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II SÉRIE-E — NÚMERO 4

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torrencial) e sementeiras, procurando a proteção do solo, aumento da infiltração e regulação hidrológica;

b) Numa segunda categoria inserem-se as intervenções realizadas no período entre 1 um a três anos após

o fogo, incluindo as ações mais comuns de reabilitação de ecossistemas e bacias hidrográficas florestadas;

c) Seguem-se as estratégias de restauração de longo prazo viradas para a melhoria da qualidade do

habitat, da produtividade e do aumento da resiliência a novas perturbações.

É precisamente à estabilização de emergência, pela sua importância estratégica na minimização dos

impactos dos fogos e na manutenção da capacidade de resiliência dos ecossistemas, que pretendemos dar

destaque neste Documento Técnico. Pretendemos incidir em ações e estudos publicados referentes ao

contexto da Península Ibérica, embora, por vezes, alargados à Região Mediterrânica. Incluímos igualmente

três casos de estudo resultantes de eventos recentes com um elevado significado ambiental e social.

2. EFEITOS DO FOGO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DO SOLO

A cor negra que apresenta o solo após o fogo deve-se à acumulação de cinzas e folhada parcialmente

consumida. A espessura da camada de cinza depende da severidade do fogo e é proporcional à matéria

orgânica consumida (Celis et al., 2013). Contudo, uma densa camada de cinzas oferece algum efeito inibidor

de erosão (De Luis, et al., 2003). Todavia, muitas outras propriedades do solo podem ser afetadas,

verificando-se frequentemente um aumento do pH e da condutividade elétrica (esta devido à mineralização da

matéria orgânica), afetando a capacidade enzimática do solo (Barreiro et al., 2013; Pereira, 2018). Segundo

estes autores, à superfície podem atingir-se temperaturas de 500-800º C, até mesmo de 1440º C, mas como o

solo é mau condutor a diminuição da temperatura em profundidade é muito acentuada a níveis inferiores aos 5

cm de profundidade.

Na Figura 1 encontra-se um diagrama ilustrativo dos fenómenos associados com a sequência em cascata

da alteração dos componentes do solo como resultado dum fogo que ocasiona um elevado aumento da

temperatura à superfície.

Figura 1. Efeito cascata na química do solo como consequência do fogo (adaptado de Úbeda & Outeiro, 2008).