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Sess&o de 3 de Agosto de 1920

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a que S. Es.a assistiu e em que nada terá faltado

S. Ex.a pode, porém, ter a certeza de que já há fome no país e S. Ex.adeve ao monos calcular o que será a foine em Lisboa durante o próximo inverno.

O Sr. Presidente:—Tenho a observar a V. Ex.% Sr. Ladislau Batalha, que terminou a hora da ordem do dia, e que V." Ex.a só pode continuar falando se a. Câmara o permitir*

Vozes: — Fale, fale.

O Sr. 'Presidente: — Em vista da manifestação da Câmara pode V. Ex.a continuar com a 'palavra.

O Orador: — Dizia eu-que o Sr. António Granjo não tinha ainda tido ocasião de conhecer os horrores da fome, nem do vista nem do facto. Mas eu conheço-os e vou dizer o que eles são em duas palavras.

Explicarei resumidamente o que foi o horror da foino numa terra bem pequena, sintetizada num dos seus episódios.

Está secretariando na Mesa um Sr. Deputado que conhece a província de Cabo Verde e é seu digno representante. S. Ex.I

Em Cabo Verde é frequente a desgraça da fome, e quando ultimamente ela se deu S. Ex.a o Sr. António Granjo poderia ver no Campo do Santo Antão, por virtude da seca que ali se deu, a população faminta correndo esbaforida, de caras cadavéricas e os braços descarnados, sem ter que dar de comer aos filhos, desenterrando pelos campos burros mortos,'já podres, e' raízes socas, com que engana a fome.

Isto foi numa terra pequena. .Calcule a Câmara o que será a fome se chegarmos a tê-la numa população como Lisboa e Porto.

Já ela se tem manifestado em Torres Novas e Santarém, e manifestado com assaltos que por em quanto ainda se consegue sufocar.

O povo já reage e é necessário evitar a todo o custo que haja motivo para que o faça com aplauso de todos, até da própria tropa, que tambOm tem mulheres e íillios o. sustentar. Tenho dito»

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis): — Como não vejo presente o Sr. Ministro do Trabalho, a quem me desejava dirigir, peço ao Sr. Presidente do Ministério para transmitir a S. Ex.* as considerações que vou fazer.

Há mais de seis meses foram enviados a Washington delegados portugueses, a fim de representarem Portugal na Conferência Geral do Trabalho. Até hoje não me consta que esses delegados tenham apresentado qualquer relatório dos seus trabalhos ou dos trabalhos da Conferência. Como a importância despendida em tal representação foi bastante avultada conveniente seria saber qual o resultado dos seus trabalhos.

Convencido estou de que/ depois de manifestado este mou desejo, S.Ex.a fará com que os delegados portugueses justifiquem, as importâncias gastas.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Agricultura (António Granjo): — Transmitirei ao Sr. Ministro do Trabalho as considerações que acaba de fazer o Sr. Manuel José da Silva. .

O Sr. Presidente: — À próxima sessão é amanhã, com a seguinte ordem do dia:

Antes da ordem do dia: Parecer n.° 155 (2.° pertence) que cria os altos comissários para as colónias. Ordem do dia — primeira parte: -A de hoje, menos o n.° 155.

Segunda parte: A de hoje.

Está encerrada a sessão. . Eram 17 horas e 50 minutos.

Documentos mandados para a Mesa

Projecto de lei

Dos Srs. Sá Pereira, Marcos Leitão e Augusto Dias da Silva, cedendo por 100$, à junta de freguesia de Bucelas, o passal, cerca e casa anexa para construção de escolas primárias.

Para o «Diário do Governo».

Admissões