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1920 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

vissima responsabilidade protelar mais ainda essa discussão e impedir que ella termine.

Não quero assumir perante o paiz a responsabilidade de prolongar uma questão que tem tido um desenvolvimento tal, como não ha memoria nos annaes parlamentares.

Sr. presidente, eu tenho aqui defronte do mim cinco folhas de papel cheias do apontamentos, que tomei dos discursos dos meus distinctos amigos os srs. Avellar Machado e Dantas Baracho.

E note v. exa. e note a camara, que apenas apontei o que mais carecia de resposta, porque se tomasse nota de todas as passagens dos discursos de s. exas. eu teria defronte de mim um grosso volume d'esses apontamentos.

Se os dois illustres deputados a que me refiro levaram cinco ou seis sessões a atacar o governo, principalmente o sr. Dantas Baracho, póde v. exa. calcular que, tendo a defeza de ser mais desenvolvida, não seriam necessarias menos de doze a quinze sessões para rebater todos os pontos a que se referiram os illustres deputados. Para dar o desenvolvimento necessario ás minhas respostas, seria indispensavel um tempo excessivo que eu não quero tomar á camara, que tem negocios de uma altissima importancia a tratar para bem do paiz.

Sr. presidente, são tão vastos os assumptos dos dois discursos a que mo tenho referido, que a sua materia está compendiada em tão grande numero de volumes, que constituiria uma verdadeira bibliotheca.

Não houve assumpto da vasta sciencia militar em que s. exas. não tocassem.

Não houve ponto por mais secundario ou insignificante que fosse, a que s. exas. se não referissem.

Vê v. exa., sr. presidente, e vê a camara, por estas simples e breves palavras, qual a difficuldade em que me encontro para responder aos extensissimos discursos dos meus illustres amigos e distinctos collegas, e por isso tenho de resumir tanto quanto possivel as minhas considerações, satisfazendo a um dever que mo é imposto pela minha consciencia, pelo logar que occupo n'esta casa, e pela honra que tenho de ser um humilde membro do exercito portuguez.

Sr. presidente, para me justificar perante v. exa., perante a camara e perante o paiz, de não dar uma resposta cabal e completa aos dois discursos que começaram ha uns poucos de dias e tiveram o seu termo ha poucas horas, - no fim da sessão diurna, - vou provar que a discussão do orçamento rectificado tem tido um desenvolvimento acima de tudo quanto se podia esperar e como não ha memoria na historia do nosso parlamento. (Apoiados.)

Este anno fica-nos exemplo para tudo e os que se nos seguirem de nada terão que se admirar.

É bom? é mau? o paiz nos avaliará a todos e fará a devida justiça. (Apoiados.)

Sr. presidente, estou admirado do grande desenvolvimento que tem tido a discussão de um assumpto d'esta natureza, e creia v. exa. que estou ao mesmo tempo contristado de ver o tempo que estamos perdendo e que podia ser melhor aproveitado.

A sessão vae para seis mezes, ha assumptos importantissimos que requerem a nossa attenção e maduro estudo, e eu lamento que estejamos a protelar este debate, em deterimento dos interesses do paiz. (Apoiados.}

Sr. presidente, novo n'esta casa, pouco habituado ás luctas e debates parlamentares, fui estudar os annaes d'esta casa e pasmei de ver que o orçamento rectificado tenha tido tão larga discussão.

Assim encontrei, que o orçamento rectificado foi discutido nos annos de

1830, em 2 sessões

1881, não se discutiu.

1882, em l »

1883, em l »

1884, em 2 sessões

1885, em 12 »

1886, em 4 »

1887, em 3 »

Em 1888 já temos consumido, com esta, 17 sessões!!

Por consequencia vejo que desde 1880 a 1887, excluindo o anno de 1885, em todos os annos sommados se gastaram menos sessões a discutir o orçamento rectificado do que se tem gasto este anno.

Eu mostro isto em face dos annaes parlamentares.

Temos já gasto esto anno 17 sessões a discutir o orçamento rectificado, e não sabemos quando terminará, porque estão ainda inscriptos os oradores mais intelligentes, mais brilhantes e de maior pujança da opposição, e quando até aqui cada um tem fallado tres e quatro sessões, é de suppor que este estado de cousas continue e que cada um dos oradores que se vae seguir não queira ficar atraz do que o antecedeu.

Estão inscriptos ainda para fallar contra; os srs. Franco Castello Branco, João Arroyo, Moraes Carvalho e Alfredo Brandão.

É natural que outros tantos oradores se inscrevam a favor e por muito pouco que fallem, é impossivel calcular o numero de sessões que ainda se hão de gastar para fechar mos este debate e votarmos este orçamento.

N'estas condições, eu não quero assumir perante o meu paiz a responsabilidade do que se está passando, e é esta a rasão por que não dou uma resposta desenvolvida, completa e cabal como merece o assumpto de que se occuparam os srs. Avellar Machado e Dantas Baracho.

Os assumptos militares merecem ter uma larga e desenvolvida discussão n'esta casa; mas, na altura em que vão a sessão é impossivel satisfazer os nossos desejos.

Disse o sr. Baracho que, se tomava tanto tempo á camara, discutindo as diversas materias que dizem respeito ao exercito, em porque ainda este anno não se tinha tratado de questões militares, e era esta a occasião propria para o fazer.

Se os illustres deputados não têem discutido assumptos militares, a culpa não é nossa, é de s. exa., que não aproveitaram o tempo e occasião para os discutir, pois creiam que haviam receber da nossa parte inteira e cabal resposta.

Sr. presidente, entro n'este debate pelas rabões já expendidas, e para que a illustre opposição não diga que d'este lado da camara não ha quem responda aos seus argumentos.

Não desejo dar largas ao meu discurso, hei de ser laconico e tão conciso quanto me seja possivel; mas hei de cumprir o meu dever.

Emquanto lograr a honra de ter assento n'esta casa, nunca faltarei ás obrigações a que me impuz, acceitando o mandato de deputado.

Sempre que entender que devo pedir a palavra, hei de fazel-o, respondendo aos meus illustres adversarios como souber e podér.

O sr. Baracho disse muitas vezes durante o seu longo o substancioso discurso, que, só tomava tanto tempo á camara, era porque ainda este anno não se tinham n'esta casa tratado de assumptos militares.

Assim, disse o illustre deputado, estando inscriptos muitos oradores da opposição para discutirem a resposta ao discurso da corôa, foi esta discussão abafada antes de poderem fallar as oradores militares.

Esta declaração, tantas vezes formulada, tão categorica e energicamente annunciada, surprehendeu-me, e, como novato n'esta casa, fui procurar aos annaes parlamentares se havia ou não motivo que justificasse os lamentos e queixas de s. exa. por se ter abafado a discussão da resposta ao discurso da corôa.

Encontrei, sr. presidente, que este anno não foi menor o numero de sessões em que se discutiu tão importante