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Sessão de 3 de Agosto de

Uma vez no Poder, esse Governo fez a afirmição de que dentro de oito dias faria sentir a sua acção por forma a verificarmos uma redução de 40 por cento nos preços dos géneros indispensáveis à vida.

O que se viu?

Uma desgraça! O Governo só conseguiu estabelecer o terror, pondo nas ruas a guarda republicana de armas aperradas.

Era o cumprimento do programa: ordem, ordem o ordem.

Comida barata é que não apareceu, pois em vez de se alcançar a famosa e prometida redução de 40 por conto nas subsis-tências, nós vimos que veio ao contrário um aumento no custo de vida, de 50 e 60 por cento. Morreu o Sr. coronel Baptista e o Governo que Cie organizara continuou no Poder sob a presidência do Sr. Ramos Preto. Não fez S. Ex.a novo Governo. Continuou na orientação anterior e a situação continuou tambOni a agravar-se cada vez mais.

Surge, finalmente, a casca de laranja que produziu a queda do gabinete Eamos Preto.

Seguidamente, o Sr. Presidente da República, em obediência às praxes constitucionais, chama as individualidades políticas que é de uso ouvir sobre a resolução de crises ministeriais, e ouve-as uma por uma para conhecer da sua opinião sobre a formação do novo Governo a constituir.

Na qualidade de leader do Partido Liberal nesta Câmara, ouvido foi o Sr. António Gr anjo.

E o que fez este ilustre jurisconsulto?

Sr. Presidente: tenho pelo Sr. António Granjo muito respeito o muita consideração que me são impostos pela sua honestidade e pelo seu sabor, mas isso não me impede de, com toda a franqueza, dar •eu próprio daqui a resposta à pregunta que deixei formulada.

O Sr. António Granjo apresentou sempre todas as dificuldades à formação dum GovCrno que não fosse Ho seu Partido. E que S. Ex.a entendeu, certamente, que o Partido Liberal é que tinha o elixir necessário para a salvação do País.

Por fim organizou-se o Governo que temos na nossa presença e que ó presidido polo mesmo Sr. António Granjo que

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teve a coragem de assumir, a pasta da Agricultura para dar bem claramente ao público a certeza de que a questão das subsistências vai ser resolvida. Ainda bem que assim ó, porque isto convence-mo do que S. Ex.a está seguro do êxito do seu elixir, j Oxalá que não falhe!

Não havendo para a posse do novo Governo os aplausos da opinião pública, o Sr. António Granjo lombrou-se. certamente, por se recordar do caso Fernandes Costa, do pôr a cidade do Lisboa, no dia da sua posse, em estado do sítio. O Terreiro do Paço e o Rossio estiveram pejados de tropa.

Uma voz: — Não apoiado.

O Orador:—Não apoiado!? Então eu não vi!?

Vi ou e todos viram.

Sr. Presidente: nessa declaração ministerial S. Ex.il passou em revista todos os diferentes pontos da administração pública, o quando chegou à pasta da Agricultura disse:

«O Governo procurará restabelecer gradual e sucessivamente a liberdade de comércio relativamente -a todos os artigos em que se possa presumir que da livro concorrência resultará o seu barateamento. E durante o período de transição, a acção do Estado, deve sor principalmente fiscalizadora, reguladora dos preços, etc».

Está a ver-se a forma como isto é redigido.

S. Ex.;l é pela liberdade de comércio, mas também é pelo tabelamento.

S. Ex.a arranjou uma forma de ver' para arranjar simpatias dum e doutro lado.

Todavia, S. Ex.a em 28 de Julho veio ao Parlamento fazer declarações pavorosas.

S. Ex.a veio dizer que açúcar não havia, que a manteiga faltava aqui, mas que era tanta na ilha da Madeira que até os eixos dos carros se untavam com ela, porque a manteiga do porco era mais cara.

Legumes também não havia, disse S. Ex.a; e finalmente o azeite tinha desaparecido até certo ponto com razão, no entender do S. Ex.a.