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Sessão de 28 de Julho de 1920

E preciso regular a situação cambial. Sem isso não teremos o trigo preciso.

Não poderemos fazer a intensificação da produção.

Só poderemos sair daqui se houver quem tenha mão para evitar a queda: se •assim não for daqui a dois anos podemos estar mortos de fonio.

Sr. Presidente: sei que vou dizer cousas melindrosas; tenho a certeza disso.

Lá fora à volta das minhas palavras vão fazer-s e comentários.

Muito embora ao Sr. Ministro pese, e na Rua dos Capelistas os exploradores possam servir-se das minhas palavras, «Ias não poderão fazer pânico. (Apoiados).

Não ó de agora que vejo a situação grave: há muito que a situação é gravíssima.

Dizia-mo o Sr. Ministro das Finanças, daquele lugar com a inconsciência que caracteriza os homens naquele lugar, que .não dissesse tudo.

•Eu é que sou o juiz daquilo que devo -dizer. Sou eu, e não" S. Ex.a

Só eu é que posso saber o que pode •ser prejudicial à vida regular da nação.

V. Ex.a é que não tem direito, como Ministro das Finanças, nem qualquer outro Ministro das Finanças de ousar dizer à nação: Não lhe bulas Madalena. (Apoiados) .

O Sr. Júlio Martins: — Nem é próprio.

O Orador: — Isso nunca diria eu se fosse Ministro.

Não! A situação do país é melindrosa e precisamos de todas as cautelas. Mas não se julgue que a.situação financeira do país está como a dum castelo de cartas dependente dum sopro. Não imagine ningu6m que as palavras de uni Deputado podem fazer qualquer oscilação na praça.

O que é preciso ó que o país conheça exactamente a situação melindrosa em que nos encontramos,

Sr. Presidente: o perigo não está nas minhas palavras, nem o que eu digo poderá fazer pânico; o pânico deriva das medidas do Sr. Pina Lopes, medidas com as quais muitas delas eu concordo, mas que foram apresentadas com carácter agressivo; mais ainda o pânico deriva da desconfiança que o público tem nos Governos.

Sr. Presidente: eu sei que nesta hora grave tudo o que se diga pode causar receios.

Os que falam no Parlamento não falam para fazer ataque pessoal, mas para defesa dos interesses sagrados do país, (Apoiados), que está acima de tudo.

Mas vamos à política financeira de Portugal.

Sabe V. Ex.a que em toda aparte existem clamores da política financeira do país.

Logo depois de terminada a guerra os representantes do Partido Unionista foram procurar Lloyd George para lhe dizerem que estavam absolutamente à disposição dele para o efeito de aprovarem qualquer plano financeiro dentro do qual a nação se pudesse manter durante o período da guerra mundial.

A Lloyd George coube apenas avaliar as linhas gerais do plano.

Por convite de Lloyd George foi encarregado de estudar convenientemente com Lloyd George os capitais pontos dó plano financeiro, o representante do Partido Unionista.

Entendo que todos temos o direito, e devemos fazê-lo, de colaborar com o Ministro das Finanças, e assim não posso deixar de exigir, pelo menos, os traços gerais do plano. (Apoiados).

Disse Lloyd George: «Eu não convidei, antes de aprovado o plano financeiro, ninguém que fosse da opinião de colaborar comigo...» e achava que isso era uma cousa desonesta.

— «Mas depois dum plano geral, em que tinha de dar o assentimento, nessa altura, acho, dizia ainda Lloyd George, que tenho direito de convidar os adversários a colaborarem comigo...».

No plano, em traços gerais, figura o imposto directo sobre o indirecto.

Este é o traço geral da política financeira.

No tempo da guerra aprovaram a taxa dos impostos directos, e pediram apenas a taxa de impostos indirectos sobre objectos não essenciais à vida.

Procuraram exigir o máximo que podiam exigir sob o ponto de vista de impostos.