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638 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

do sr. ministro da fazenda de 7 de janeiro de 1872, porque me parece que essas palavras não podem ser indifferentes á opinião da camara.

(Leu.)

Note-se bem que o equilibrio entre a receita e a despeza, segundo as previsões do sr. ministro da fazenda, devia ficar realisado no anno de 1876.

Veja a camara ha quanto tempo devi amos estar na posse d'esse equilibrio.

(Leu.)

Note-se ainda mais. O sr. ministro da fazenda fallou tambem no optimismo, de que eu tenho fallado muitas vezes, porque sou discipulo, em relação a esta idéa, do nobre ministro.

(Leu.)

Salvo se a camara entende ainda que o equilibrio não está realisado, e que não póde haver duvida em não evitar o perigo do optimismo, só se ha essa modificação em relação ás idéas que tão terminantemente o sr. ministro da fazenda tinha apresentado. E quando fallo em ministro da fazenda fallo do homem que infallivelmente nos ministerios não é de todos os ministros aquelle que está em melhor posição.

Os ministros da fazenda ordinariamente são um pouco sacrificados, esta é a verdade, com as melhores idéas possiveis, e é por isso que n'um paiz que me compraso sempre em citar, a Italia, a presidencia do conselho de ministros, que teve sempre um caracter preponderante, tem sido desempenhada cumulativamente com a pasta da fazenda.

O sr. Mingheti foi presidente do conselho e ministro da fazenda ao mesmo tempo, e o mesmo aconteceu a Depretis, que lhe succedeu.

Ultimamente houve ali uma nova transformação, e foi então que a presidencia se separou d'aquella pasta, passando comtudo para um ministro sem pasta, o que tira o perigo da despeza, e sabe v. exa. que n'aquelle paiz se crearam nada menos do que dois ministros da fazenda, porque se reconheceu que um era pouco, entendendo-se que o pobre ministro de fazenda está sujeito aos desejos do parlamento, que são incontestaveis, mas que teem um termo nos limites dos recursos do estado, e tanto que crearam um ministro para o thesouro e outro para as finanças.

Parece-me que esta resolução é um pouco desnecessaria nos paizes onde existe um equilibrio entre a receita e a despeza, mas o sr. Mingheti disse em Italia aquillo que precisamente tinha dito em Portugal o sr. Serpa, isto é, que, mesmo depois de estabelecido o equilibrio no orçamento, deve haver todo o cuidado em não o destruir.

Ora eu, sr. presidente, eu até podia citar o exemplo de uma distincta viajante que esteve ultimamente n'este paiz.

Aquella senhora n'uma reunião a que os jornaes deram toda a publicidade, fazendo justiça ás qualidades litterarias de muitos cavalheiros ali presentes, e dos sr. ministros que se achavam ao seu lado, mostrou que conhecia todas as nossas difficuldades financeiras, quando disse, ao terminar uma saude do sr. Serpa.

(Leu.)

Realmente, á vista da opinião de tão esclarecida senhora que, estando sentada entre o sr. ministro do reino e o sr. ministro da fazenda, apreciou os perigos que podem correr as nossas finanças, creio que a camara não deixará tambem de achar justificadas as apprehensões que tenho a este respeito.

Parece-me que me assiste o direito de sustentar a mesma, idéa ha pouco enunciada por um homem eminente do paiz vizinho, o sr. Canovas dei Castillo: Não é só o governo que resolve a questão de fazenda. Repetirei tambem o que noutra occasião elle dizia: A questão de fazenda é uma questão neutral.

Na minha modéstia, estou inteiramente de accordo com estas opiniões, que se revestem de um caracter de tanta auctoridade, como ninguem deixa de reconhecer no sr. Canovas.

Fundado nos principios que ficam expostos, digo eu que em presença de um deficit tão pertinaz e consideravel como o que nós temos, seria conveniente o adiamento d'este projecto de despeza, tanto mais depois de haverem sido approvados outros que concorrem para augmental-a.

Não tenho duvida de citar ao sr. ministro da fazenda as palavras de um distincto escriptor muito conhecido des. exa. e auctor de um tratado da sciencia das finanças.

Quer v. exa. e a camara saber o que se diz n'essa obra com referencia a um paiz, no qual, depois de circumstancias difficeis, se restabeleceu o equilibrio entre a receita e a despeza?

Tenham a bondade de ouvir.

(Leu.)

Citando as palavras de mr. Beaulieu, creio que não preciso recorrer a outra auctoridade, para dar força ás rasões que expendi.

Tenho dito.

O sr. Presidente: - Achando-se nos corredores da camara o sr. conde de Bretiandos, convido os dignos pares os srs. marquez de Monfalim e conde da Ribeira, para introduzirem na sala este nosso novo collega.

Introduzido na sala o sr. conde de Bretiandos, prestou juramento e tomou assento.

O sr. Presidente do Conselho de Ministros (Fontes Pereira de Mello): - Devo dar algumas explicações á camara e ao digno par o sr. Carlos Bento sobre o assumpto que se discute, e por isso tomei a palavra para responder tão succintamente quanto comporta a importancia d'esse assumpto, que eu desejaria tratar com mais largo desenvolvimento, se acaso outras considerações não me impedissem de assim proceder.

Agradeço ao digno par o meu amigo o modo por que se occupou da questão, separando-a, do campo apaixonado e politico, propriamente dito, em que porventura algumas outras questões têem sido tratadas, e procurando convencer o governo e a camara, de que não era occasião opportuna de votar este projecto, e que convinha mais que elle fosse adiado para mais tarde.

Sr. presidente, quando citei aqui a opinião do nobre marquez de Sá da Bandeira, foi (a camara comprehende isso bem) no intuito de robustecer a minha propria opinião com a de um tão illustre general e homem d'estado, pois o digno par ha de permittir-me que lhe diga, que s. exa. não me excede no respeito e veneração que tenho pela memoria d'aquelle que foi meu amigo, como foi do digno par, como foi amigo de nós todos, (Apoiados.} e que honrou o exercito e o paiz.

Sr. presidente, eu reconheço que o digno par póde encarar o assumpto que se discute, debaixo de um eu outro aspecto, mas s. exa. tambem não deve deixar de reconhecei que, para ser bem avaliado, é necessario examinal-o sot differente pontos de vista.

Eu tinha ouvido combater o projecto pelo que elle vale pela perturbação que vae lançar em toda a cavallaria, pele mau effeito que vae produzir nos corpos, e em presença d'estas censuras, lembrei-me de citar uma auctoridade respeitavel, para mostrar que a organisação de uma escola de cavallaria e de um deposito de remonta, podia ser de grande vantagem. Esta auctoridade não foi combatida, nem podia ser.

Se o digno par que é estranho ao assumpto, mas em quem todos reconhecem uma grande illustração, quizer estudar o que se passa nos exercitos estrangeiros e ler os auctores competentes, reconhecerá que todos os paizes entendem que é necessario dar uma instrucção propria á arm de cavallaria, para que possa preencher os fins a que é destinada.

Na minha qualidade de ministro da guerra incumbe-m propor ao parlamento as medidas convenientes para dese