O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 10 de Dezembro de 1919 5

O Sr. Presidente: - Não posso fazer essa consulta à Câmara por que na Mesa não consta que a comissão de pescarias esteja constituída.

O Orador: - Julgava que já o estivesse, e é para lamentar que isso ainda se não tivesse dado.

O orador não reviu.

O Sr. Manuel Fragoso: - Sr. Presidente: desejaria que estivesse presente o Sr. Ministro da Guerra ou qualquer outro membro do Govêrno, para ouvir o assunto que vou tratar; mas mesmo na ausência de S. Exas., farei no emtanto as minhas considerações.

O assunto diz respeito aos automóveis do Parque Automóvel Militar, e então eu procurarei liquidá-lo com a mesma rapidez com que os referidos autos costumam despachar para o outro mundo os pacíficos habitantes de Lisboa.

O caso já foi tratado nesta Câmara e no Senado, e eu quero crer que fossem dadas as ordens precisas, mas vê-se, porêm, que elas não foram acatadas nem estão a ser cumpridas!

São perfeitamente criminosas as correrias vertiginosas em que andam os automóveis do Parque Automóvel Militar pelas ruas de Lisboa, pondo em perigo a vida dos habitantes da capital.

Isto não pode continuar! E necessário pôr-se cobro às velocidades dêsses carros!

90 por cento dos desastres causados por automóveis que vêm relatados nos jornais, são originados pelos automóveis do Parque Automóvel Militar.

O Sr. Vasco Vasconcelos: - Já três vezes levantei esta questão e ficou tudo como dantes.

O Orador: - De duas uma: ou nas ruas- de Lisboa só andam automóveis do Parque Automóvel Militar e continua, assim o uso e abuso dêsses carros como lei do Estado, ou os chauffeurs dos automóveis do Parque Automóvel Militar os únicos a quem se permite a liberdade de excederem as velocidades razoáveis e não acatarem nem respeitarem as leis em vigor.

Os Srs. chauffeurs do Estado julgam-se, talvez por isso, senhores das ruas da cidade e de imunidades especiais, desobrigados de respeito pela polícia e pelas leis?! Parece que sim.

Até aqui ainda escapavam à sua fúria destruidora os que iam pelos passeios, quem se fazia transportar nos eléctricos, ou quem viajava em outros automóveis.

Presentemente nem já êstes escapam; porque êles investem uns com os outros, investem com os eléctricos e saltam pelos passeios.

Amanhã nem já me admirarei de ouvir dizer que os carros do Parque Automóvel Militar atropelaram sua Majestade Fidelíssima El-Rei D. José I no alto do seu cavalo de bronze da memória do Terreiro do Paço.

Peço, pois, ao Sr. Presidente que transmita, com interêsse, as minhas considerações ao Sr. Ministro da Guerra, fazendo ver a necessidade de S. Exa. ordenar, para o comando do Parque Automóvel Militar, que se respeitem as leis e os regulamentos em vigor.

Chamo tambêm a atenção do Sr. Presidente do Ministério para que S. Exa. diga à polícia de Lisboa que olhe cuidadosamente, e em especial, para os automóveis do Estado.

Assim teremos conseguido, permita-se-me a expressão, duma cajadada matar dois coelhos: salvar a vida àqueles ditosos habitantes de Lisboa que até hoje tenham escapado, e salvar tambêm os interêsses do Estado constantemente lesados em dezenas de milhares de escudos, que é quanto custam, ao tesouro público, os desastres dos automóveis do Parque Automóvel Militar.

O Sr. Eduardo de Sousa: - E o perigo dos side-cars?

O Orador: - Êsses ainda são piores, porque alêm de tudo mais dão-nos cabo da cabeça. Quanto a mim, Sr. Presidente, quando pego nos jornais e leio as três letras fatídicas P. A. M., já de certa forma as confundo com o R. I. P. que costumam encimar os convites religiosos para os funerais católicos.

O Sr. António José Pereira: - Sr. Presidente: peço a V. Exa. que não veja nas minhas palavras a mais pequena censura, pois tenho por V. Exa. a maior consideração e respeito.