O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 8 de Janeiro de 1919 33

Em resposta ao Sr. Deputado que me antecedeu no uso da palavra, tenho a dizer que efectivamente aquilo que veio trazer à Câmara chegou aos meus ouvidos, dito por uma pessoa que está presente. No dia em que tive disso conhecimento escrevi uma carta, de umas poucas de folhas, ao Sr. Presidente da República, em que explicava o que entendi dever dizer, carta que existe no arquivo da Presidência, e em que mo despedia da Presidência.

O Sr. Dr. Sidónio Pais mandou chamar-me e determinou-me expressamente que continuasse na Presidência.

Creio que o Sr. Deputado, não conhecendo isto, não devia dizer o que veio dizer a esta Câmara. Felizmente estão presentes pessoas que intervieram neste assunto, de que existe, como documento, uma carta escrita.

A respeito doutras insinuações que se fizeram ao Sr. Presidente nada direi. A sua memória é tam grande, a sua obra está de tal maneira radicada no espírito de todos, os seus intuitos eram tam nobres que, estando já morto e sendo recente o seu falecimento, não me parece agora o momento oportuno para vir dizer cousas que, se por acaso passaram no seu espírito, eu não julgo que êle as dissesse a alguém, se é que êle sequer as pensou.

Para quem o conheceu, como eu, sabe que era republicano de consciência, e que outra cousa não podia ser. Mas, mesmo que o não fôsse, nunca poderia contribuir para uma intriga.

Já morreu, e por isso entendo que ninguém pode jogar sôbre a sua memória, pois êle não é presente, para se defender.

Tenho dito o que a verdade me manda dizer.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Tamagnini Barbosa): - Sr. Presidente: eu principio respondendo às considerações que foram feitas sôbre a resolução para se constituir o actual Gabinete, por ler, repetindo, as palavras a êsse respeito referentes na declaração ministerial, que a Câmara ouviu há pouco.

Leu.

Não relatei, Sr. Presidente, e V. Exa. o Sr. Presidente do Senado e os leaders das duas casas do Parlamento, com excepção do Sr. Dr. Almeida Pires, porque não se encontrava em Lisboa na ocasião, sabem que antes de se liquidar o incidente, no momento em que eu tinha esgotado todos os meios suasórios para a solução da crise, foi proposta a violência.

V. Exa. sabe que depois do Sr. Castro Lopes ter aconselhado o enveredar-se pelo caminho da violência, e depois de V. Exa. ter ponderado que talvez as juntas não transigissem, os leaders, os Presidentes das duas. casas do Parlamento e os membros do Govêrno presentes acordaram em se encontrar uma solução conciliatória.

Sr. Presidente: não há ninguém nesta Câmara ou fora dela que possa manchar o meu nome, seja com que fôr. Caluniou-me uma vez um homem. Está nos tribunais para responder pela calúnia, e eu, se quisesse falar de alguém, muito teria que dizer.

O Sr. Cunha Lial (interrompendo): - Diga tudo.

O Orador: - O que eu tiver que dizer de S. Exa. hei-de esclarecê-lo nos tribunais.

Sr. Presidente: a República não periga com atitudes desta natureza ; a República só periga pelas intrigas do Parlamento, a República só periga com o facto, visto por todos nós, de se transmitir falsamente, pelo telégrafo, deturpando a verdade, a um homem de bem, como é Carlos da Maia, as palavras honradas proferidas pelo Sr. Miguel do Abreu. Não são as vozes dos que não colaboraram com o Dr. Sidónio Pais que deverão ser ouvidas, mas sim as daqueles que o auxiliaram. A essas obedeço; as outras não as escuto.

Sr. Presidente: os pontos de dúvida, mas, antes do mais, perdõem-me os ilustres Deputados que fizeram uso da palavra não ter ainda agradecido aos Srs. Almeida Pires, Aires de Ornelas, Miguel de Abreu, Pinheiro Tôrres, Fidelino de Figueiredo, Nobre de Melo e Santos Moita as suas palavras de apoio ao Govêrno.

Essas palavras traduzem mais alguma cousa do que o apoio pessoal, apoio individual.