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Sessão de 20 de Julho de 1920

também lhe não podem ser desconhecidas.

Como governador do Banco de Portugal, deve conhecer muitos segredos. Pelo protocolo do Consórcio Bancário não só ó obrigado a tomar conta da situação diária dos Bancos e casas bancárias, como lhes pode até ter acudido, pondo-lhes à disposição recursos do Estado, segundo a disposição da alínea f) da base 15.a ^0 que justifica o facto desta protecção desde que ó fixado o câmbio de compra e venda por forma que o comércio de cambiais tem chegado a ser escandalosamente remunerador?

É claro que isto, que são mistérios para, r.os, não o são para o Sr. Inocêncio Camacho, que tem sido o homem indispensável de todos estes embróglios, e que deve saber qual a totalidade de recursos que o Governo põe à disposição do Consórcio e as condições em que lhe foram entregues esses tais recursos.

Tam pouco podo ignorar S. Ex.a as especulações que se tOm feito à roda da Agência Financial. Se têm vindo, como consta, muitos milhões de libras do Brasil, há-de o Sr. Inocêncio Camacho sabei-se ao Estado tem sido apenas entregue o limite mínimo de 1.200:000 libras a que alude o contrato, e, na hipótese afirmativa, qual o motivo de tal procedimento. . Há-de o Sr.. Inocêncio Camacho saber também se as guias-ouro, que deram entrada no Banco de Portugal, foram resgatadas,, nos termos da legislação vigente, por cheques s/Loudres. Há-de o Sr. Inocêncio Camacho conhecer, e explicar--nos há isso com certeza, a A^antagern das guias^ouro, que, tendo uma mecânica complicada, podiam ser substituídas, com grande vantagem para o público, por saques directos sobre as casas bancárias segundo as disponibilidades acumuladas.

O conhecimento da situação do País, sob o ponto de vista financeiro e económico -repito — habilitava o Sr. Inoeôn-cio Camacho a dar-nos mais alguma cousa do que as vagas lerias que acumulou em algumas linhas do sou programa mi-nistori&L

Kíu.; e quifí fezer? Não o soubs fazer? "" > n&s B o Exo2 íiíj oxulvriio

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nos desvende o mistério dos segredos que a sua alta capacidade de primeiro financeiro dos nossos tempos, com licença do Sr. Afonso Costa, esconde no sacrário do seu cérebro. Ele nos dará resposta a todas estas preguntas e à nossa ansiedade. Ele nos dirá do sua justiça no tocante à circulação fiduciária, à situação cambial, a empréstimos, a. tributação e à situação 'económica do País. Ele nos dirá o montante das dívidas do Estado a fornecedores e outras, o montante dos bilhetes de Tesouro omitidos, dos encargos em ouro da nossa dívida externa nos próximos anos. Falar-nos há de indemnizações a. haver, se houverem, da Alemanha. Dir--nos há das facilidades ou dificuldades financeiras para podermos subsistir, importando o que nos falta, e para podermos progredir, intensificando a nossa produção. E detalhar-nos há o seu plano, visto que S. Ex.a não pode entrar no Ministério das Finanças como qualquer «pé fresco das forças vivas ou da política».

O rastanho programa ministerial com um pequeno oásis,, aqui e acolá, é ô mesmo acervo de banalidades, quando não de erros do sistopa. Lá vem, é claro; a promessa da alienação dos nossos navios, em que a Praça funda tantas esperanças. Lá vem a promessa da liberdade de comércio que em 1919 deu os resultados que todos conhecem.

Abominando as transcrições de tratadistas, não posso eximir-me a ler um trecho de Georyes Valois:

«Mas em período- de escassez ou fonie, se o Estado está submetido às doutrinas da economia liberal, é a guerra inevitável entre produtores e consumidores. Se, nestas condições, se deixa o que oferece o produto regular os seus preços sobre a intensidade do desejo do pão, de carne e de vinho do comprador, os preços ultrapassarão todos os limites respeitados pelo homem modesto', honesto e pacífico, e os mercado's transformar-se hão em lugares de perturbações e revoltas».

Que penso nisto o Sr. Granjo antes de instituir um princípio contra o qual eu me revoltei— 0 fui o úaico — qua.ado na Câmara, e já depois de Monsanto, c Sr.. Jo3o Pioheipo o fez vingar.