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Sessão de 19 de Maio de 1926

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Não é fácil de um momento para o outro deininuir o pessoal dos quadros; pode isso' fazer-se numa reorganização e progressivamente, mas, por uma simples mudança orçamental, evitar essas despesas é que não.

Agora esta verba passa de 4:500 contos para 4:000; necessariamente mais tarde terá fatalmente de se recorrer ao reforço de verba para pagar a essas praças.

Dessa opinião foi o Sr. Ministro da Guerra, segundo consta do Boletim Oficial da Câmara dos Deputados, e estou certo que S. Ex.a tinha razão quando afirmou que necessitava dessa verba; no emtanto terei de mandar para a Mesa uma emenda a fim de que seja mantido o que está na proposta ministerial.

A outra emenda é a que diz respeito a médicos e dentistas civis contratados.

•Quero crer que se pudessem dispensar os dentistas que em outros tempos não existiam, mas já o mesmo não sucede com o médico.

Ora, tanto as unidades de tropas como os hospitais não podem estar sem médicos e o chamamento de. médicos civis é uma consequência da deficiência em número de médicos militares. Não me parece, portanto, que essa redução se possa fazer.

Como ela, porém, não vai além de l/s da verba proposta, não proporei nenhuma rectificação.

É aprovado o capitulo 1.° salvas as emendas hoje apresentadas.

Entra em discussão o capítulo 2.° com as alterações introduzidas pela comissão de orçamento do Senado.

O Sr. Ferreira de Simas:—No capítulo 2.° encontram-se discriminadas diversas verbas.

Uma cousa interessante seria saber se realmente estas duas verbas correspondem, ao resultado que delas se devia esperar.

Já na sessão passada o Sr. relator se referiu aos serviços de inspecção dizendo que era grande o número de mancebos rejeitados por incapacidade física. Dei-me ao trabalho de compulsar as estatísticas oficiais referentes ao ano de 1921 e respigo de lá os seguintes" números que não deixam de ser interessantes:

Para Lisboa, nuni bairro, o número de mancebos julgados incapazes é de 54 por

cento, noutro bairro é de 70 por cento; em Yia?ja do Castelo é de 80 por cento; no Porto, de 60 por cento, e em Miran-dela de 40 por cento, etc/ . Isto dá uma média de 51 por cento.

Neste ano consegui obter os seguintes números relativos a mancebos isentos por incapacidade física:

O número total de inspeccionados foi de 147:841 mancebos e o número de isentos foi de 76:521, mas, depois da inspecção, foram isentos nos hospitais, depois de terem sentado praça, 1:633, o que dá uma percentagem, pouco mais ou menos, de 53 por cento.

Li o outro dia numa revista de educação física que a França estava alarmada com o número de mancebos isentos, que atingia 51 por cento.

Esse artigo era escrito por um conhecido apóstolo da educação física, o comandante Herber, que intitulava o seu artigo «Um grito de alarme».

Já nas inspecções feitas na Escola Militar é rejeitado um grande número de mancebos que ali aparecem para fazer os seus cursos.

£ Será, na realidade, por favoritismo, como para aí se afirma surdamente'?

Eu quero crer que esta última hipótese não tem razão de ser. '

Mas. em regra, aparece-nos 50 a 60 por cento de mancebos julgados incapazes.

Durante a guerra os americanos reconheceram que o número de isentos era' também muito grande; trataram de procurar a origem e foram às escolas, e, apesar do grande cuidado que eles têm na assistência infantil, reconheceram que de 2.000:000 de crianças em idade escolar que foram examinadas 1.000:000 estavam tuberculosas e o restante milhão estavam em condições de fraqueza.

Do que se passou então no nosso País não posso fazer idea, mas deve ser uma cousa tremenda, e assim se justificará que nas juntas de recrutamento se acuse este número verdadeiramente espantoso de jã3 por cento.