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4 Diário da Câmara dos Deputados

peitos de seguir uma política retrógrada e reaccionária.

O Sr. Rocha Martins, que não pode pelo motivo que já apontei vir a esta Câmara, solicitou-me que juntasse eu o meu nome ao nome de S. Exa. e fizesse o que S. Exa. não pode fazer.

Devo declarar que me associo à iniciativa dêste Sr. Deputado com o maior prazer, e, como não quero tomar à Câmara mais tempo, vou terminar.

Devo declarar também que se tornei mais vivo o meu protesto contra o facto de não me quererem deixar falar, quando devia usar da palavra, isso não representa para V. Exa., Sr. Presidente, nem para a Mesa, nem para a Câmara, nem para ninguém, a menor desconsideração, nem ofensa, mas simplesmente representa a luta legítima por um direito de que eu não me queria deixar esbulhar.

O orador não reviu.

O Sr. Ponces de Carvalho: - Pedi a palavra pura mandar para a Mesa um projecto de lei relativo à promoção dos oficiais do quadro do saúde do Ultramar.

Êste projecto de lei tem por fim garantir aos médicos e farmacêuticos do Ultramar as regalias de que gozam já os oficiais do, quadro de saúde naval e do exército. É justo que êsses oficiais, pela qualidade de serviço que prestam no Ultramar, permanecendo longo tempo em regiões, onde grassa toda a espécie de epidemias e estando constantemente expostos a contraí-las em serviço da nação sejam equiparados aos seus colegas da metrópole.

Nestas condições devemos fazer justiça às reclamações dessa classe.

Mando para a Mesa êste projecto de lei e peço a urgência. Já que estou no uso da palavra, aproveito o ensejo para expor à Câmara o assunto para que há muito tempo havia pedido a palavra.

O Sr. Ponces de Carvalho: - Saúdo V. Exa., Sr. Presidente, a Câmara e o Govêrno, congratulando-me pelas vitórias já alcançadas contra os revoltosos do norte e por ver que resultam infrutíferos os seus esfôrços no sentido de imporem pelo terror e pela violência um regime por êles próprios dos acreditado e comprometido.

Saúdo também as forcas do exército e da armada, pelo brio, coragem e patriotismo que terão demonstrado na defesa da Pátria e da República.

Dêste conflito resultou a crise política que determinou a constituição do actual Ministério.

Dele fazem parte individualidades do destaque no nosso meio político, representantes de todos os partidos da República, entre as quais figura o nosso leader da maioria, Sr. Egas Moniz, hábil diplomata o brilhante parlamentar, que tam relevantes serviços tem prestado ao seu país o que, quer como académico, quer como professor e ainda como parlamentar, se tem distinguido sempre, não só pelo brilho da sua eloquência, como pelo profundo conhecimento de todos os assuntos de que se tem ocupado e pela clareza e imparcialidade com que encara todas as questões que tem tratado nesta casa do Parlamento.

Bem acertada foi, pois, a sua escolha para representante do Portugal na Conferência da Paz, onde tem sabido defender os altos interêsses do seu país com a maior dedicação e entusiasmo.

Um Govêrno assim constituído é sem dúvida uma garantia segura de que o prestígio do Poder será mantido o do que os graves problemas que demandam o seu estudo serão resolvidos com o maior escrúpulo e correcção.

Entre êsses importantes problemas sobreleva o da crise económica que atravessamos e o do restabelecimento da harmonia social no nosso país.

Para êles devem convergir toda a nossa atenção e os nossos maiores esfôrços.

A luta sangrenta em que as nações beligerantes se debateram durante quatro longos anos teve, segundo Gustavo le Bon, o raro privilégio de estabelecer a igualdade social que nem a Revolução Francesa, nem os regimes que se lhe seguiram, lograram realizar durante mais de um século.

A vida em comum nos campos da batalha igualou por completo homens do todas as classes e de todas as raças dominadas pela única aspiração da vitória do direito e da justiça e pelo desejo do cumprimento do sagrado dever da defesa da Pátria.

A verdadeira igualdade e fraternidade só então se fez sentir, em face do perigo,