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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Mando tambem a seguinte nota de interpellação ao sr. ministro da marinha:

(Leu.)

Espero que v. ex.ª dará a este documento o devido destino.

É muito provavel que, pelo pouco tempo que o parlamento (em de funccionar, não possam vir estes esclarecimentos que peço, a fim de eu poder realisar a minha interpellação, e tambem é provavel que o sr. ministro não tenha na sua secretaria todos os documentos que eu exijo; entretanto póde ser que elles lá existam, e que venham ainda em occasião de eu poder realisar a minha interpellação.

Em todo o caso, se eu a não poder realisar agora, realisal-a-hei para o anno, se eu cá vier, e se não vier, alguem me fará o obsequio de se encarregar d'este assumpto.

O sr. J. J. Alves: — Mando para a mesa um requerimento da sr.ª D. Maria Adelaide Albuquerque e Castro, em que pede para receber a pensão que pertencia a sua mãe, e que deixa do receber actualmente.

Este requerimento vem acompanhado de todos os documentos com que a requerente julga poder comprovar as circumstancias desfavoraveis em que se acha, e a justiça que tem pela sua parte.

Apresento tambem outro requerimento da sr.ª D. Maria da Luz Madeira, filha de Antonio Baptista da Luz Madeira, a qual, me parece, já fez no anuo passado requerimento identico a este para obter uma, pensão.

A requerente allegou da primeira vez, como agora, 03 serviços prestados por seu pae á causa da liberdade, e por isso parece-me tornar-se digna da consideração da camara.

Peço a v. ex.ª que dê a estes requerimentos o devido destino.

ORDEM DO DIA

Continuação da discussão do projecto n.º 47

O sr. Presidente: — Passa-se á ordem do dia. Continua a discussão do artigo 3.º do projecto n.º -17.

Tem a palavra o sr. Alves.

O sr. J. J. Alves: — Sr. presidente, eu não estava na sala hontem quando se discutia o artigo 1.°; apesar d'isso vi que alguns srs. deputados faliavam ainda sobre elle embora estivesse já votado, e por esse motivo tnrnbcm havia pedido a palavra quando se tratava do artigo 3.º que não tem relação com o assumpto de que quero fallar.

Desisto portanto agora da palavra, o peço a v. ex.ª que m'a reservo para quando se discutir o artigo 4.º

O sr. Pereira de Miranda,: — -Pedi a palavra para agradecer ao sr. ministro da fazenda a resposta que teve a bondade de me dar a algumas observações que fiz com relação ao projecto em geral, porque, como v. ex.ª sabe, só quando se tratava do artigo 3.º é que a camara deu pelo projecto em discussão.

Eu louvo o governo pela resolução do ter trazido á camara este projecto; porque effectivamente não ha nada mais inconveniente do que a pratica dos ultimos annos, ou começar obras que não estavam auctorisadas, obras do grande importancia, e em que se tem despendido capitães avultados.

Uma tal pratica causa graves embaraços o difficuldades á gerencia financeira.

Por consequencia, é sempre conveniente que todas estas obras, e sobretudo quando ellas tem tal importancia, sejam auctorisadas pelo parlamento para que elle saiba, as difficuldades que vae crear votando essas auctorisações o para que não tenha depois duvidas em crear as receitas necessarias para lhes fazer face.

Mas desejava chamar a attenção do sr. ministro da fazenda para algumas das verbas que vem indicadas n'este projecto.

Por exemplo: tratarei agora da verba de 48:000$000 réis destinados a continuar as obras do caes e pontes da alfandega do Lisboa.

Creio que o governo ha de ter tido informações officiaes sobre quaes as vantagens ou inconvenientes que se têem encontrado nas obras já construidas e nas quaes, segundo me consta, se despenderam grossas sommas sem correspondente proveito.

O nobre ministro poderá confirmar ou rectificar o que eu digo.

Nas obras até hoje feitas tem-se despendido sommas avultadíssimas, e essas obras não correspondem ao fim que se teve em vista.

As pontes do ferro que se construiram em frente da alfandega de Lisboa, não offerecem todas as condições de segurança; foi necessario até, segundo me consta, revestil-as, em parte, de. madeira para poderem assim resistir ao impulso das pequenas embarcações que. a ellas atracam, e por consequencia tomos de perder a esperança de poderem ali atracar as grandes embarcações, não correspondendo finalmente de modo algum aquella obra ao fim que se teve em vista.

Não sei se se elaborou o plano d´estas pontes e das outras obras, não sei se esse plano se tem cumprido ou se se introduziram n´elle modificações e se essas modificações foram approvadas pelas estações competentes; o meu fim é chamar a attenção do sr. ministro da fazenda para o modo de se applicar esta nova verba que vamos votar para aquellas obras, e se continuar a ser inutil e mesmo prejudicial ao serviço publico, quasi que vale mais a pena não as continuar.

Pelo que diz respeito á verba, para compra das propriedades da, camara municipal de Lisboa, effectivamente o illustre ministro da fazenda declarou que não podia prescindir d'esta auctorisação, por isso que a alfandega municipal não tem armazens sufficieníes para guardar os generos que vem destinados aquella casa, fiscal, e vê se na necessidade do conservar na rua, ao rigor do tempo, o vasilhame com o azeite e o vinho.

Dá se com effeito essa falla de armazens na alfandega municipal do Lisboa, mas com a auctorisação que votámos nada, se remedeia, porque 03 edificios que vão da alfandega de Lisboa até á alfandega municipal, que pertencem á camara municipal do Lisboa, o que se podem prestar á armazenagem do vasilhame do vinho e azeite, estão já occupados pela alfandega de Lisboa, emquanto que os restantes edificios da camara não podem servir para esse destino sem passarem por uma transformação completa, para o que se precisava do meios ainda mais valiosos do que os que nós agora vutâmos.

Alem d'isso o sr. visconde do Moreira de Rey fez unia objecção judiciosa e o governo achou tão justa a proposta apresentada por s. ex.ª que acceitou uma emenda n'osse sentido, e é que a camara não póde, a não se determinar expressamente n'essa lei, alienar essas propriedades senão pela lei da desainortisacão.

E eu pergunto se o producto da venda dVssas propriedades ha de ter a applicação determinada pela lei da desamortisação, ou se podemos marcar-me, como se pretende, uma applicação diversa, o que me parece pouco regular, o por ser isso da exclusiva competencia do municipio,

Fico por aqui, aguardando as explicações dadas pelo nobre ministro da fazenda.

O sr. Ministro da Fazenda. (Serpa Pimentel): — Sr. presidente, o illustre deputado pediu-me algumas explicações ácerca do projecto que se discute, e em primeiro logar em relação ás pontes da alfandega.

Infelizmente é verdade que as pontes construidas não produzem o resultado vantajoso que se esperava. Comtudo ellas foram feitas conformo os projectos approvados pelas estações technicas competentes.

Não é só n'este paiz que obras hydraulicas não correspondem ao fim que d'ellas se esperava. Por consequencia, não é em desabono dos nossos engenheiros que essas pontes não correspondam ao resultado que se desejava. E que não