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12 DE DEZEMBRO DE 2019

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Índice

1. O problema

2. Estado do conhecimento

2.1 – As faixas de gestão de combustível

2.1.1 – No espaço florestal

2.1.2 – Na interface entre o espaço rural e urbanizações ou edificações individuais

2.2 – Os mosaicos de gestão de combustível

3. Conclusão e recomendações

Referências

1. O problema

É quase universal a tendência para concentrar a gestão do fogo em atividades de prontidão (pré-

supressão) e, principalmente, de resposta (supressão) aos incêndios, esquecendo a redução do risco. Este

desequilíbrio pode ter êxito no curto a médio prazo, traduzindo-se em menor área ardida. Porém, altera

gradualmente a distribuição da dimensão dos incêndios, que se tornam potencialmente maiores. Uma política

centrada na supressão do fogo gera espaços florestais mais contínuos e homogéneos e onde o combustível

florestal se acumula até níveis que comprometem a efetividade e segurança das operações de combate,

independentemente da capacidade e quantidade de meios disponíveis. Este efeito colateral, conhecido como o

paradoxo da extinção ou firefighting trap [1], é notório sob condições pirometeorológicas mais severas e é

agravado e atua em sinergia com as alterações climáticas em curso [2,3].

A política nacional de DFCI dá particular relevo ao controlo de ignições. Contudo, o impacto da redução do

número de ignições na área ardida é insuficiente, uma vez que a respetiva influência é muito inferior à das

condições meteorológicas [4] e porque os maiores incêndios estão associados a territórios com baixa

densidade de ignições, as quais se concentram onde a fragmentação do espaço florestal impede grandes

incêndios [5].

As limitações das estratégias atrás descritas evidenciam que intervir no território e na vegetação (o

combustível) constitui uma componente fundamental da gestão do fogo. Num determinado cenário

meteorológico e de configuração do terreno, a gestão do combustível florestal por remoção ou modificação

estrutural resulta em menor velocidade e intensidade (energia libertada) da propagação do fogo, naturalmente

facilitando e aumentando a probabilidade de sucesso das operações de contenção e extinção, com diminuição

da área ardida e dos impactes ambientais e socioeconómicos.

O porquê da necessidade de reduzir a combustibilidade do espaço florestal nacional é óbvio, mas é

importante perceber como, quanto e onde o fazer de forma a otimizar os resultados obtidos.

2. Estado do conhecimento

A gestão de combustíveis é usualmente segmentada de acordo com duas estratégias espaciais distintas:

1. Redução ou modificação linear do combustível na forma de faixas de gestão de combustível (FGC),

incluindo a variante faixas de interrupção de combustível (FIC), ou de faixas «verdes» com baixa

combustibilidade. Esta abordagem visa isolar ou compartimentar o espaço florestal ou a interface urbano-rural

e traduz-se nas redes primária, secundária e terciária em uso na terminologia e regulamentação nacionais;

2. Redução ou modificação do combustível em área a fim de constituir um mosaico diversificado de

combustibilidade na paisagem. Em sentido lato, o mosaico resulta também da alternância de usos do solo ou

tipos de vegetação, que pode ser fomentada por conversão para vegetação de menor combustibilidade,

nomeadamente floresta caducifólia; e da gestão florestal, por exemplo através do ciclo de exploração (cortes).