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II SÉRIE-D — NÚMERO 6

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Acrescentou que é importante também internalizar a nova narrativa do sul global que desempenha um papel na

região, tratando-se de um grupo de países muito heterogéneos, mas cada vez mais transacionais e assertivos:

querem ser rule makers and not rule takers. Neste contexto, referiu o papel dos BRIC como liderante, destacando

países como a Arábia Saudita, o Qatar, o Irão como atores relevantes nesta região.

No que diz respeito aos objetivos, notou que a UE tem sempre priorizado a mitigação da insegurança e

instabilidade, salvaguardando os interesses económicos e comerciais da União.

Referiu que tem sido difícil manter a unidade dos Estados-Membros em várias áreas, destacando que a

próxima Comissão Europeia deverá dar um sinal forte aos parceiros do sul de que continuam a ser importantes,

apesar da predominância que tem tido o apoio à Ucrânia. Além disso, identificou como desafios para aquela

unidade dos Estados-Membros:

– O reforço do papel da UE como fornecedor de segurança na região;

– A implementação da estratégia da UE para o Golfo, nomeadamente com a celebração de acordos

estratégicos;

– Envolvimento ativo com a sociedade civil, travando a «batalha das narrativas»;

– Desenvolvimento de ferramentas como o memorando com a Tunísia, a parceria com o Egito, apostando

em acordos feitos à medida e não num acordo-quadro genérico que sirva como modelo de relacionamento

com países que são muito diferentes.

Referindo-se à crise em Gaza, destacou que já passaram oito meses desde o seu início e que o dia 7 de

outubro foi um choque para Israel e para o mundo. Assinalou, aludindo à posição do Alto Representante Josep

Borrell, que estamos também perante uma das maiores crises humanitárias da história recente, com numerosas

perdas civis. Neste contexto, deu particular importância ao relacionamento com o Irão, que considerou estar a

aproveitar esta crise para criar instabilidade na região.

Deu nota de que a UE tem respondido à crise humanitária, mas que se deve focar nas questões onde há

acordo entre os Estados-Membros, pois a imagem de divisão que estamos a projetar é aproveitada por outros

atores. Assim, a UE deve continuar a usar os instrumentos que são eficazes: o apoio humanitário, o diálogo com

os ministros do Golfo, bem como na relação com os EUA, pois é uma das poucas regiões do mundo onde os

EUA ainda são o único ator principal. O objetivo último é, concluiu, evitar uma guerra regional total, estabilizar a

vizinhança e manter os canais de diálogo diplomático com todos os atores, incluindo o Irão.

Margaritis Schinas interveio nesta fase para, numa abordagem realista, referir que não existe uma «Europa

diplomática» e que não devemos criar essa expectativa, pois gera mais frustração. Notou que o impacto da UE

faz-se sentir quando usa os recursos financeiros ao seu dispor, destacando os vários acordos bilaterais com a

Turquia, Marrocos, etc. Assim, a UE deve ser uma União de ação e não de grandes declarações diplomáticas

sem efeito concreto.

No debate que se seguiu, Giuliomaria Terzi di Sant'Agata usou da palavra para referir que a solução passa

por implementar a Resolução 2735 da Assembleia Geral das Nações Unidas e o plano de paz aí preconizado.

Frank Breznik, Presidente da Comissão de Assuntos Europeus da Assembleia nacional eslovena, interveio

para questionar se estaremos perante uma nova guerra fria, face à polarização cada vez mais acentuada entre

os países que defendem uma ordem multilateral baseada em regras e os que disputam essa narrativa.

No período de respostas, Hélène Le Gal considerou que são necessárias mais ferramentas ao nível da UE

no domínio da segurança e afirmou que, no que diz respeito ao Irão, são cada vez mais os Estados-Membros

que defendem uma posição mais dura da UE relativamente a este país.

(12h15 – 13h30) Migração na UE: desafios e oportunidades para a UE e para a região mediterrânica

em geral

O orador principal foi Notis Mitarachis, Deputado e antigo Ministro das Migrações e do Asilo da República

Helénica, que começou por se referir à migração como uma consequência dos desequilíbrios globais no atual

contexto geopolítico, mas enfatizando que a UE e os seus Estados-Membros não podem deixar que sejam os