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de 23 de Janeiro de 19SO

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Não posso deixar de fazer, em espo-cial, um agradecimento ao Sr. Presidente do Ministério .polas palavras amáveis e imerecidas quo me dirigia, e agora a Câ-jn«r;i. vai continuar nos seus trabalhos.

O Sr. Orlando Marcai: — Sr. Presidente ; certamente não é surpresa para ninguém a declaração inicial de que vim ao Parlamento como Deputado independente, e é nessa qualidade que vou apreciar a solução da crise ministerial e b programa do novo Governo,

Todos os de boa fé verão nas minhas palavras somente a expressão da minha sinceridade e, ao abordar a aludida solução da crise, faço -o no uso legítimo dum direito que, como político, não declino, mas sem pretender ferir, ao de leve sequer, as susceptibilidades dos Ministros Apresentes, que a minha retina entrevo e acarinha num banho luminoso e forte de simpatia funda, não me esquecendo jamais que a figura do Sr. Domingos Pereira, Presidente ds Ministério, vive e palpita na mLaha comovida lembrança pelos saudosos tempos académicos, ambos presos à mesma idea e ao mesmo sonho de redenção da Pátria pela República. IVTas soou a hora grave de proclamar ao País a linguagem da verdade (Apoiados) e, por consequência, sem reservas e sem paixões, devo declarar que a organização do actual Ministério não me agradou, nem como político, nem como cidadão, bem como não deparou simpatias nem aplausos na consciência republicana da Nação. (Apoiados}.

Em meu humilde entender, e na convicção de muitos portugueses que põem olhos esperançados no rejuvenescimento da raça e no engrandecimento do País, quási depauperado, o que estava indicado pelo desarrôlo dos acontecimentos era a constituição dum Ministério nacional ou de concentração republicana (Apoiadox), onde as forças vivas da Nação estivessem representadas e. sujeitas à mesma responsabilidade na hora que passa, que ó grave, é torva, é amargurada e pode ser para todos nós fatal. (Apoiados}.

O próprio Sr. Domingos Pereira, na sua declaração, pretendeu justiíicar-se, mas isso não impede que eu diga, serenamente, tnas com rasgada afoiteza, que o Governo quo naquelas bancadas só seu-

ta, sob a sua presidência, é um bluf lançado ao rosto do País, pela maneira atri-biliária como foi engendrado e pelos processos emaranhados de que lançaram mão para o confeccionarem.

Não se veja nas minhas expressões o mais leve sintonia de agravo, pois ô meu costume agir com a maior lialdade e correcção, e se. sob o ponto de vista pessoal, eu nutro pelos elementos constitutivos do Governo aquela elevada veneração que merecem, sob o ponto de vista político eu não posso deixar de dizer ao meu País o que me vai no coração de republicano e de português duma só fé. (Apoiados).

Mas que as minhas pronunciadas palavras de protesto são a expressão do meu pensamento, e ainda o de muitos cidadãos sinceros que desejavam que as cousas públicas fossem a caminho das altas realizações, para bem da comunidade, vou demonstrá-lo.

ApresenU-^o-se o actual Governo com ar soturno ^ Parlamento, lida através um silêncio sepulcral a sua já célebre mensagem de apresentação, que presumia atingir as bases dum programa, mas que cousa alguma representa, porque nada é, o ilustre leader da maioria democrática, Sr. Álvaro de Castro, frouxamente desbocou algumas socas e pálidas palavras que me deram a impressão dum verdadeiro dobre a finados. Êss,e político, porém, não exteriorizou o sorriso confiado dos instantes supremos, nem demonstrou o entusiasmo natural que palpita no- seu cpração de patriota, vendo a Nação a necessitar duma fQrça directiva que lhe empreste vitalidade, pronuncio e sintoma eloquente de que igualmente não concordou com a organização do actual Ministé-rk>.