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240II SERIE — NUMERO 11—RC

o Sr. Presidente (Rui Machete): — Srs. Deputados,temos quorum, pelo que está aberta a reuni

ão.

Eram 10 horas e 40 minutos.

Comeco por recordar a todos que vamos discutir o ar

tigo 37.°Tern a palavra 0 Sr. Deputado Costa Andra

de.

O Sr. Costa Andrade (PSD): — Sr. Presidente, queria

colocar uma questAo prévia que tern a ver corna metodo

logia dos trabaihos.São por demais conhecidas as circunstânci

as que con

dicionam o trabaiho desta Comissäo, que nos confrontarn

corn a questao incontornável sobre o sentidoe a utilidade

da sua continuação nos termos em que vernsendo em

preendido.Não será arriscado acreditar que a revisäo c

onstitucio

nal que temos no horizonte se perfila extremamente corn

plexa e morosa. As anteriores revisöes ordinárias daCons

tituição incidirarn privilegiadamente sobre dispositivos ou

instituiçöes que brigavarn abertarnente corn asexigências

basilares de urna lei fundamental prOpria de urna socie

dade dernocrética organizada em Estado de direito. Trata

va-se então, fundamentalmente, de pôr termo a figura original e anOmala do Conseiho da RevolucAo e de

superar

a ultrapassada cristalizaçao ideolOgica da irreversibilidade

das nacionalizaçoes, nurn caso e noutro, temasfacilmente

referenciáveis e susceptfveis de estimular consensos entre

Os partidos dernocráticos. Mesmo assim, sOfoi possivel

levar a born termo os processos de revisão a custa de exigente diélogo travado entre as direcçôes do PSD

e do PS,

como complemento necessrio do trabaiho daComissão

Eventual para a Revisão Constitucional.

0 quadro 6, hoje, completamente outro. Por urn lado,

temos pela frente o estirnulante desafio de, pelavia da

revisão constitucional, aperfeiçoarrnos o sistema das nos

sas instituicöes democréticas, tanto no que toca a legiti

maçao dtico-polftica corno no que respeita a regularidadee eficácia do sen funcionaniento. Os difere

ntes, e nurne

rosos — 14 —, projectos de lei de revisão constitucional

confrontam-nos corn uma plOtora de propostas e contra

propostas para que ninguém tern, prontas a adiantar, res

postas preparadas, ou de adesão e aceitaçäo irnediata, como

se por elas passasse necessariamente a essência dademo

cracia, ou de rejeicão liniinar, como se elas trouxessem

estampado no rosto o estigma do absurdo ou do totalitá

rio. Torna-se, assim, claro que a revisAo constitucional em

curso ire reclamar de todos o mais generoso empenha

mento, tanto pam oferecer como para aceitai aforça do

meihor argurnento na procura dos indispensáveis pontos

de encontro e de consenso.Neste contexto, nada mais errado do que a pr

etensão

de adiantar e iinpor, unilateral e arbitrariamente, soluçöes

on manifestaçoes mais ou menos larvadas de coacçãocomo

as que terão sido protagonizadas nos chamados c

Gerais>> pelo secretário-geral do PS, do gOnero <

tam as nossas propostas de reforma do sistemapolitico ou

abandonarernos os trabaihos da Cornissão>>, nina postura

que denota seguramente nina indisfarçável falta de expe

riência sobre o que 6 tuna revisão constitucional.

Por outro lado, a Cornissão Eventual para aRevisão

Constitucional está vinculada, por superior deliberacao da.

Assembleia da Reptiblica, a acabar os seus trabaihos no

prazo de três meses, urn prazo que, importa recordá-lo, foi

iniposto sobretudo por forca de exigências nessesentido

feitas pelo PS.

Ora, dados os consabidos constrangmrnentos de tempo,

épara nOs — e será, seguramente, para todos — inequivoco

que, também desta vez e, sobretudo, desta vez, não epossfvel conflar apenas no trabaiho da Comissão Eventual

pam vencer as dificuldades. Tudo, pelo contrário, aponta

pam a urgência de urn clialogo simultâneo entre as direc

çöes dos partidos politicos envolvidos, nomeadamente do

PSD e do PS.NAo he alternativa válida a pretender-se, corn seriedade,

levar a cabo a revisão em tempo titil. Se chividas pudes

sern subsistir, elas seriam rapidarnente dissipadas a vistada experiência de mais de urn mês de trabaiho da Cornis

são Eventual pam a Revisão Constitucional, o que permute

antecipar que a este ritmo, quando se atingir o termo do

prazo consignado, apenas se terá procedido a primeiraleitura de uma parte Infima das propostas em debate, o

que colocaria a Assembleia da Reptiblica na situacao in

cómoda de, pela prirneira vez, não conseguir terminar urn

processo de revisão constitucional, o que, per sobrecobrir

de desprestfgio a instituição parlamentar, frustraria o de

sIgnio nacional de, pela via da revisão, ultrapassar os iiul

timos obstáculos a afirmaçAo plena da democracia e aprossecucão das metas de progresso e modernidad

e.

Consciente do quadro que fica exposto, logo no micio do processo de revisão tornou o presidente do Gr

upo

Parlamentar do PSD a iniciativa de propor encontros corn

as direcçOes dos restantes grupos parlamentares. A pro

posta de diálogo viria a ser retomada como resposta as

posiçöes entretanto assumidas pelo PS, designadamente

pelo seu secretário-geral, no âinbito dos Estados Gerais.

Fe-b corn a convicção de essa ser a inica e a ilitima

forma de vencer o nO gOrdio em que, deliberadamente,

O PS cobocara o processo da revisão. B que enquanto,

corn urna mao, lhe marcava urn prazo impossivel, corna

outra, e ao fechar-se ao diálogo, cortava-Ihe cerce todas

as hipOteses de êxito.Se houve partidos, como o CDS-PP, que manifestara

m

a sua disponibilidade para o diálogo, j6 o Grupo Parla

mentar do PS respondeu formal e negativamente as pro

postas. Fe-b corn argumentos que não se afiguram funda

dos, argumentos que, a serem pertinentes, lançariam a

sornbra da suspeição sobre a adequaçao e a correcção de

todos os anteriores processos de revisão, todos eles assen

tes em diábogo entre partidos, e que, a serem sinceros,

deotariam me consciência, rnesrno arrependimento, doPS

pela postura e conduta naqueles processes e que, a serum

conturnaz e consequenternente assumidos, inviabilizarao em

definitivo o sucesso da revisão e deixarão a descoberto a

falta de seriedade e autenticidade dos protestos, apesar de

tudo repetidos, de empenhamento no seu Cxito.

Mesmo nao convencidos das razöes que assistem ao PS

para recusar o diálogo, näo podemos, em qualquer caso,

ultrapassar o facto da recusa. Neste contexto, os Deputados

do PSD sO antevêm uma possibilidade de, apesar de tudo,

salvar e levar o processo de revisão constitucional em

curso: impedir que se consuma o esgotamento do prazo

previamente definido sem se atingirem as conclusöes. Tal

sO pode ocorrer pela via da suspensao do seu decursoate

ao memento em que, ao bongo cia presente legislatura, se

verifiquem condicães de trabaiho citil.

E neste sentido que o Grupo Parlainentar do PSD apre

sentará no Plenário uma proposta, fundamentada, dedeli

beracão. 0 PSD fica a espera que o ps, a semelhança doque fez já o CDS-PP e a sernelhança do que o PS fez em1982, em 1989 e em 1992, abandone a sua recusa

obsti

nada ao diálogo e perinita tornar aqueles trabaihos titeis,