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os trabalhadores e para os mais carenciados, e ninguém a defende. Os senhores fazem-no porque defendem a parte do interesse dos rendimentos de capital. Estão no vosso papel, mas não queiram mistificar isto com o discurso de que País não pode, porque o País não pode para uns, mas pode para outros! O problema é sempre esse: há dois pesos e duas medidas.
Quanto ao segundo grupo de questões, Sr. Deputado, eu não sabia que agora era contra o capital estrangeiro em Portugal, uma vez que está contra a empresa multinacional Bombardier, que está nas antigas instalações da Sorefame, utilizando o know-how, o saber fazer dos trabalhadores da Sorefame, que pertenciam ao sector da metalomecânica pesada e que os senhores foram destruindo com a vossa política. Destruímos, em Portugal, com sucessivas políticas, o sector da metalomecânica pesada: foi privatizado, foi destruído, pura e simplesmente, e perdemos um sector estratégico para a economia do País.
O que ficou da Sorefame foi comprado pela Bombardier. Essa empresa, que está instalada nas instalações da antiga Sorefame, utiliza o know-how português - o saber fazer dos seus trabalhadores -, a tecnologia que a grande empresa Sorefame tinha. E o que se passa, Sr. Deputado, é que vamos ter de comprar carruagens para a CP, para o Metropolitano e para o metro ligeiro do Porto e se essas empresas não exercerem o direito de opção para as produzirem na indústria nacional o seu fornecimento vai ser submetido a concurso público, onde vão participar outras empresas multinacionais.
É por isso que não basta ir a Espanha, Sr. Deputado, fazer discursos junto das autoridades espanholas nos quais se diz que, em Espanha, o governo espanhol cria dificuldades ao investimento de empresas estrangeiras portuguesas porque defende as empresas nacionais; esse discurso é importante, mas também é importante que, em Portugal, todos os poderes públicos intervenham no sentido de defender os interesses da indústria nacional, do nosso aparelho produtivo e dos nossos postos de trabalho.
Isso faz-se, neste caso, criando condições para que o Metropolitano de Lisboa, o metro ligeiro do Porto e a CP usem os direitos de opção para entregar as encomendas das carruagens que têm de comprar a uma empresa que está instalada em território nacional, com o know-how nacional e que emprega milhares de trabalhadores, e não tenham de ir comprá-las à Alemanha! É uma questão de opção, Sr. Deputado, e muito me surpreende que o Sr. Deputado não esteja de acordo e considere preferível que o Governo entregue isso a uma empresa estrangeira, exportando divisas ou até com o desequilíbrio da nossa balança de pagamentos!
Não percebo esse raciocínio, Sr. Deputado, a não ser que estejam em causa outros interesses que não os da indústria nacional, os do aparelho produtivo nacional e os dos trabalhadores, da criação de emprego e da defesa do posto de trabalho.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, neste momento, inscreveu-se o Sr. Deputado Pinho Cardão.
Tem a palavra o Sr. Francisco Louçã.

O Sr. Francisco Louçã (BE): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, a discussão já vai longa e eu serei resumido, tanto mais que creio que se obteve um esclarecimento genérico que contribuirá para as votações seguintes.
Registei que das intervenções do Sr. Deputado Pinho Cardão e Duarte Pacheco há uma atitude de dor: estão condoídos por não serem elogiados pela oposição. É claro que seria sempre mais confortável chegar aqui e ter a maioria, que, enfim, diz sempre o que diz, e uma oposição "aplaudinte". Seria simpático que assim fosse.
Aliás, repare que o critério que a oposição aplica, pelo menos no nosso caso e, certamente, no caso de outros, é o de aprovarmos aquilo que nos apraz e o de nos opormos àquilo que nos contradiz.
Aprovámos com muito entusiasmo a cativação de 20% das verbas da Lei de Programação Militar, por exemplo, porque considerámos que era uma boa medida de contenção orçamental e de gestão prudencial - aí teve um sinal do que é uma oposição.
Contudo, o problema não é tanto o da contradição que tem aqui, mas é mais o facto de estar confortado, em primeiro lugar com factos, e, em segundo lugar, com posições.
Um facto deste debate é que a maioria aceita, não contesta, não contradiz, que não há um aumento de 6% das pensões no próximo ano. Fez umas contas, que confirmaram, obviamente - não poderia ser de outra forma, não nos iria mentir a esse respeito -, que não há um aumento de 6% das pensões e que 4% anual, mais 2% semestral não são 6%, nem em Portugal, nem no reino da Dinamarca. Portanto, ficámos entendidos sobre isso; ainda bem que estamos de acordo.
As pessoas que nos ouvem, as pessoas que sabem o que é a política concreta sobre a segurança social, percebem que houve, no mínimo, um doce equívoco do Primeiro-Ministro, que, enlevado pelos números, estava errado.
Mas, em segundo lugar, as contradições são com apoiantes. Vítor Constâncio publicou, hoje, um relatório do Banco de Portugal, o relatório trimestral do Banco de Portugal, referente a Setembro, que dá uma visão completamente diferente da política seguida ao longo de 2003 daquela que o Governo tinha anunciado até hoje e daquela que os números permitiam supor, no conjunto do País, porque admite uma redução do produto de 1,5%, constata que há 5% de défice orçamental e que, se as contas forem estas, e são confirmadas pelas contas da execução orçamental publicadas ontem pelo Governo, então, não basta o acordo com o Citigroup mais a absorção do fundo de pensões para resolver os 2,944% que o Governo prometeu para o défice.
Portanto, esta é a situação e é por isso que a discussão que estamos aqui a ter tem algum relevo.
No entanto, numa coisa os Srs. Deputados têm razão: será no final do mandato - senão antes, mas, pelo menos, nessa altura - que será avaliado, politicamente, em votação, o que se passou. E o que se passou foi que as pensões mais baixas do regime contributivo se cifrarão em 43 000$, se as promessas do pós-campanha eleitoral forem cumpridas, e já não falo das promessas da campanha eleitoral, porque trata-se de um facto arrumado, uma vez que não foi isso que foi dito nas feiras da campanha eleitoral. E esses 43 000$ são a medida exacta da diferença entre a situação da vida dessas pessoas, se lá chegarmos, e aquilo que foi prometido.
Portanto, desse ponto de vista, muitas pessoas perguntar-se-ão: como é que um país que constrói tão depressa os estádios de futebol - mas que não consegue construir a "Casa da Música"! -, não consegue, no entanto, ter um investimento social senão de suporte perante a