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Sessão de 8 de Dezembro de 1919 7

Anterior: o desejo de seguir o exemplo de imparcialidade por V. Exa. dado.

Vozes: - Muito bem, muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. Eduardo de Sousa: - Sr. Presidente: V. Exa. sabe-me dizer se o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros vem hoje à sessão?

O Sr. Presidente: - Deve comparecer na segunda parte da ordem do dia.

O Sr. Eduardo de Sousa: - Eu sei que êle se encontra nos corredores da Câmara.

O Sr. Presidente: - Vou tratar de saber se S. Exa. se encontra presente.

O Sr. Pais Rovisco: - Apesar do serem decorridos já alguns meses depois que o actual Govêrno veio à Câmara ler a sua declaração ministerial, tenho bem gravadas nos ouvidos as palavras então pronunciadas pelo Sr. Presidente do Ministério: "Quando aqui dentro ou lá fora houver uma corrente contrária ao Govêrno êle saberá imediatamente abandonar as cadeiras do Poder".

Tomei estas palavras como boas, sinceras, como verdadeiro penhor de quem jamais pretenderia governar o seu país contra a vontade da Nação, tanto mais que estas palavras partiam dum oficial1 que soubera ir para França bater-se pela sua Pátria e pela liberdade, que se encontravam ameaçadas, e lá, embora lhe fôsse destinado um lugar na base, no quartel general, onde esteve, jamais se negou, ou era capaz de só negar, a ir para as linhas do fogo se o sou general para lá o tivesse mandado.

Quando o Govêrno leu a sua declaração ao Parlamento, do todos os lados da Câmara encontrou facilidades para realizar o programa que nela se continha. Encontrou apoio do lado da maioria; deu-lhe o partido evolucionista, pela palavra eloquente do seu chefe, o actual Presidente da República; deu-lho a União Republicana; deu-lho o partido socialista e, lá fora, o Govêrno encontrou ao seu lado o povo, porque o povo, que anciava pela realização das suas aspirações, pensou que êste Govêrno as podia realizar.

Como muitas vezes tem dito o Sr. Sá Cardoso, governar é encontrar aquele momento em que se devem fazer as cousas... O Sr. Sá Cardoso tem arrastado todo o- tempo da sua vida ministerial procurando encontrar o momento para salvar o País... (Riso). E, emquanto S. Exa. procura êsse tal momento, o Sr. Ministro da Agricultura dorme na sua cadeira de Ministro; o titular da pasta das Colónias viaja à volta do mundo; o Sr. Ministro do Comércio gastou um tempo precioso na elaboração da proposta de lei que entrega os navios ex-alemães a uma companhia particular. Mas o povo tem o direito e o dever de lançar mão de todas as armas para invalidar essa proposta, que será a sua ruína máxima (apoiados), e que será, Sr. Presidente, o último cordel que se pretende lançar à garganta da Nação.

O Sr. Ministro das Finanças entende que, para se fazer uma grande colheita de votos e de correligionários, é preciso fazer, simultâneamente, uma longa sementeira e abre-lhes as portas dos cofres públicos, e por tal forma que nos vamos avizinhando da bancarrota.

E a obra dos outros Ministros não é melhor, infelizmente.

E o Sr. Sá Cardoso continua procurando o momento de salvar o País.

Entretanto, o povo, lá fora, divorcia se do Govêrno, e, convencido já de que elo não pode realizar o seu programa, arma-se contra o Govêrno. Lá fora, ao que consta, dão-se os últimos retoques numa revolução e as revoluções fazem-se, só quando encontram atmosfera propícia e esta fornece-lho o próprio Govêrno.

Mas, se a situação do Ministério a que preside o Sr. Sá Cardoso, por nosso mal, com o povo é assim tensa, com o Parlamento não é melhor.

E assim é que das bancadas socialistas tem surgido protestos clamorosos contra o Govêrno; o seu leader convidou francamente, claramente, o Sr. Sá Cardoso a abandonar as cadeiras do Poder. A isto, respondeu o Govêrno com o seu silêncio.

O Partido Liberal tambêm já por mais duma vez tem apresentado moções de desconfiança ao Govêrno.

A atitude do Partido Popular perante o Govêrno é o que se está vendo... Todavia, o Govêrno está disposto a não