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2 ANNAES DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

sar da Camara dos Pares por occasião da catastrophe do couraçado lena, e copia das cartas dirigidas ao Ministro Português em Paris, agradecendo, por parte do Presidente da Republica, do Presidente da Camara dos Deputados e do Prefeito Maritimo de Toulon, identicas manifestações de pesar. Para o archivo.

Officio do Presidente do Senado Francês agradecendo o voto de sentimento da Camara pelo mesmo sentido.

Para o archivo.

Officio do Ministerio da Marinha e Ultramar satisfazendo um requerimento do Digno Par Sr. Teixeira de Sousa.

Para a secretaria.

O Sr. Teixeira de Sousa: — Envia para a mesa os seguintes requerimentos:

Requeiro que. pelo Ministerio da Fazenda, seja remettida a esta Camara copia de quaesquer portarias que tenham relação com contratos de emprestimos a fazer entre a Casa Real e o Banco de Portugal, desde 20 de maio de 1906 a 30 de abril de 1908.

Requeiro mais informação sobre o montante do credito, por esses contratos, do Banco sobre a Casa Real.

Requeiro que, pelo Ministerio da Marinha e Ultramar, seja remettida a esta Camara copia de todas as alterações que têem sido feitas no contrato inicial para a construcção do caminho de ferro do Lobito á fronteira leste de Angola.

Requeiro mais: informação do estado em que se encontra o caminho de ferro de Malange, principalmente sobre a extensão de via já explorada, extensão de terraplenagens, quantias despendidas mensalmente, e estado do Fundo ao caminho de ferro de Malange.

Requeiro mais a copia de toda a correspondencia trocada entre o Ministerio da Marinha e Ultramar e o Governador Geral de Moçambique sobre a execução do modus vivendi entre Moçambique e o Transvaal.

Requeiro ainda copia das reclamações feitas perante as autoridades inglesas do sul de Africa sobre a violação do modus vivendi, sob o pretexto da abertura de novas linhas ferreas á exploração.

Requeiro a copia de todos os processos que serviram de base á prorogação dos contratos para a exploração dos diversos prazos da Coroa no Zambeze, entre as datas de 1 de janeiro de 1907 e 30 de abril de 1908.

Requeiro que, pelo Ministerio das Obras Publicas, seja enviada a esta Camara nota da quantidade de vinho licoroso entrado em Gaia, Leixões, Gondomar e Porto, não produzido nem procedente do Porto, a partir de 10 de maio de 1907.

Requeiro que, pelo Ministerio da Fazenda, sejam remettidas a esta Camara copias dos contratos para divida fluctuante externa, celebrados desde 1 de janeiro de 1907 até a data d’este requerimento.

Requeiro mais a nota da mesma divida referida á data de hoje.

Requeiro que, pelo Ministerio da Guerra, seja remettida a esta Camara uma nota referente ao effectivo da guarda fiscal em 31 de março proximo passado e ao numero de praças julgadas incapazes ou em serviço moderado.

Requeiro que, pelos diversos Ministerios, me sejam enviados os seguintes documentos, referidos de 20 de maio de 1906 a 31 de janeiro de 1908:

1.° Nota das despesas liquidadas e não pagas;

2.° Nota das despesas não liquidadas;

3.° Nota referente ás dividas das provincias ultramarinas;

4.° Nota dos supprimentos feitos ao Ministerio da Marinha e Ultramar;

5.° Nota do saldo do emprestimo que foi contraindo para o caminho de ferro da Swazilandia.

Sala das sessões da Camara dos Pares, 30 de abril de 1908. = Teixeira de Sousa.

O Sr. Presidente : — Durante o interregno parlamentar falleceram os Dignos Pares Antonio Pereira Telles de Vasconcellos, Marquez da Praia (Duarte), Conde de Casal Ribeiro, Hintze Ribeiro, José Dias Ferreira, Barbosa du Bocage e Conde da Ribeira Grande.

Permitta-me a Camara que me abstenha de fazer referencia especial a cada um d'estes Dignos Pares fallecidos, apesar do alto apreço em que eram tidos como membros d'esta Camara.

Muitos Dignos Pares vão certamente occupar-se do assunto e enaltecer os meritos dos fallecidos, dando assim testemunho da saudade que elles deixaram; portanto eu limito-me a propor que na acta da sessão de hoje se lance um voto de profunde sentimento pela morte d'esses Dignos Pares, que esse voto seja communicado ás respectivas familias e, ao mesmo tempo, se encerre a sessão como testemunho de saudade e dê dor pela feita d'aquelles homens publicos que foram distinctos ornamentos d'esta Camara.

S. Exa. não reviu.

(Varios Dignos Pares pedem a palavra sendo lida a sua inscrição.)

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros (Ferreira do Amaral): — Pedi a palavra para me associar, em nome do Governo, á homenagem de respeito e consideração proposta pelo Sr. Presidente — e tão justamente proposta — em memoria d'aquelles Dignos Pares que a morte arrebatou durante o interregno parlamentar.

Numerosos são os oradores inscritos, e todos com tão alta competencia para fazerem o elogio dos extinctos que eu nem sequer pretendo imitá-los, quanto mais igualares.

Mas a minha situação de chefe do Governo obriga-me a proferir algumas palavras a respeito de cada um dos illustres parlamentares fallecidos, cumprindo porém, não só um dever official e parlamentar, mas pessoalmente um preito de saudade — que os affectos do coração me impõem.

Dos Dignes Pares fallecidos, uns muito se distinguiram pelas qualidades proprias, outros por aquellas que a occasião determinou e proporcionou; portanto, não estranhe a Camara que eu especialize a minha homenagem, sem querer com isso praticar qualquer injustiça, nem pôr em confronto as reciprocas proeminencias de valor ou, pelo menos, a influencia exercida por cada um d'elles na vida social portuguesa, e, especialmente, na politica.

Referir-me-hei, por exemplo, a Telles de Vasconcellos, meu companheiro de Governo, como Ministro da Justiça, no Gabinete presidido por José Dias Ferreira.

Direi simplesmente, para fazer uma justa apreciação d'este illustre parlamentar, que elle representava o typo antigo do cavalheiro de provincia, alliando a respeitabilidade dos principios á fidalguia do coração. Para todos os que se lhe aproximavam tinha sempre palavras cê consolo, de conforto e benevolencia, de estima ou de amizade.

O Conde de Casal Ribeiro foi um trabalhador consummado, um estudioso, um primoroso caracter, affirmando, não obstante a doença que o minava, o que podem a boa vontade e a dedicação postas ao serviço das mais alevantadas intenções.

E, assim, conseguiu perpetuar honrosamente a memoria de quem fôra um dos primeiros estadistas e oradores portugueses.

O Conde da Ribeira Grande e o Marquez da Praia (Duarte) eram dois fidalgos de antigo regimen, mantendo as mais puras tradições aristocraticas, em nome das quaes dispensavam a mesma benevolencia e identica affabilidade de tratamento, tanto aos que pertencessem ás classes menos favorecidas da sorte e da fortuna como aos que vivessem nas altas espheras sociaes.

Para que ninguem me esqueça n’este