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Seêião de 28 de Janeiro dt J920

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Vários Srs, Deputados pedem a palavra.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra em nome da comissão de inquérito ao Mi nistério das Colónias, o Sr. Cunha Liai

O Sr. Cunha Liai: — Perdão! Eu ped1 a palavra como vogal da comissão e não em nome dela.

O Sr. Presidente:— Tem V. Ex.a a pá lavra.

O Sr. Cunha Liai: — Apenas duas pala vras. Comunico á Câmara que a convido a substituir-me no cargo de vogal da comissão de inquérito ao Ministério das Colónias, visto que, pertencendo eu ao Grupo Parlamentar Popular o não tendo a Câmara dado ao Sr. Pais Rovisco, no caso passado com S. Ex.a na comissão de inquérito ao extinto Ministério das Subsistências, a satisfação que o meu grupo entende que lhe era devida, eu não posso continuar na comissão para que esta Câmara me elegeu.

Solidarizo-me com o procedimento do meu colega Pais Kovisco e, nestas condições, renuncio a pertencer a tal comissão.

O orador não reviu.

O Sr. Nuno Simões: — Sr. Presidente: na sessão de ontem tive ocasião de chamar a atenção do Governo, por intermédio de V. Ex.a, para o que eu considerava uma propaganda a que ora necessário pôr termo. Essa propaganda realizava-se a dentro de fronteiras.

Uma outra, não menos prejudicial para a nação portuguesa, se está dando, e essa, Sr. Presidente, afora de fronteiras.

Estimo muito que se encontrem presentes os Srs. Ministros, das Colónias e do Trabalho, que são dois distintos jornalistas, para exprimir aqui o meu protesto formal contra a propaganda que se está fazendo no estrangeiro contra Portugal.

Há muito que o país devera ter tido cautela, devera ter tido cuidado, devera ter tido solicitude, olhando por intermédio do Governo para aquilo que se chama i

a propaganda de Portugal no estrangeiro. Mas, se em todos os momentos era necessária essa solicitude, agora, mais do que nunca, ela se torna indispensável porque se está fazendo no estrangeiro uma obra absolutamente contra Portugal, urna obra de traição,. uma obra de hostilidade, a que é preciso pôr termo custe o que custar.

Sr. Presidente: antes de fazer as considerações que me sugere o artigo que vem publicado no último número do jornal El Sol, quero declarar que ó um sincero amigo da Espanha, em que há uma elite intelectual e política bem digna da nossa simpatia e do nosso apreço, E afirmado isso, vai referir-se à propaganda contra a Eepública Portuguesa que se está fazendo em El Sol, o grande diário espanhol da direcção de Manuel Aznar, um dos mais distintos jornalistas europeus, por cujo espírito moderno, aberto a todas as ideas e limpo de todos os prejuízos em que se apoiam o.s impenitentes intervencionistas espanhóis, tem, aliás, a maior simpatia.

Essa propaganda é toda da autoria do seu colaborador Lorenzo, que, se não está em erro, foi um dos que em determinado momento andaram agitando por aqui e por Espanha a bandeira dum amoroso iberismo que nem por se haver modernizado era menos equívoco do que o antigo.

Pois o Sr. Lorenzo há muito tempo que, afávelmente, nos vem comprometendo perante o mundo com a sua preocupação do bolchevismo em Portugal, preocupação quo o formal desmentido da legação portuguesa em Madrid não bastou para desfazer. E essa preocupação foi ao ponto de, no último número de El Sol, chegado a Lisboa, se afirmar que, com a queda do primeiro Gov'êrno Domingos Pereira, cairam as esperanças dos sovie-tistas que ele havia alimentado.

Ora isto não é verdadeiro. Dito por um português seria uma mentira. Escrito por um espanhol — dopois de D. Manuel de Bragança declarar que a Espanha tem feito tudo para, junto da Sociedade das Nações, conseguir um mandato de intervenção om Portugal — não tem classificação.