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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

correspondem é um facto que eu não posso negar, o por isso é que sobretudo me empenho, não na continuação das pontes, mas na continuação do caes. E foi exactamente para a continuação do caes que consultei o director d'aquellas obras ácerca da despeza que deveria ser feita no anno futuro, e é essa que proponho.

Emquanto aos edificios da camara municipal que o governo vao adquirir, é verdade que uma parto já está occupada, par meio de aluguer, pela alfandega do Lisboa, mas na que resta ainda ha espaço que póde ser aproveitado para a alfandega municipal.

E por outro lado tambem é certo que em virtude de uma lei, que foi ha pouco tempo approvada na outra camara, o governo fica com dois armazens importantes na alfandega do Lisboa, e por consequencia poderá mesmo ceder já uma parte das casas occupadas por essa alfandega nos edificios da camara para ahi se poder acudir á necessidade mais urgente, que é recolher os generos da alfandega municipal, que por falta de armazens lêem estado espostos á intemperie das estações.

Emquanto ao modo de proceder á venda, pela acecitacão da proposta apresentada pelo sr. visconde de Moreira de Rey, parece-me que ficou esse negocio completamento regulado. No entretanto se for necessario tornal-o mais claro, não tenho duvida nenhuma.

Esta lei não foi apresentada senão com o fim de estabelecer um bom princio financeiro; o não faço questão, antes estou disposto a acceitar qualquer emenda que se queira inserir na lei a respeito do que se refere ao modo de offectuar a acquisição das propriedades da camara municipal.

Quanto a melhoramentos na cidade, parece me, que Lisboa tem necessidade urgentissima de muitos; mas o que entendo tambem é que esse assumpto poderá ser tratado em projecto de lei especial.

O sr.Francisco de Albuquerque: — Ainda não fiquei satisfeito com as explicações que hontem deu o sr. ministro da fazenda, ácerca da verba de 84:000$000 réis para os trabalhos do pesquiza o encanamento das aguas de Delias, por isso proponho que seja eliminada esta verba.

Mão ouvi apresentar outra rasão para, justificar esta verba senão a de que. iriamos deixar inutilisados, pelo menos em grande parte, os capitães empregados na pesquiza e encanamento das aguas de Bellas, e por consequencia que era impreterivel que se fossem gastar mais 84:000$000 réis para aproveitar a maior despeza já feita.

Primeiramente eu precisava que o illustre ministro dissesse a rasão por que é impreterivel gastar a verba de 84:000$000 réis n'uma obra util, em que o governo é exactamente aquelle, e por consequencia o paiz, que menos utilisa com ella?

Eu não quero censurar o governo, porque n'uma epocha do estiagem, o por consequencia de instante necessidade publica, gastou, embora sem auctorisação legal, uma quantia importante para abastecer Lisboa de agua; não quero censural-o por isso, posto que fosse mais regular ter pedido ao parlamento a precisa auctorisação; mas o que vejo é que nenhuma urgente necessidade publica justifica a proposta que o governo hoje apresenta. (Apoiados.)

No estado em que tomos as nossas finanças, parece-me que não devemos ir aggravar esse estado com mais esta verba do 81:000$000 réis, o por contcqucucia com o encargo permanente de 14.000$0O0 réis annuaes. Parece-mo que sem o governo ser propheta, sem prever que haverá uma estiagem no corrente anno, igual áquella que justifica a medida extraordinaria que tomou, procurando abastecer Lisboa de agua, não devia apresentar esta proposta. (Apoiados.)

Em ultima analyse cotos 81:000$000 réis parece-me que não redundam senão em directo e immediato proveito da companhia das aguas, (Apoiados.) e isto só emquanto não chega a Lisboa a agua do Alviella.

A rasão, apresentada pelo illustre ministro, do aproveitamento da despeza feita, não é procedente n'este_caso.

Se tratassemos de um caminho de ferro começado ou de uma estrada ordinaria em que fosse necessario, para não inutilisar a parte já feita, concluir o resto; se tratassemos da construcção de uma casa, que não se acabando, ficariam inutilisados os capitães empregados sem a casa ser destinada ao uso para que se pretendia construir, eu então estaria do accordo com o illustre ministro. Mas na questão sujeita não aconteco assim.

Creio que este dinheiro foi gasto em abertura de poços e tambem na expropriação de terrenos para essa abertura. Parece-me que esses poços continuam abertos e por consequencia o dinheiro empregado n'esta obra continua utilisado. (Apoiados.) Pois a agua adquirida não póde utilisar-se, como já se utilisou? Não se diga, pois, que ficam inutilisados os capitães empregados nas obras da pesquiza e encanamento das aguas de Bellas, não se gastando mais esta verba. A pesquiza das aguas é para adquirir mais, e o encanamento tem servido o servo e da companhia.

Nas circumstancias financeiras em que nos achamos, precisámos olhar um pouco mais para o futuro.

A companhia das aguas tem feito trabalhos importantes, tem gasto quantias valiosas no encanamento do Alviella, para abastecimento da capital.

Pois eu pergunto ao governo o que ficam valendo estes trabalhos, estas despezas, desde o momento em que a companhia consiga o seu desideratum de trazer á cidade as aguas do Alviella? Que pretende fazer o governo depois a estas aguas, que applicação têem depois os capitães que foram destinados a estas obras? Pois o governo não sabe que depois estas aguas de Bellas ficam quasi sem valor? Que quer o governo fazer a estas aguas?

O governo foz algum contrato com a companhia, de que a camara não saiba, em virtude do qual garanta a propriedade e uso das aguas que até hoje têem sido pesquizadas?

Eu não sei se o ha nem a camara o sabe. Era indispensavel que o houvesse; se acaso o governo não tem feito contrato com a companhia, a companhia está utilisando á custa do thesouro. Parece que sendo obrigada a companhia ao fornecimento das aguas é real monto um presente que se está fazendo á companhia, não digo isto com sentido de offender o sr. ministro da fazenda, porque tenho a maior consideração e estima, particular por s. ex.ª, mas é um presente que se dá á companhia. (Apoiados.)

Não acho rasão alguma, no estado da nossa situação financeira, que justifique estes 84:000$000 réis para estas obras, não em proveito do governo, mas em proveito da companhia, o pequeno porque é fomento até chegarem as aguas do Alviella, e depois fica uma despeza improductiva.

Eu entendo que a companhia das aguas é uma d'aquellas companhias que deve merecer a attenção dos poderes publicos, o por consequencia que me pareço que toda a equidade para com ella é bem acceita; mas acima d'esta consideração ha uma outra que devo ser considerada, em primeiro logar, são os interesses do thesouro.

Quem zela os interesses do paiz, e é procurador d´elles, deve preferir estes interesses ao beneficio do qualquer companhia. (Apoíados.)

Mando para a mesa a minha proposta.

O sr. Ministro da Fazenda: —O motivo por que o governo pede esta somma é porque segundo a opinião dos homens competentes, não sou eu que não sou engenheiro, o dinheiro que ali se. gastou ficava inutilisado se aquellas obras se não concluíssem.

O sr. Francisco de Albuquerque: — Esqueceu-me perguntar a v. ex.ª se houve algum orçamento feito para esta despeza.

O Orador: — Não se trata só de pesquiza, trata-se da

Sessão de 3 de abril de 1878