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lamento, que não tinha duvida de fazei esta publicação, e assim cumprir com a lei; insto novamente com s. ex.ª para que se cumpram a lei e a sua promessa.

Aproveito igualmente este ensejo, para perguntar a s. ex.ª, se está agora mais habilitado, que n'outro tempo, para dar á camara esclarecimentos a respeito da transacção ou convenção entre o commissario regio portuguez, e os delegados ou commissarios do governo hollandez sobre as ilhas das Flores; parecia-me, que s. ex. deve ter recebido documentos a este respeito pela chegada para o Téjo do brigue Mondego, vindo de Timor, pelo qual disse s. ex.ª, n'outra occasião, nesta casa, que esperava, e nelle os papeis respectivos á dicta convenção, bem como officios do nobre cavalheiro, que hoje felizmente ahi governa.

Desejaria eu, sr. presidente, que o sr. ministro da marinha tambem declarasse, qual a opinião sobre a conveniencia e aceito de ser reannexado e subordinado o estabelecimento e governo de Timor ao de Gôa, como antes o era.

Sr. presidente, o sr. ministro não ha de estar esquecido, de que o nosso collega o sr. Julião José Vieira, deputado pelo nosso estabelecimento de Timor, apresentou na secretaria da marinha uma representação, de que foi portador quando regressou dalli para cá, assignada por todos os eleitores daquella cidade, o entre os signatarios se contam alguns dos reis de Timor, tributarios á corôa; poderosos, tendo alguns delles mais de 10:000 homens, mas constantemente fieis á nação e corôa, pela amizade, dedicação, e devoção que tem ás mesmas nação e corôa portugueza. Este mesmo objecto de reannexação lei novamente apresentado á consideração do sr. ministro pelo sr. deputado Vieira, e por mim, na occasião em que s. ex. nos fins de outubro findo leve a bondade de fazer, no conselho ultramarino, uma reunião dos deputados pelo Ultramar. Tambem s. ex.ª ha de estar lembrado, de que sollicitando esta mesma reannexação o sr. Pena Rôla, que fôra nomeado governador de Timor, s. ex.ª lhe havia promettido toma-lo em consideração, e mesmo havia mostrado signaes de que seria este assumpto da sua approvação. E certamente, sr. presidente, ha nesta reannexação utilidade publica daquelle nosso estabelecimento, e conveniencia do serviço publico; porque ha mais de dois annos que não tem ido embarcação alguma de Macáo para Timor; hoje a communicação de Timôr para Gôa, se não é mais facil, ao menos está em igualdade com a communicação para Macáo. Póde mesmo estabelecer-se communicação facil entre Gôa e Timôr, se se tentar navegação directa de Gôa para Timôr, como foi em 181-1, anno em que foi directamente enviada de Gôa para Timôr a curveta do estado =:a infante Regente: — mas infelizmente, como succede a todas as nossas cousas boas, não se proseguiu com esta navegação, que podia ter sido muito util, assim a Gôa, como a Timôr; pois os generos commerciaes que tem extracção no porto de Timôr, são obras de ferro, polvora, tecidos, etc. que podem ser fornecidos de Gôa com abundancia, e preço commodo; assim como podem ser vendidos em Gôa, com vantagem, os productos de Timôr.

Accrescentarei, sr. presidente, que é necessario fixar a sorte dos empregados militares e civis daquelle estabelecimento, que tem bem tenues vencimentos, vivem ahi sem as commodidades da vida, e que é conveniente, que depois do bom serviço tenham esperança de accesso, como em ioda a parte leiu; o que unicamente se póde realisar, sendo reannexado Timôr a Gôa, e declarando que depois de certo numero de annos de serviço reverterão a Gôa, e pertencerão aos quadro deste estado; sem esta providencia é impossivel termos em Timôr bons empregados,; eu conheço algum excellente, que não tem esperança de regressar a Gôa sua patria, tendo servido muito bem a nação; nem se lhe fornecem pela fazenda meios para este regresso.

Sr. presidente, vou concluir, declando que quaesquer medidas que se tomem cá para melhoramento deste Portugal, serão como um remendo n'um vestido velho; a viação póde dar fomento á nossa agricultura e commercio do continente, póde procurar a este reino commodidades; mas o verdadeiro meio de o tornar rico e grande, quanto póde ser, é o tractar das nossas provincias ultramarinas, é nellas que estão enterrados os verdadeiros thesouros, donde póde ir riqueza para ellas, e para a mãi patria; tudo o mais é lenitivo, é expediente que póde causar algum allivio Que podemos tirar immensos recursos da Africa Oriental, e de Timôr fica evidente se lançarmos um rapido olhar sobre a grande extensão de Timôr, sobre a fertilidade do seu sólo, sobre a sua variada producção, e mesmo sobre a sua população, que sóbe a mais de 300 mil habitantes. Ha na secretaria uma memoria, que apresentou o nosso collega e meu amigo o sr. Cabreira, que sinto muito não estar presente; nesta curiosa e judiciosa memoria está dicto tudo quanto se póde dizer a respeito das tres industrias agricola, manufactura, e commercio de Timôr, e se indicam os meios que lemos para auferir dalli vantagens, de adoptar certas providencias.

O sr. Ministro da marinha: — Sr presidente, posso asseverar ao nobre deputado que o negocio de Solor e Timôr, occupa muito seriamente a attenção do governo. Este negocio começou, como a camara sabe, e o illustre deputado, por se mandar para alli um commissario regio, para determinar as raias do territorio pertencente ao governo hollandez e a corôa de Portugal. Por ora nada mais posso informar se não que passou da repartição de marinha onde estava, para a repartição dos negocios estrangeiros, por isso que o encarregado de negocios da Hollanda dirigiu uma nota ao governo portuguez, ácerca do projecto de tractado alli feito, pelo fallecido capitão de mar e guerra Lopes de Lima; e estando por consequencia, como está, affecto esse negocio ás estações competentes que devem ser ouvidas, e por parte do governo hollandez exigindo-se o cumprimento daquelle tractado, o governo não póde ainda dizer até que ponto elle seja bom ou não. Por ora, sobre está na opinião de que deve reformar se, e em tempo competente ha-de trazer a esta camara todos os documentos e informações relativas a este negocio.

Felizmente o governador que alli temos hoje, tem toda a confiança do governo, e pelos seus officios, confirma o que acaba de dizer o illustre deputado, quando disse que aquelle terreno não é mortifero, como se tem feito acreditar, e que póde a metropoli tirar dalli grandes vantagens. Por esta parte já vê o nobre deputado que estão satisfeitos os seus desejos, porque vê que o governo fez a nomeação de um homem intelligente e probo, e que ha-de procurar realisar, segundo as instrucções que tem do governo, todos os melhoramentos de que aquellas ilhas são susceptiveis.

VOL. IV — ABUIL — 1853.

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