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4 DIARIO DA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE

Estremoz, 21, á 1 hora e 30 minutos da tarde. - A Camara Municipal de Estremoz manifesta sua satisfação pela proclamação da Republica nas Cortes Constituintes e sua confiança tio patriotismo dos representantes da Nação, esperando que todas as resoluções que houverem de tomar considerarão apenas os principios eternos da justiça e os altos interesses nacionaes.

Estremoz, 21 de junho de 1911. = O Presidente, Julio Augusto Martins.

Para a Secretaria.

Porto, 22, ás 12 horas da tarde. - A direcção da Associação Commercial dos Revendedores de Viveres por Meudo, do Porto, apresenta a V. Exa. e a todos os illustres Deputados os seus respeitosos cumprimentos e faz votos para que tão nobre assembleia seja o resurgir de uma patria nova. = Julião Machado, presidente.

Para a Secretaria.

Villa Pouca de Aguiar, 21, ás 5 horas e 40 minutos da tarde. - A Commissão Municipal Administrativa do concelho de Villa Pouca de Aguiar, reunida em sessão, deliberou por unanimidade congratular-se pela proclamação republicana, felicitar na pessoa de V. Exa. o Governo representantes do país, saudando o heróico povo de Lisboa, exercito, armada e jornaes republicanos. = O Presidente, Ernesto Canavarro.

Para a Secretaria.

Segundas leituras

O Sr. Presidente: - Vão ler-se as propostas apresentadas hontem pelo Sr. Deputado Nunes da Mata.

(Leram-se, na mesa e foram admittidas).

Vae proceder-se á segunda leitura da proposta do Sr. Alexandre Augusto de Barros.

O Sr. Alexandre de Barros: - V. Exa. hontem declarou que essa proposta devia ir á commissão respectiva; logo, parece-me que ficando nessas condições não de vê ter segunda leitura.

O Sr. Presidente: - Tenho de mandar proceder á segunda leitura d'ella, para perguntar á Camara se a admitte, e, se for admittida, vae então a commissão de legislação.

Leu-se na mesa.

O Sr. Presidente: - Os Srs. Deputados que admittem esta proposta a discussão tenham a bondade de se levantar.

Foi rejeitada.

O Sr. Presidente: - Agora é que posso dar a palavra aos Srs. Deputados que a desejarem antes da ordem do dia, mas lembro-lhes que só podem falar, cada um, durante um quarto de hora.

Varios Srs. Deputados pedem a palavra.

O Sr. Abel Botelho: - Peço a palavra para um assunto urgente.

O Sr. Presidente: - Convido o Sr. Deputado a vir communicar á mesa o assunto de que deseja tratar com urgencia.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Abel Botelho pediu a palavra para um negocio urgente, qual é o de saudar a nação inglesa, por se realizar hoje a coroação do liei Jorge V.

Os Srs. Deputados que concordam com a urgencia do assunto, levantam-se.

Foi approvado.

O Sr. Abel Botelho: - Meus senhores: eu pedi a palavra unicamente para submetter a apreciação da Câmara a seguinte proposta de saudação:

A Assembleia Constituinte Portuguesa, tenho em attenção a solemne festa nacional hoje celebrada pela Gran-Bretunha, sauda a nação alliada e amiga, congratulando-se com ella por essa festa e associa-se á homenagem prestada ao seu Chefe de Estado.

22 de junho. - Abel Acacio de Almeida Botelho.

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros (Theophilo Braga): - Sr. Presidente: o Governo acompanha com enthusiasmo e convicção a proposta de saudação dirigida pelo nosso collega Abel Botelho á Inglaterra.

Neste momento solemne, a Câmara deve reparar neste facto: as allianças com a Inglaterra foram sempre desnaturadas; não era uma alliança da familia dynastica nem de favor pessoal, mas sim com a nação portuguesa; e a prova d'isto é que, quando esta Republica se criou, houve desconfiança em que ella só mantivesse; e a Inglaterra foi sempre o ponto firme por onde as outras nações se orientaram no que deviam seguir, dizendo: o que a Inglaterra fizer, faremos nós.

Esta atitude, esta amizade não era por familias, era de um povo para outro povo.

Não ha hoje nação grande nem nação pequena, ha povos livres.

Isto deu confiança ao Governo, que não pode deixar de tributar áquelle povo uma amizade tradicional, ainda mesmo sob o ponto de vista da nova politica portuguesa.

Quando na mensagem do Governo hontem nos referimos áquella potencia, o unico fim d'essa referencia era esta circunstancia: - que as allianças com a Inglaterra se dignificam por serem de povo para povo.

O Sr. Jacinto Nunes: - Proponho que seja votada por acclamação a proposta do Sr. Abel Botelho.

Posta á votação, foi approvada por acclamação.

O Sr. Eusebio Leão: - Quando se lia o expediente na mesa ouvi que o Uruguay se tinha manifestado de uma forma idêntica á do Brasil.

Quero acreditar que a Câmara teve intuito de manifestar ao Uruguay o mesmo que ao Brasil.

Escuso, pois, de insistir e passo a outro assunto.

No expediente ha hoje uma moção que merece para todos nós a maxima attenção. E a que vem da Associação Commercial de Lisboa. Até aqui dizia-se que a Associação Commercial de Lisboa e outras não estavam perfeitamente identificadas com a Republica. Essa moção é a sequencia de outra que foi approvada pelas quatro associações mais importantes do país, porque representam as suas forcas vivas:

A Associação Commercial de Lisboa, a Associação dos Legistas de Lisboa, a Associação Industrial Portuguesa e a Associação Central da Agricultura.

Esta moção, votada por estas quatro associações, veio exactamente na occasião em que se pretende fazer uma campanha de descredito contra a Republica Portuguesa.

Essa moção, que foi d'aqui mandada para o estrangeiro, veio trazer a confirmação de que aquellas importantes associações, representativas, repito, das forças vivas mais importantes do pais, querem a paz e a ordem, affirmando a sua solidariedade com a Republica feita.

Entendo que este facto não pode deixar de ser tomado na devida consideração pela Câmara, e, por isso, é que eu tomei a palavra.

Tenho dito.