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384 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

mente na questão das pescarias; e o mesmo penso e digo do sr. conde de Valbom.

Houve posteriormente outra questão da mesma ordem que foi resolvida, creio, por maneira plenamente satisfactoria; os documentos o mostrarão em tempo.

Não me alongarei mais.

Folgo de ver em grande parte desvanecidos os receios da cidade do Porto. Não era menos de esperar da Hespanha? onde tambem havia muitos descontentes, por uma solução precipitada e incompleta da Hespanha fidalga, generosa, nossa amiga e irmã, a quem sempre convem tratar como tal. Pois que Hespanha tem tambem seus orgulhos, e tem rasão para os ter. Não é em tom pedagogico, mas em tom moderado, fraternal e sincero que nos cumpre tratar com a vizinha Hespanha.

Peço a v. exa. que me reserve a palavra para outro assumpto.

Discurso proferido pelo digno par conde do Casal Ribeiro, na sessão de 3 de junho, e que devia ler-se a pag. 365, col. 1.ª

O sr. Conde do Casal Ribeiro: - Vou mandar para a mesa uma proposta, cuja urgencia requeiro.

É analoga a outra que foi apresentada na camara electiva por um brilhante talento e um excellente coração, dois elementos sem os quaes creio não ha homem de superior valia.

A proposta é a seguinte:

"A camara dos pares espera que o governo applicará parte da somma destinada a diversas obras no correspondente capitulo do orçamento do despeza do ministerio das obras publicas para auxiliar a construcção do monumento dedicado a memoria de Alexandre Herculano."

Creio que todos acceitarão esta proposta.

Sr. presidente, se v. exa. permitte, direi duas palavras apenas.

Seria acto de indelicadeza para com os meus collegas julgar precisa extensa apologia d'esta proposta. Seria tambem acto vaidoso de ostentação, e inutil esforço era desharmonia com a estreiteza do tempo e com a mingua dos meus recursos.

Não venho perante a camara dos pares desenhar ou esboçar mesmo a phisionomia de Alexandre Herculano. Para isso seria preciso um livro, e esse não poderia fazel-o nunca igual ou comparavel áquelle primoroso trabalho litterario que ha pouco publicou o meu amigo e collega o sr. Antonio de Serpa.

Em Herculano não se sabe o que admirar mais - se o esplendor do talento, se o lavor improbo, se a nobre rigidez de caracter.

Eu creio que convem sempre, e cada vez convem mais, lembrar Herculano, commemorar Herculano. Não que ninguem espere que se reproduzam por centenas ou dezenas as copias de tão sublime modelo; mas por que nos tempos em que vivemos é bom e necessario mirar algumas vezes o ideal, não para nos approximarmos d'elle. que é impossivel, mas para levantarmos por algum tempo a alma acima do nivel em que nos agitâmos.

Mando a proposta para a mesa, e peço a v. exa. que me reserve ainda a palavra para outro assumpto.

Discurso proferido pelo digno par conde do Casal Ribeiro, na sessão de 3 de junho, e que devia ler-se a pag. 367, col. 2.ª

O sr. Conde do Casal Ribeiro: - Vou mandar para a mesa uma proposta, que passo a ler.

(Leu.)

Mando para a mesa esta proposta, de que não requeiro a urgencia. Peço a v. exa. que ella fique sobre a mesa, e que seja convidado o sr. presidente do conselho a vir aqui ámanhã assistir á sua discussão.

Como a camara vê, esta proposta tem um caracter eminentemente politico; e não digo partidario. Nem apoio nem guerreio o governo; não seu tactico nem estrategico; não gosto de surprezas; não as faço, não as farei.

Tambem não venho fazer o que em linguagem politica moderna, tomada da Inglaterra, se chama obstruccionismo.

Se a camara me conceder a sua benevolencia costumada tomar-lhe-hei apenas um quarto de hora ou meia hora, o tempo preciso para expor o pensamento da minha proposta. Desejo que este favor me seja concedido, e declaro desde já que se o governo entender, por qualquer circumstancia, inopportuna a votação da proposta, ou porque a camara vae fechar-se e a eleição de uma commissão seria inutil n'este momento, por não funccionar no intervallo das sessões, ou por qualquer outro motivo, não insistirei em submetter a proposta á votação.

Não posso dar maior demonstração de que não pretendo fazer d'isto arma politica.

Pretendo simplesmente explicar á camara e ao paiz a evolução que se fórma no meu espirito, em vista de acontecimentos que todos temos presenciado.

Discurso proferido pelo digno par conde do Casal Ribeiro, na sessão de 4 de junho, e que devia ler-se a pag. 375, col. l.ª

O sr. Conde do Casal Ribeiro (sobre a acta): - Não tema v. exa., nem a camara, que eu intente agora com as minhas palavras, sempre insignificantes, fazer perigar o bem do estado, nem pretendo intercalar na acta um discurso qualquer que tivesse preparado. Desejo apenas uma rectificação.

Na acta allude-se a uma proposta que eu tive hontem a honra de fazer n'esta casa, e parece-me que se não exprime com sufficiente clareza que v. exa., sobre meu pedido, disse que convidaria o sr. presidente do conselho de ministros para assistir hoje á discussão d'aquella proposta.

Desejava que este facto ficasse consignado na acta. Desejava tambem que n'esse mesmo documento ficasse consignado outro facto. É que eu declarei que apresentava uma moção de doutrina, e não uma moção de censura, nem tão pouco de confiança no governo.

Tanto dei prova da sinceridade d'estas intenções, que declarei estar resolvido, se algum membro do governo não julgasse opportuna a occasião de se discutir, ou votar, aquella proposta, a servir-me d'ella apenas como thema para uma exposição, e a não pedir votação.

Desejo que na acta fiquem consignados estes dois factos. Nada mais.

Se as circumstancias permittirem que eu explane a mi" nhã proposta, fal-o-hei no exercicio do meu direito e no cumprimento do meu dever. Se não o permittirem tomo solemnemente com o meu paiz o compromisso de vir aqui na sessão seguinte, ou na primeira occasião que se me offerecer, e se tiver saude para isso, explicar o meu pensamento.

Porém, não desejando que d'este pensamento se tirem illações que não estão na minha mente, antes de o vir explicar no parlamento, tomo tambem com o meu paiz o compromisso expor por escripto, assignando com o meu nome.