eu consiga compreender os fundamentos, o Dr. Adelino Salvado dizer-me o contrário. Isto é uma situação… Não é uma situação normal e, porventura, depois, provoca, de facto, especulações que me transcendem. Mas a culpa foi de quem dominou o processo. Eu não dominei o processo. Não era eu que tinha uma pessoa para tomar posse no meu lugar, no dia 29, que tinha os novos poderes da Polícia Judiciária para serem divulgados no dia 31, etc., etc., etc. Eu fui uma peça deste processo, fui uma peça da engrenagem. É evidente que haverá agora pessoas com vontade de me triturarem nisto tudo. Tenho consciência da minha situação mas a escolha não foi minha.
Se há nisto alguma coisa errada e a lamentar não é por mim, eu estou, pura e simplesmente, a ser vítima de todos estes acontecimentos. E não gosto de me sentir vítima. Por isso, escrevi as cartas, por isso dei as entrevistas nos termos que dei.
Perante esta Comissão e o dever de verdade material, senti-me obrigada a contar, a concretizar mas tudo o resto que eu disse não entra em contradição com esta concretização. Limitei-me a dizer agora as circunstâncias de facto do pedido de demissão e que a iniciativa não era minha. E não sei se foi por causa das intercepções telefónicas, se foi por causa do processo dos combustíveis, se foi por causa do processo das finanças, se foi por causa da secção central de branqueamento, se foi por causa da secção central de vigilâncias… Sinceramente, podem apontar-se estas razões todas. Depois… É que, de facto, não houve nenhum debate interno sobre isso. Não houve!
Por exemplo, sobre as vigilâncias, pedi ao Dr. Adelino Salvado para deixar ficar as vigilâncias na DCICCEF, que tinham sido criadas em Novembro de 2001 e estavam a dar bom resultado na investigação. Mais: tínhamos equipamento de vigilâncias que nos tinha sido dado em subvenção, pelo OLAF. O Sr. Brüner convidou-me a ir a Bruxelas, conversámos sobre as prioridades do combate ao crime organizado, ele ficou agradado com o trabalho que a Polícia Judiciária estava a fazer, eu assumi o compromisso de dar prioridade no combate à fraude dos IEC e de toda a criminalidade que punha em causa os interesses financeiros da Comunidade, para além dos interesses do Estado, e, no seguimento desse acordo, tivemos duas subvenções que perfizeram uns trinta e tal mil contos.
Com esse dinheiro, que não era dinheiro da Polícia Judiciária, foi dinheiro arranjado desta maneira, comprámos o primeiro equipamento para a brigada de vigilâncias e pedi ao Sr. Director Nacional que conservasse esse equipamento na DCICCEF. E até brinquei, porque disse que, se assim não fosse, era considerado desvio na obtenção de subsídio, uma vez que tinha obtido o subsídio com o objectivo de dar prioridade ao combate à fraude sobre os produtos sensíveis - álcool e tabaco. O Sr. Director Nacional concordou, disse-me que sim, eu fiz-lhe um ofício a pedir isso e ele não me disse, a mim, pessoalmente, que não. E quando as pessoas têm comportamentos assim, é evidente que, depois, se libertam forças que não se dominam. Nem sei quais, nem sei quais.
Mas o comportamento do Sr. Director Nacional a meu respeito foi, de facto, de algum capricho. Primeiro, era o capricho de ficar; depois, era o capricho de ir embora. Mas, de facto, não sei…
Amanhã, o Sr. Director Nacional até pode dizer que, a respeito das prevenções activas e das ajudas de custo, fiz despachos infundados, porque, provavelmente, durante todo o mês de Julho fiz despachos de juízos de imprescindibilidade sobre o pagamento das prevenções activas e das ajudas de custo que nunca tinha feito antes, em função de um outro despacho do Sr. Director Nacional. E, provavelmente, o Sr. Director Nacional não terá concordado. Não sei. É uma hipótese que eu ponho, não é?!
Portanto, contei as coisas por ordem cronológica, sintetizando factos que foram sucedendo e não posso criar outros. Se isto, de facto,… Se o Sr. Deputado acha lamentável, eu também acho mas não fui produtora deste "filme". Não fui.

O Sr. Eugénio Marinho (PSD): - Sr. Presidente, permita-me só que…

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado Eugénio Marinho.

O Sr. Eugénio Marinho (PSD): - Sr. Presidente, é muito breve, são apenas 10 segundos.
Quero apenas fazer uma pergunta à Sr.ª Procuradora, que tem a ver com o seguinte: a Sr.ª Procuradora dá a ideia de que a sua conduta, mesmo em termos públicos, foi sempre totalmente correcta. Só lhe quero perguntar se é verdade ou mentira que o Sr. Procurador-Geral da República chamou-a para lhe dar uma reprimenda relativamente à notícia que veio na Público. É que constou…

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Qual notícia do Público?

O Sr. Eugénio Marinho (PSD): - A entrevista que V. Ex.ª deu ao Público. Se é verdade ou não, isso veio noticiado. Se é verdade ou mentira…

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Veio noticiado isso?

O Sr. Eugénio Marinho (PSD): - Eu já ouvi isso.

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Por acaso, não li…

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado.

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Por acaso, não li e o Sr. Procurador-Geral não me deu nenhuma reprimenda.

Uma voz não identificada: - Mas chamou-a lá?

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Não, não chamou! Eu é que pedi ao Sr. Procurador-Geral para me receber. Eu pedi ao Sr. Procurador-Geral para me receber, a iniciativa foi minha.