O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 8 de Janeiro de 1919 37

O Sr. João de Almeida não escreveria isto. se alguém lhe não dissesse o contrário do que era verdade.

Faço-lhe essa justiça.

Estou porém convencido, e tudo me leva a crer, por nenhuma referência ser exacta, que a carta é forjada, e a autoria não será fácil de descobrir.

O Sr. Cunha Liai falou na última proclamação da junta militar do Pôrto, onde há passagens rectificadas por mim.

Perante os delegados da junta do Pôr-to, com a assistência do Sr. comandante do Corpo de Tropas da Guarnição de Lisboa, do coronel Silva Ramos, com a assistência dos Sr s. Fernandes de Oliveira e Francisco Fernandes e capitão Cruz Azevedo, tendo-se preguntado se a proclamação tinha sido feita pela junta, os Srs. coronel Silva Ramos e major Martinho declararam não ter de tal conhecimento.

Nessa proclamação diz-se, entre outras cousas, que as juntas se constituíram para impor a Tamagnini^3arbosa que formasse o Ministério a que se tinha comprometido.

Ora, foi-me entregue a presidência do Ministério na madrugada de 22 para 23; as juntas constituíram-se em 16. Á primeira proclamação tem a data de 18. Como é que as juntas se constituíram para eu formar o Ministério a que me tinha comprometido? Não se constituíram elas antes de eu ser incumbido de formar Gabinete?

Disseram os delegados que não tinham conhecimento dessa proclamação, que foi publicada nos jornais do Pôrto e assinada pela junta militar do norte. E ou a junta é constituída por homens de bem, que foram mal informados, ou não foi a junta que fez essa proclamação.

O Sr. Camilo Castelo Branco: - Desejava que S. Exa. me informasse se não tinha tomado compromisso, com os indivíduos que constituíram ajunta anteriormente à data que S. Exa. citou, para formar depois o Gabinete.

O Orador: - Já fiz o relato dêsse facto.

O que se passou comigo foi simplesmente o seguinte : o Sr. João de Almeida, que não tinha a honra de conhecer, procurou-me no meu Gabinete do Ministério das Finanças, acompanhado pelo Sr. Silveira Ramos, e declarou-me que a obra do Sr. Dr. Sidónio Pais estava em perigo, porque o Sr. coronel Montês estava a fazer a organização das juntas militares sem nenhum respeito pelas hierarquias, contra a disciplina e por uma forma desprestigiosa para as instituições militares, e que a mim, na minha qualidade do militar e de membro do Govêrno, vinha pedir para contrariar essa organização.

E como? Fazendo os comandos de confiança do Govêrno e os quadros de confiança dos comandos.

Respondi que, apesar da minha dupla qualidade de militar e de Secretário de Estado, nada o podia fazer sem o relatar ao Dr. Sidónio Pais.

Tudo relatei a S. Exa. e daí resultou uma conferência entre o Sr. Presidente da República e o Sr. João de Almeida.

Procurou-me depois êsse oficial para me mostrar uma base de organização, dizendo-me que o Sr. Dr. Sidónio Pais recebera bem a idea, que lho dissera que era boa, mas que tinha os seus perigos e que não queria dar êsse passo som primeiro reunir em Lisboa os comandantes das unidades para os ouvir.

Eu procedi sempre assim, e desde que o Congresso aceitou que o Sr. Presidente da República nomeasse e demitisse livremente os seus Ministros, eu habituei-me a não proceder sem ouvir o Chefe do Estado.

Hoje a fórmula mudou, porque estabelecemos o parlamentarismo, logo que faleceu o Sr. Dr. Sidónio Pais, por isso que não se tinha previsto a fórmula de substituição de Presidente.

Foi na redacção do Tempo, onde eu estava, que o Sr. coronel João de Almeida e o Sr. capitão Veloso me procuraram e me disseram que o trabalho estava sendo organizado, que o Sr. Presidente da República recebera bem a idea, e que tendo-se dado o primeiro atentado, era preciso prever a hipótese da morte do Sr. Presidente e cuidar primeiramente da substituição.

Previa-se que êsse atentado era o primeiro duma série deles que estavam premeditados e que, realizados êsses atentados, o movimento revolucionário viria para a rua não podendo haver, nessas condições, Govêrno que não fôsse escudado na tropa.