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32 Diário da Câmara dos Deputados

Feliciano: é que depois dos democráticos, havemos de bater os monárquicos!"

E eu posso dizer que o Dr. Sidónio. Pais morreu no auge da sua glória, porque êle ia começar a atacar os monárquicos; morreu no início da sua obra; foi a bala assassina que o atravessou no momento em que ia embarcar no comboio para o Pôrto, a fim de descongestionar as juntas militares e substituir algumas autoridades civis.

Ninguêm tem querido afirmar isto no Parlamento, nem na imprensa, nem em comícios, nem em palestras, porque isso não convêm à sua política pessoal.

Isso é uma conveniência para aqueles que vieram da China fazer os jogos malabares.

A exploração que se tem feito ultimamente sôbre o cadáver do Dr. Sidónio Pais deve constranger o coração daqueles que o acompanharam, deve fazer chorar a alma do todos, porque essa exploração foi até o ponto de lhe atribuírem uma frase, de que todos se servem para o uso mesquinho da vaidade política: "Salvem a Pátria!" Ninguêm teve ainda a hombridade do vir dizer que tinha ouvido essa frase;

O Sr. Eurico Cameira (Secretário de Estado do Trabalho): - Fui eu!

O Orador: - Fui informado de que o Sr. Carneira ouviu somente a frase "Não me apertem, rapazes". E eram realmente os rapazes que o apertavam, e êle tinha toda a noção da política ambiciosa que ia estrangulando a sua vida pública.

Toda a gente sabe que as tropas no dia 23 de Dezembro saíram dos seus quartéis em atitude agressiva ao Govêrno.

Toda a gente sabe que se conspira no Pôrto, e por isso eu queria ver aqui na Câmara um governo das juntas para pedir responsabilidades dos actos cometidos.

Dêsses militares que hoje defendem o brio e a honra do exército português nas juntas posso dizer que o coronel Sr. Silva Ramos entrou uma vez para um carro eléctrico empurrado por mim, porque queria fugir a uma reunião a que se houvera comprometido.

O Sr. capitão Alegro comandava 300 homens em Mafra, à data da revolução de Dezembro, e depois, quando convidado" a sair com essa fôrça, recusou-se a fazê-lo.

São assim êsses valentes e briosos!

S. Exa. o Sr. Tamagnini Barbosa sabe fugir, na declaração ministerial, com a passagem envolvente de todos os monárquicos do seu Govêrno para defender o Govêrno da República. Não basta neste momento. Eu torno ainda a dizer, lembrando-o Dr. Sidónio Pais: todas as vezes em que êle, cercado da massa popular e da chamada massa conservadora, fazendo realçar o seu espírito republicano o democrático, na verdadeira acepção da palavra, quando ouvia soltar vivas à Pátria, ao exército e à armada, êle dizia sempre: "Viva a República Nova".

Tenho dito.

O Sr. Ministro do Trabalho (Eurico Cameira): - Sr; Presidente: pedi a palavra a V. Exa. para responder a umas frases que só disseram a meu respeito, sendo a minha resposta dada como Deputado, como cidadão, o não como membro do Govêrno.

Antes, porém, tenho de dar uma explicação à Câmara sôbre a minha falta de comparência as sessões anteriores.

Alguêm quis insinuar que eu não comparecia por motivo de não querer cooperar nos trabalhos parlamentares.

Uma única vez que me foi dado falar nesta Câmara, para agradecer, como revolucionário de 5 de Dezembro, as saudações que o Sr. Presidente desta assemblea fez a êsses revolucionários, disse o que entendi dever ser a orientação dos Srs. Deputados que constituem esta Câmara, Deputados eleitos pela vontade do povo, sob a orientação idealista da revolução de 5 de Dezembro.

Quando falei expressei apenas a minha opinião, dizendo que falava em meu nome pessoal.

Todavia chegou aos meus ouvidos que alguém dissera que eu viera expender opiniões que não eram só ditadas pela minha maneira de pensar, mas que exprimiam igualmente o pensar de alguém. Desde êsse momento entendi não mais dever falar aqui, ou dizer apenas muito pouco, para que se não dissesse que eu vinha ser na Câmara o porta-voz de outrem. É êste o motivo porque não tenho colaborado nos trabalhos parlamentares.