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6 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

O Sr. Vaz Ferreira: - Mando para a mesa o parecer da commissão de administração publica sobre o projecto n.º 81-A autoriza o Governo a approvar o contrato que a Camara Municipal de Braga fizer, em termos legaes, para o abastecimento de aguas da mesma cidade.

A imprimir.

O Sr. Augusto Sousa: - Mando para a mesa os pareceres das commissões de administração publica e de fazenda, sobre o projecto de lei n.° 39-A, autorizando o Governo a permittir que a Santa Casa da Misericordia da Mouta possa construir um edificio para asylo da meddicidade e albergue, no local onde houve o hospital e seus annexos.

Foi a imprimir.

ORDEM DO DIA

Continuação da discussão do projecto de lei n.º 67 que autoriza o Governo a converter a actual divida publica externa

O Sr. Fuschini: - Sr. Presidenta: S. Exa. o Sr. Presidente do Conselho affirma que a opinião publica recebeu bem o projecto do convenio, porque se conserva sonegada, não o combate, nem derruba o Ministerio. Assim será.

As representações das grandes corporações do paiz, com excepção apenas de poucas em cujas direcções predominam elementos essencialmente partidarios, a opposição tenaz de todos os jornaes, exceptuando o pequeno numero d'aquelles que defendem todos os governos e todas as suas medidas por venalidade ou por estreito espirito faccioso, ou movimentos bom caracterizados da opinião publica, que o Governo procura impedir por todos os processos, perseguindo a imprensa, prohibindo comicios, emfim, as manifestações de todas as ordens, que se vêem e que se sentem, não as considera S. Exa., não as ouve, proque, sendo dentro da legalidade, não lhe causam receio.

Sr. Presidente: como se applica bem neste momento a bella phrase de Cladstone: quando os povos falam baixo ninguem os escuta; quando elevam a voz, chama-lhes revolucionarios!

Profunda verdade, admiravel synthese do maior estadista inglez do seculo XIX, egual aos maiores do mundo, que tão bem traduz as nossas condições actuaes!

O Sr. Presidente do Conselho não deve, ou não quer ouvir, o povo portuguez, porque hoje elle fala baixo e se conserva dentro da legalidade; mas decerto o ouviria amanhã se elle falasse mais alto.

O que estamos nós preparando com este pleno despreso pela opinião publica? A que nos levará este systema de esmagar e de illudir a opinião do país, que tenta manifestar-se pelos meios legaes?

Quantos males, quantas causas de dissolução social ou de revolução accumulam sobre a nação aquelles que sophismam a legal expansão de opiniões, que é a base segura e imprescendivel do regimem da liberdade?

O nome do estadista não cabe aos que resolvem os problemas actuaes dos povos, que dirigem o governam; o estadista; para bem merecer este nome, tem de prevenir o acautelar o futuro, evitar as difficuldades que os vicios e erros dos homens vão accumulando successivamente e um dia podem originar consequencia fataes, ou pelo menos gravissimas, para o bem das nações.

É mais larga a esphera de acção de um estadista, do que a simples resolução dos problemas e das difficuldades presuntos. Ha no verdadeiro estadista alguma cousa superior na moral e na intelligencia, que lhe desvenda o porvir e lhe define a grave responsabilidade dos seus actos ainda depois de termo da propria existencia. Um estadista precisa ter quasi genio, porque o talento vê no dia de hoje, e o genio vê no de amanhã.

A historia não é um simples apontoado chronologico de factos, de reinados, ou de batalhas vencidas, ou perdidas; hoje, a historia constitue uma pholosophia concretiza as leis da evolução humana, pelas quaes devemos regular o presente, a fim de acautelarmos o futuro. A historia dá-nos, pela experiencia dos outros, os meios de organizarmos a nossa vida social, por forma que não preparemos um futuro de desventuras e de desastres.

Vou citar á Camara um facto historico, aliás conhecido, que poderá talvez, offerecer, pelas nossas condições especiaes presentes, grande opportunidade.

Em 1789 estavam renidos em Versnilles os Estados Geraes. A grande agitação, procurrera de revolução, saccudia o povo francez. Junto de uma das janellas do palacio, Luis XVI conversava um dia com o Duque de Luynes, um dos representantes da nobreza.

N'este momento, grande tropel de povo amotinado passou perto das grades dos luxuosos e manificos jardins.

Luiz XVI olhou, eclamando: c'est une émente?

- Non, Sire, c'est une révolution, respondeu Luynes, com a verdadeira previsão de um estadista.

Sr. Presidente do Conselho de Ministros: a historia não é um simples apontoado de factos, de dynastias, de reis e de batalhas, a historia é uma philosophia onde devem ler e aprender os estadistas. Leia-a, estudo-a, Sr. Ministro, e medite...

Sr. Presidente: falando na questão mais importante que até hoje tem sido submettida ao Parlamento Portuguez, vou ser de grande serenidade, tão grande quanto m'o permittir o meu sangue meridional. Se pudesse, falaria hoje como falavam os areopagios na solemne assembléa da antiga Athenas; ás escuras, para que a sombra esfriasse o enthusiasmo e annullasse o gesto, deixando apenas a palavra, simples e sincera, levar o germen da verdade e da convicção ao entendimento do auditorio.

Desejaria eu que a minha palavra, sem côr, fria, mas sincera, depusesse no cerebro e no coração dos que me escutam o germen da convicção arraigada, que nutro no fundo do meu espirito.

Sr. Presidente: um homem, que vae falar nestas condições, não sente, nem concita paixões, traz apenas raciocinios e convicções. Ao appelo do Sr. Presidente do conselho, pedindo-nos sereno estudo sobre a questão mais grave da vida constitucional portugueza, a [...] appello responderei eu plenamente, sem pretender atacar quem quer se seja na propria individualidade, nem mesmo na politica, e retirando desde já qualquer phrase que possa parecer autonomica com este firme proposito.

Não quero, pois, senão apreciar factos; mas se esses factos envolverem homens, que culpa tenho eu de que elles tenham sido praticados?!

Sr Presidente: o Sr. Beirão, no primeiro dia em que foi iniciada esta discussão, dirigiu ao Governo algumas perguntas, e quo o Sr. Presidente do Conselho respondeu. São estas perguntas e respostas que vou apreciar.

O Sr. Beirão perguntou: ha qualquer acto de caracter internacional, já celebrado ou a celebrar com qualquer Governo estrangeiro, a respeito do assumpto em discussão?

O Sr. Hintze respondeu: "com a nitidez e seriedade que me são proprias, declaro que o Governo portuguez não tem compromisso diplomatico com qualquer Governo estrangeiro a respeito da conversão. O Parlamento é livre na apreciação e resolução do assumpto".

Eis o que rigorosamente consta das minhas notas perticulares e dos Summarios das Sessões. Conclue-se, pois, d'estas declarações:

1-º Que as bases são discutiveis e modificaveis;

2.º Que actos diplomaticos anteriores ao actual momento não existem;

3.ª que a resposta incompleta do Sr. Ministro do reino não prevê a hypothese de que possa haver actos diplomaticos posteriores á approvação das bases em discussão.

Eis o que rigorosamente) consta daa minhnn notas particulares e dos tíuminarioe das tímÔLS. Conolue-se, poi-1, d'esias declarações:
l.e Que ae bases aFio diiícntiveis e notlificuvniu;
2.° Quo actoti dip omat co i anterioA-t, r.o tctacl ipoL^iito n&o existem;
3." Que a respotta incompleta do Sr. ilinistro do Reino provê a hypoíheso do que poaon hnver uctou diplomáticos poeterioroa á approvaçuo dr.c br^ss om dii"cuty:k).