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II SÉRIE-D — NÚMERO 12

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numa situação de crise, admitindo que, inicialmente, não tivera noção de que o impacto seria tão grande, e

defendeu a manutenção do Parlamento em funcionamento como forma de fiscalizar o Governo e de dar o

exemplo de como seguir as normas sanitárias. Reconheceu a importância de ter o apoio de todos, reunindo e

trocando opiniões, admitindo que não toma decisões sozinha e que, perante esta crise, consultou os seus

antecessores para perceber o que foi feito durante a ocupação pela Alemanha, que foi o último período de crise

pelo qual passaram. Deu nota de que todas as medidas – encerramento das escolas, recolhimento obrigatório,

etc. – foram debatidas no Parlamento e de que acompanharam também o que estavam a fazer os outros

Parlamentos, adaptando ao seu contexto. Constatou que os setores onde há maior presença feminina são

trabalhos apreciados na sociedade, mas com menor visibilidade, levados a cabo mais por uma questão de

dedicação e não de dinheiro. Deu os exemplos da Nova Zelândia, Finlândia e Alemanha para afirmar a

importância da contribuição e visão femininas, uma vez que as mulheres atuam e negoceiam de forma diferente

dos homens, com mais empatia. Observando que os trabalhos desempenhados por mulheres são fundamentais

e que estas exercem as suas responsabilidades de forma exemplar, afirmou que importa debater no Parlamento

como é que esses setores podem ser alvo de reapreciação e expressou a sua esperança de que a pandemia

tenha sensibilizado as pessoas nesse sentido e de que todos possam sair mais fortes desta crise.

A Dr.ª Isabelle Loeb, Diretora Médica no Hospital St. Pierre, em Bruxelas, um hospital de referência no

combate à COVID-19 e a outras doenças infectocontagiosas, contou que passara toda a sua vida no hospital,

enquanto cirurgiã, professora, diretora médica, mulher, mãe e avó, explicando que se trata de um hospital de

proximidade, público e de dimensão média, sendo também um hospital universitário e de investigação. Notou

que, tradicionalmente, os cargos de responsabilidade eram maioritariamente assumidos por homens, mas que

atualmente o paradigma estava a mudar. Partilhou os momentos vividos com a pandemia, referindo o caos que

foi a contabilização de máscaras e de stocks e a necessidade de alterar procedimentos para fazer face à

afluência de doentes e à carga de trabalho. Explicou que a reorganização e a antecipação de acontecimentos

foram ferramentas úteis para enfrentar a pandemia, tendo sido criado um comité de gestão de crise, e que fora

incrível o esforço de enfermeiras, auxiliares, pessoal da morgue, da cozinha e de tantos outos serviços, os quais

se apoiaram mutuamente, sem contar horas de trabalho, desempenhando funções diferentes das suas. Referiu

ainda as manifestações de ajuda que chegaram do exterior, nomeadamente as doações de empresas, e o quão

a comunicação fora fundamental para atravessar a crise, permitindo fazer o ponto de situação preciso e objetivo

e dando nota de que existiu uma equipa sempre a filmar para registar as situações excecionais vividas. Notou

que a maior parte dos profissionais ficará com sequelas a nível psicológico, principalmente por não ter sido

possível impedir certas desgraças, e que muitas vezes só foi possível manter o ânimo graças à solidariedade.

Observou que a crise fez crescer a inquietação quanto ao futuro dos hospitais e que importa estabelecer

protocolos para fazer face a novas ondas de epidemia, considerando ser necessário repensar a profissão e

reconhecer como as mulheres são um pilar fundamental do setor da saúde. Rematou, concluindo que não se

enganou na escolha da sua profissão e que a saúde deve continuar a ser uma prioridade dos governos nacionais

e da União Europeia.

Kristel Krustuuk, apresentou-se como mulher, da Estónia, mãe de dois filhos, membro ativo no

encorajamento de jovens empresárias, fundadora e chefe de testes da empresa Testlio, explicando que a sua

empresa criou um sistema de testes em rede e que tem capacidade remota de testagem universal, contando

com clientes em todo o mundo e uma rede de mais de 100 freelancers em diferentes países, a trabalhar a partir

de onde quiserem. Confessou que sempre sonhou grande, mas tinha medo de fracassar, relatando que a

empresa havia crescido muito nos últimos 8 anos e que sentiu um grande esforço de todos para enfrentar a

crise, considerando que se trata de uma equipa diversificada e espalhada pelo mundo, mas unificada.

Reconheceu que é mais difícil para as mulheres crescer num mundo – o informático – dominado por homens e

que foi confrontada com muitas questões, em 2013, quando, sendo mulher, criou a sua empresa, reportando

que os dados revelam que o empreendedorismo é mais exigente para as mulheres e que há um longo caminho

a percorrer para chegar a um mundo mais equilibrado, onde as mulheres podem desempenhar de forma mais

simplificada os diferentes papéis que assumem no seu dia a dia. Transmitiu que a diversidade, a inclusão e a

multiculturalidade são valores importantes para a sua empresa, considerando ser importante que as jovens

mulheres tenham o exemplo de uma empresa fundada por uma mulher e que se pauta por uma consciência

social orientada para a construção de um mundo mais equitativo. Em jeito de conclusão, lembrou que cada um