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950-L DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

ministerio da guerra os documentos precisos, que eram para discutir largamente este assumpto, quando viesse á tela do debate e não comprehendo por que motivos não os tenho recebido até hoje, visto que não são documentos de molde para o que se chama - fazer política. Eu precisava sabor qual era a distribuição da força publica, qual o numero de soldados nos diversos mezes do armo, qual o numero de destacamentos que se acham disseminados pelos diversos pontos do paiz; emfim, necessitava ter os elementos para discutir com bases seguras e com os dados officiaes estes projectos, que necessariamente viriam â teta do debate.

Até boje, porem, não recebi os documentos requeridos ha tanto tempo, e por isso não me posso basear em dados positivos, para tirar as necessárias conclusões.

Porém, todos sabemos o estado das cousas militares, e podemos argumentar com os conhecimentos particulares que possuímos.

Para que v. exa. e a camara vejam qual é a grandíssima difficuldade com que se lucta para dar instrucção ao exercito, basta attentar como está composta a brigada de instrucção, que n'este momento está reunida na praça de Monsanto.

Esta brigada é composta de contingentes dos differentes corpos e cada um d'estes contingentes ainda compostos de contingentes de outros corpos, ficando por isso uma perfeita amalgama.

É uma composição, que não me parece que seja a mais consentânea e a mais natural para o serviço da instrucção.

Por isso não concordo, como disse, com a constituição da brigada de instrucção.

Entendo, que a instrucção se podia dar primeiro, nos próprios regimentos, e depois se organisariam as brigadas nas próprias divisões e ahi terem a competente instrucção, reunindo-se em seguida toda a força assim instruída em detalhe, num ponto para receber uma instrucção mais desenvolvida. A instrucção que póde agora receber a brigada é aquella que nós podemos imaginar, sabendo-se que ella só tem para manobrar as estradas, visto os campos estarem semeados. (Apoiados.)

O resultado que se tem tirado da instrucção da brigada não tem correspondido a enorme despeza que com ella se tem feito. Isto é o que dizem todos os que conhecem a fundo como as cousas se passam. O resultado que se tira não corresponde á enorme despeza que se faz.

Vejo no emtanto com certo prazer, porque eu declaro que hei de estar sempre ao lado de todos os governos que pugnem pelo prestigio das instituições militares e pelo desenvolvimento e instrucção do exercito, vejo, disse, com certo prazer, que começa a olhar-se com attenção para a instrucção do exercito, porém, é necessario que isso se faça com prudência e com tino, e que tudo caminhe harmonicamente, mas não comprehendo como com tão pequeno numero de soldados o governo pretende realisar o seu plano, a não ser que persista na inconveniente medida de reduzir as unidades tácticas, creadas pela iniciativa do partido regenerador.

A enorme despeza que se tem feito com a constituição da brigada não corresponde aos resultados que se tira, alem da confusão que reina em todos os agrupamentos do tropas.

Uma parte do regimento de infanteria n.° 12, forma o contingente que faz parte da brigada; e outro dia sendo preciso fazer um serviço na Guarda, de onde este contingente veiu, mandou-se marchar para ali um contingente de infanteria n.° 23, que está em Coimbra, e se fosso necessario força em Coimbra, mandar-se ia de outro regimento, e assim successivamente.
Vejam que augmento de despeza e que movimento de tropas tão desnecessário, porque as forças do regimento de infanteria n.º 12, que estão em Monsanto fazendo parte da brigada, podiam ser do mesmo modo instruídas nas proximidades do seu quartel.

Vê-se por isto, a confusão e o desacerto como se procede. Para dar instrucção, é necessario ir por partes e do simples para o composto. Se as diversas fracções não estão convenientemente instruídas, para que serviria dar-lhe uma instrucção mais desenvolvida antes do saberem a mais de matar?

Primeiro que tudo, é necessario que as diversas unidades estejam convenientemente constituídas e para isso é necessario haver soldados, mas vejo com surpreza que ficámos na mesma e que o governo revoga as theorias que na opposição advogavam os seus correlegionarios mais valiosos. (Apoiados.)

Então queriam augmentar as forças effectivas do exercito, agora nem em tal pensam. Depois da sua entrada para o poder, publicam decretos de dictadura fingindo querer tratar da defeza do paiz, mas agora vem pedir o mesmo numero do soldados que se pediram os outros annos. Não comprehendo o que o governo quer fazer; por isso formulei esta proposta em harmonia com o que fez o sr. Serpa Pinto, de accordo com as palavras do sr. Baracho e Avellar Machado, que apoiara essa mesma proposta e de accordo com todo o partido regenerador que a perfilhou.

Eu não faço política com os assumptos militares. Os meus collegas militares do uma e outra parcialidade política, do mesmo modo têem procedido e entre elles o sr. Horta e Costa, que tambem entrou aqui na discussão de assumptos militares.

Era uma amavel palestra de onde saía quasi sempre luz, sempre á boa paz, sem nos irritarmos uns com os outros, e aproveitando eu muitas vezos a opinião e idéas do s. exas.

Espero, pois, que o governo e a maioria acceitarão esta minha proposta, que não é mais do que a reproducção do uma outra, feita por um distincto membro d'ella e approvada por todos os deputados regeneradores que então se sentavam d'este lado.

Tenho conclui-lo.

Vozes: - Muito bem.