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SEPARATA — NÚMERO 33

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presentismo (€272 mil milhões), os custos da perda de produtividade (€242 mil milhões), os custos para o

sistema de saúde (€63 mil milhões) e os custos com subsídios da Segurança Social (€39 mil milhões).3

Na Europa cerca de 25% dos trabalhadores reporta que o trabalho afeta a sua Saúde negativamente (EU-

OSHA & Eurofound, 2014).4 De acordo com o EU Labour Force Survey (1999-2007) 55,6 milhões de

trabalhadores europeus reportaram que o seu bem-estar mental foi afetado pela exposição a riscos

psicossociais.

Neste sentido, sabendo que em Portugal 1 em cada 5 portugueses têm um problema de saúde psicológica

é inevitável que a maior parte das organizações empregue trabalhadores que experienciam este tipo de

problemas.

Não podemos ignorar que de acordo com dados do relatório do Conselho Nacional de Saúde dedicado à

saúde mental, em 2018, compraram-se mais de 10 milhões de embalagens de ansiolíticos e quase nove milhões

no caso de antidepressivos. Dos 29 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

(OCDE) analisados, Portugal é o quinto com maior consumo de antidepressivos, com 8,8 milhões de

embalagens compradas no ano passado. Em relação a países como Holanda, Itália e Eslováquia, a taxa de

consumo portuguesa é o dobro.

Ainda, de acordo com dados divulgados pelo Infarmed, de janeiro a março deste ano foram vendidas 2 664

414 embalagens de medicamentos da categoria dos ansiolíticos, sedativos e hipnóticos, e 2 262 530

embalagens da categoria dos antidepressivos, num total de 5 277 144 embalagens, o que representa mais 433

214 embalagens do que no mesmo período homólogo de 2019.

Podemos dar ainda o exemplo do stresse no trabalho, ou stresse ocupacional, que ocorre quando alguém

sente que as exigências do seu papel profissional são maiores do que as suas capacidades e recursos para

realizar o trabalho.

Falamos de situações como ter demasiadas tarefas para realizar num curto espaço de tempo ou não ter nada

para fazer; trabalhar por turnos; ter pouco controlo sobre as tarefas e a forma de as realizar; trabalhar com más

condições – muito barulho, pouca luz, equipamento ou mobiliário desadequado ou perigoso; sentir pouco apoio

por parte gestão ou ter conflitos com os superiores hierárquicos; antecipar poucas expectativas de crescimento,

promoção ou aumento de salário; ter medo de ser despedido; dificuldade em equilibrar a vida profissional com

a vida familiar ou más relações com os colegas de trabalho.

O stresse ocupacional explica mais de metade das faltas ao trabalho e é o segundo problema de saúde

relacionado com o trabalho mais reportado na Europa, afetando quase 1 em cada 3 trabalhadores.

De acordo com o Eurobarometer (2014) o stresse laboral é considerado o principal risco psicossocial, sendo

indicado por 53% dos trabalhadores europeus.5

Um estudo publicado em 2013 – European Opinion Poll on Occupational Safety and Health – revela que

«Portugal está classificado como o terceiro país europeu com a maior proporção de trabalhadores que diz que

o stresse relacionado com o trabalho é ‘muito comum’ (28%), quase o dobro da média na Europa (16%)».6

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que as perdas de qualidade, absentismo e turnover

resultante do stresse no trabalho variam entre 3 a 4% do PIB nos países industrializados.

Os problemas de saúde psicológica e do stresse ocupacional possuem vários efeitos adversos,

nomeadamente a diminuição da motivação, desempenho e produtividade, do compromisso dos colaboradores

com a organização e o trabalho e da imagem e reputação positiva da organização; o aumento do absentismo,

presentismo e dos custos da saúde; bem como o aumento dos conflitos de trabalho, dos acidentes por erro

humano e da rotatividade dos colaboradores e intenção de sair da organização.

Em 2014, a Ordem dos Psicólogos Portugueses procurou estimar o custo dos Problemas de Saúde

Psicológica no Trabalho7, concluindo que, em Portugal:

3 Cfr. World Federation of Mental Health (2017). Mental Health in the Workplace (pode ser consultado em https://wfmh.global/wp-content/uploads/2017-wmhd-report-english.pdf) 4 Cfr. EU-OSHA & Eurofound (2014). Psychosocial risks in Europe – Prevalence and strategies for prevention (pode ser consultado em https://osha.europa.eu/en/publications/psychosocial-risks-europe-prevalence-and-strategies-prevention) 5 Cfr. Working conditions: new survey reveals deterioration and wide disparities in worker satisfaction, European Commission (pode ser consultado em https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/IP_14_467) 6 Cfr. Pan-European opinion poll on occupational safety and health, from European Agency for Safety and Health at Work – EU-OSHA, 2013 (pode ser consultado em https://osha.europa.eu/pt/facts-and-figures/european-opinion-polls-safety-and-health-work/european-opinion-poll-occupational-safety-and-health-2013) 7 Cfr. Os custos dos Problemas de Saúde Psicológica no Trabalho, Ordem dos Psicólogos, junho de 2014 (pode ser consultado em http://recursos.ordemdospsicologos.pt/files/artigos/custo_dos_prob_sp_no_trabalho.pdf)