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950-B DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Aconselho-o a que mude de systema, porque ainda que eu deixe de vir aqui, terei muito prazer em deixar de entrar n'esta camara, se em virtude d'isso aquelles povos tiverem conseguido aquella estrada, que é a sua única aspiração.

Eu não trato de cousa alguma para mim, o que trato é dos beneficios do circulo, que tenho a satisfação de representar. Se trato bem ou mal, os meus eleitores é que o hão de apreciar.

Elles e só elles serão os juizes.

Se, em virtude do sr. ministro das obras publicas mudar de processo pelas minhas instancias, s. ex. conseguir que os eleitores, que desta vez votaram em mim, votem em R. cx.:l, ou na pessoa que s. exa. lhes recommendar, eu não tenho isento a felicitar-me, mas é necessario que tirem d'esse facto o competente resultado.

S. exa. podia lançar as suas vistas misericordiosas para aquelle cantinho do meu circulo, que é terra portuguesa e bem portugueza, como tem lançado para, outros pontos do paiz e mandar começar a construcção da estrada de Santa Catharina conforme as circumstancias do thesouro o permttirem; porque assim haverá esperança de que a estrada chegue a concluir-se, emquanto que, se a estrada não começar, aqueces povos imaginam que os poderes públicos se esquecem d'elles, e vivem numa permanente tristeza.

Se a estrada começar, os povos animar-se-hão com a esperança de que ella se venha a concluir num espaço mais ou menos breve. Siga o sr. Arouca o meu conselho, verá que se não ha de dar mal.

Emquanto s. exa. seguir os conselhos de alguns dos seus amigos, afigura-se-me que ha de levar uma vida attribuladissima e não gosará em paz o logar de ministro que s. exa. tanto ambicionava.

Isto de quem me avisa meu amigo é e um homem avisado valo por dois. Os amigos do sr. Arouca é que o hão de perder.

Vá n'isto que lhe digo.

Aquella região do concelho das Caldas é a mais populosa do concelho, e em virtude das difficuldades, de communicações, os povos vão por Alcobaça, Rio Maior e outros pontos mais distantes, perdendo com isso a villa das Caldas, que lhe fica a distancia muito menor.

O sr. ministro das obras publicas a fim de fazer uma pirraça aos povos do Bombarral, mandou suspender as ordens que tinha dado o seu antecessor e meu amigo o sr. Eduardo José Coelho para ser construída a avenida que vae da estação do caminho de ferro á estrada real, que a liga como povoação.

Já aqui disse que a construcção da avenida do BombarraL é importante para o caminho de ferro e para os povos.

O comboio chega ali de noite e os caminhos estão por tal forma deteriorados que no inverno é difficilimo haver accesso á estação.

De inverno é impossível lá chegar sem uma lanterna.

A despeza é pequena e o sr. Eduardo José Coelho tinha destinado a verba para á sua construcção.

Para outro assumpto desejo tambem chamar a attenção do sr. ministro das obras publicas. S. exa. sabe, que ao tomar conta da sua pasta se estava a construir um caes na doca de Peniche, para desembarque dos que labutam na perigosa vida do mar.

Chega o período eleitoral o s. exa. querendo ver se podia exercer pressão nos eleitores, mandou-lhes dizer que, ou haviam de votar com o governo ou as obras do caes paririam.

Os eleitores dignos e briosos desprezaram as ameaças o na o cederam.

O sr. ministro mandou logo parar as obras do caes, para que havia verba destinada, não tendo até hoje mandado recomeçal-as.

No estado de atravancamento em que está aquelle sitio, o desembarque é impossível effectuar-se, e não ha outro ponto onde o possam fazer.

Por aqui vê v. exa. e a camara, quanto urge remediar este estado de cousas, e a necessidade que ha, do sr. Arouca acabar de vez com os seus rancores.

O caes, antes das obras começarem, ainda podia permittir, é verdade que mal, o desembarque; porém como está, cercado o local de pedras, cantaria, cal, areia, etc. é absolutamente impossível permittir o trafego maritimo.

O sr. ministro das obras publicas devia ter a alma mais generosa e deitar o coração ao largo e dizer o que lá vae, lá vae, e não nos lembremos mais do passado.

Em vez de fazer isto, está provocando de dia para dia mais ódios, e malquerenças. Não imagine s. exa. que com isso me faz perder terreno, se tal se lhe metteu na cabeça engana-se.

Mas eu não trato de mim, trato do beneficio d'aquelles povos a quem estremeço e a quem dedico a mais viva affeição.

Portanto, o sr. ministro das obras publicas com dúzia e meia de centos de mil réis mandava fazer aquella obra. Eu não peço mais cousa nenhuma, porque não desejo ser muito exigente, o que peço é compatível com os recursos do thesouro.

S. exa. tem feito obras grandiosas em vários pontos do paiz e não é muito que lance as suas vistas misericordiosas para aquelle circulo.

Não faça s. exa. suppor aos povos que elles deixaram de pertencer ao resto do paiz o só pertencem para pagar as contribuições.

Agora desejo chamar a attenção de s. exa. para outro assumpto grave, e quero mostrar que, emquanto alguns pontos do paiz estão completamente desprezados, em outros se tem feito despezas, que a lei não permitte.

Refiro-me ao concelho da Azambuja.

Eu vou referir á camara os factos graves e serios que se têem passado e estão passando em Azambuja, onde o sr. Aronca despende sem lei os dinheiros publicos para favorecer os amigos.

S. exa., creio que tem propriedades n'aquelle concelho em Alcoentre e por isso cumpre o ditado do pão do nosso compadre grossa fatia ao nosso afilhado. Os amigos primeiro que tudo.

S. exa. tem derramado ali com profusão as libras com que o sr. ministro da fazenda dizia, não se regarem hoje o paiz, e os meus collegas da maioria hão de ficar admirados como o sr. ministro das obras publicas tem sido tão largo para aquellas localidades deixando outras no olvido.

Ha de acontecer muitas vezes aos meus collegas da maioria, irem pedir melhoramentos para o seu circulo, e o sr. ministro das obras publicas ha de responder-lhes que não se podem fazer por ora esses melhoramentos porque não ha dinheiro.

Quando o sr. A rouca lhe deve esta resposta, digam-lhe que não gastasse na Azambuja fazendo obras municipaes á custa do thesouro.

Eu já tenho a experiencia disso.

Muitas vezes pedi melhoramentos para o meu circulo e o sr. ministro das obras publicas respondia me que não tinha dinheiro porque as verbas estavam esgotadas.

E o que ha do acontecer agora aos meus collegas da maioria.

Quando isso lhe acontecer, recordem ao sr. ministro os esbanjamentos da Azambuja, onde o sr. ministro gasta á larga.

o sr. Jayme Pinto: - S. exa. está fazendo uma injustiça ao sr. Eduardo Coelho, que deu. sempre tudo quanto se lhe pediu.

O Orador: - Está v. exa. enganado, a mim não me deu quasi nada, não obstante lhe pedir muito, não para mim é claro, mas para o meu circulo, que tão desprezado tem sido dos podereis públicos.

V. exa. e os meus collegas hão de dirigir-se muitas vezes ao sr. ministro das obras publicai a pedir-lhe melhoramentos para as suas localidades, o s. exa. ha de responder-lhes que não póde mandal-os fazer, porque averba está esgotada.

Verão os meus collegas que isto lhes ha de acontecer innumeras vezes.