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Sessão de 26 de Abril de 1020

que constantemente está a suceder-lhe, j Apresenta no seu programa a palavra «ordem», escrita não sei quantas vezes, e a verdade é que não tem havido senão, por toda a parte, a desordem ! . «Ordem» é a palavra milagrosa que deveria trazer ao Governo—no pensar de S. Ex.a — uma corrente de simpatia que o impusesse ao País inteiro, embora mais. não houvesse senão — «Ordem».

j E a ordem, parece ter fugido, espavorida de toda a parte, tendo ficado

O Sr. Manuel Fragoso: — Isso não passa duma blague.

Aparte do Sr. Velhinho Correia que não se- ouviu.

O Orador: — V. Ex.as podem interromper-me ò. vontade que não conseguem perturbar-me; e, se desejam que o que eu digo não se ouça, que o público não saiba quanto se passa, há-de ser-lhes di-fícii, porque eu sou daquelas criaturas que não canso facilmente e digo o que tenho para dizer, sempre que quero dizer.

Não vale, pois, a pena interromperem-me.

Sr. Presidente: por toda a parte — repito— não vejo senão a desordemjque o Sr. Presidente do Ministério não sabe evitar; desconheço, para a suprimir, outro processo que não seja o da violência, aquele de que mais facilmente se pode usar, — o emprego da baioneta e o\o tiro. (Apoiados).

j Evitar a desordem ou não está no seu programa, on no seu saber!

Sr. Presidente: eu quero salientar bem claramente, respondendo a um aparto que me foi dirigido, que não tenho a pretensão 'de iniciar neste momento um debate político.

Pensei até, primeiramente, em fazer estas considerações na ocasião destinada para antes de se encerrar a sessão. E, se não o fiz, foi porque não desejo dirigir considerações ao Sr. Presidente do Ministério nessa ocasião porque, de ordinário, como tenho visto, S. Ex.a está muito bem disposto e responde por um modo que se me afigura sor um bocadinho ligeiro, atendendo ao lugar em que nos encontramos»

Quere isto dizer que eu, como Deputado, não gostaria que S. Ex.a me respondesse por essa forma, tanto mais que eu sou sempre absolutamente correcto e não 'oculto a maior consideração pelas pessoas que aqui sé encontram, ou sejam as qiie ocupam as suas cadeiras de Deputados, ou sejam as que se encontram nas cadeiras do Governo.

E, se estas considerações faço, é porque entendo do meu dover fazê Ias, embora não pense, nem deseje, que o Governo caia por emquanto, pois eu tenho a opinião de que^ ele há de cair por si próprio, arrastado pelas desgraçadas medidas que tem promulgado, porquo â sua obra económica é igual à sua obra financeira, e uma e outra tam eficazes, de tam bons resultados como a «ordem» que ele tem conseguido neste País.

Sr. Presidente: muito embora o Sr. Velhinho Correia tivesse procurado, há pouco, num seu aparte, salientar que eu não tinha razão nas afirmações quo fazia a propósito de se verificar que o Governo só procura prolongar a sua vida por meio do elixir da ordem púbiica e doutros de igual força, a -verdade é que os factos mostram, no tocante a medidas de ordem económica, para barateamento dos géneros de primeira" necessidade, que o Governo não é mais feliz, fazendo-me lembrar, nesta parte, um valentão que experimenta forças, numa cabeça de turco, mas que tem tanta força, tanta, que a desconjunta completamente. Não tenho dúvida do que ao Governo acabará por suceder o mesmo.

Tabela os géneros do primeira necessidade, como se o indispensável fosse-tabelar apenas; e, sem procurar com outras medidas, do carácter económico, obter a baixa dos géneros, suceder-lhe há fatalmente o que sempre sucede em casos tais: — Gles desaparecerão completa-mento do mercado. E então nem caros, nem baratos, os poderemos obter.

Sim; estas cousas não são das que vão à força. Só o Govôrno se limitar a tabelar à força, desarranjará o aparelho. Porque é demasiada força.

E assim, Sr. Presidente, nós tomos do constatar que o Govôrno ó, na verdade, infeliz.