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populações O-UTU prazer também imenso sobre as classes exploradoras, comerciais, industriais e agrícolas, que imediatamente levantaram os preços, saudando S. Ex.a como salvador.

Confrontando, por consequência, a exposição qne S. Ex.;i fez destas desgraças, com as palavras da declaração ministerial do Sr. António Maria da Silva, aparece-nos uma s-ugestã-o euríos-a que é bom salientar.

O Sr. Presidente do Ministério- teve uma votação de maioria nesta Câmara, vindo-nos dizer que não havia açúcar, não havia azeite, não havia nada; e esta Câmara condenou ao ostracismo o Governo do Sr. António Maria da Silva que na sua declaração ministerial nos garantia o seguinte:

d Alínea U] Abíistecimento regular .do azeite, carne e doutros géneros de primeira • necessidade, adoptando energicamente as providências que as circunstâncias impõem e a opinião pública vein reclamando».

- Quere dizer, esta Câmara pela sua preocupação política foi duma incoerência extraordinária: condenou um homem antes d,e ver o que ôle fazia, embora declarasse, entretanto, que garantia o azeite, o açúcar o os cercais necessários; c aplaudiu o Sr. António Granj,0 por q,ia-e veio dizer que não havia nada, apesar de S. Ex.a ter tomado conta da pasta da Agricultura paia resohrer o problema das subsistências.

• O cjue é mais extraordinário; p'OTôm, ó .qhe S. Ex.a depois de dizer estas cous-as aterradoras que todos nós ouvimos, fez momentos depois uma convocação aos representantes da imprensa, e afirmou-lhes que havia abund'ân:cia'de tudo.

Não sabêinos, portanto, quando S. Ex.a falou verdade.

Sr. Presidente: o que nós sabemos ó que S. Ex.a o Sr. Presidente do Ministério entrou numa s cena patética, numa geena enternecedora, indo a Vila Franca lan'çar-se nos braços da agricultura a quem pedra que o ajudasse, fazendo igual pedido ao comércio e à industria. '

Apartes: - _-T

Ora, Sr. Presidente, no momento em que por toda a parte se faz sentir a aspiração do povo, e' há irafa manifesta má

Diário da Câmara dos Deputados

vontade contra estas entidades que através longos séculos, não têm feito outra cousa que não seja espoliar as populações, ó quando o Governo vai lançar-se-nos braços da .agricultura. E, então temos de aceitar uma de entre duas hipóteses:. ou Governo tem qualidades próprias p ara resolver o problema, ou então pactua por completo com a reacção e atraiçoa o país.

A agricultura é uma palavra bonita, de significação muito abstracta. Devo dizer que conheço alguns agricultores que ainda Irá cinco ou seis anos andavam com fundilhos, e hoje fazem parte dos novos ricos, do número daqueles cujas esposas, ex-colarejas, vão ao teatro-e pedem um fau-ti-ulhe, voltando logo atrás ao guicket para preguutar a quantas pessoas o bilhete dá entrada!

Todas estas fortunas têm sido feitas, sem dúvida1", à custa do povo português.

'O mesmo que se dá com a agricultura, dá-se com o comércio, dá-se com a indústria.

O. comércio então, grande e pequeno, coitado! está perdendo dinheiro. Este desgraçado, uãu sabe o que há-de fazer à vida, como as pobres sapatarias, leitariasr ete.

i No emtanto dão-se 100 e 120 contos-pela chave de alguns destes estabelecimentos !

Este comércio que tanto se lamenta dos negócios ruinosos, quan-do se trata de-adquirir alguma habitação ou estabelecimento que lhe convenha, tudo é generosidade para os inquilinos e gastar dinheiro à larga.

Mas nós que não negociamos, estamos desgraçados de tudo, emquanto se acham cada vez mais ricas essas celebradas forças vivas, nos braços das quais o Governo se vai lançar.

Mas isto não pode con-tinu-ar è provavelmente terá um mau termo, que talvez, 'já se aproxime.

Se fôssemos todos para uma revolução por um ideal, afim do alcançarmos uma. melhor situação polítrco-económica, compreendia-se; "mas dar-se uma revolução por incompetência dos Governos, uma revolução de fome, é triste, tristíssimo. •