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de 19 de Outubro de W20

a Mesa uma proposta de lei para a qual requeiro urgência.

Foi aprovada a ugència.

O Sr. Presidente : — Vai continuar a discussão sobre o incidente levantado pelas declarações do Sr. Presidente do Ministério. Tem a palavra o Sr. Augusto Dias da Silva.

O Sr. Augusto Dias da Silva: — llazão tinha eu quando neguei a rainha confiança ao actual Governo, pois estou habituado a ver que os homens, públicos da minha terra têm uma opinião quando estão nas cadeiras da oposição e outra quando se encontram no Poder.

Quando apareceu o programa ministerial S. Ex.:i apelava para a liberdade de comércio e nessa ocasião, aqui nesta mesma sala, eu tive ocasião do dizer que a liberdcide de comércio apenas serviria pari- aumentar os preços dos géneros. S. Ex.:l concordou comigo, mas na prática fez exactamente o contrário. Disse S. Ex.:i que o não intimidava o aumento de salários, mas na prática teve receio das classes, exceptuando aquelas que lhe beijaram as mãos, e, como a classe ferroviária não estava nessa disposição, S. Ex.a tentou esmagá-la.

Disse S. Ex.a que estava disposto a,acei-tar uma plataforma e logo a seguir publicou o decreto n.° 7:014.

Mas posso afirmar a S. Ex.a que os ferroviários não acatam esse decreto, que ficará sem efeito, como muitos outros.

S. Ex.a mandou encerrar a associação de classe, e depois mandou prender um dos homens mais considerados dessa classe, Miguel Correia, que anda a monte.

O Sr. Ministro do Comércio (Velhinho Correia) (interrompendo): — A associação dos ferroviários não tem o direito de enviar telegramas ciando ordens aos funcionários do Estado.

O Sr. Costa Júnior :--£ Então não o podia fazer, porquê V Esta não é a liberdade que o Sr. G r anjo pregava na República,

': — Eu não sou ferroviário, mas se o fosse e tivesse força para isso suspenderia por um momento a greve

para depois reaparecer em condições de dar batalha em todos os campos.

O Sr. Presidente do Ministério, ao mesmo tempo que permite e contribui, com as suas desacertadas medidas para o agravamento da vida, dá largas ao as-sambarcamcnto, levando as classes proletárias, levando os que trabalham a uma situação aflitivamente crítica.

Os ferroviários portaram-se com a maior correcção; mas o Governo quo, naturalmente, a avaliar pela índole do Sr. Presidente do Ministério, desejava que essa classe se curvasse em desculpas e mais desculpas, não soube apreciar essa correcção c não lha retribuiu.

A Associação de Classe dos Ferroviários reuniu e deliberou aceitar a revisão do decreto publicado pelo Sr. Jorge Nunes. E por isso que eu não compreendo a razão por que 'o Sr. António Granjo tem continuado a perseguir e a vexar os ferroviários, depois da resolução por eles tomada no sentido que acabo de expor.

O que nós todos temos constatado é que a obra governamental tem conduzido o país a esta triste situação em que nos debatemos, tornando a vida quási impossível para as classes trabalhadoras, sem que até hoje tenha vindo ao Pari cimento uma lei que estabeleça o sistema do salário mínimo.

E exactamente por estes motivos, porque o Governo não consegue resolver cousa alguma com o critério com que tem gerido os negócios da nação, que eu me vejo forçado, interpretando o sentir do Partido Socialista e creio que o sentir do país em geral, sobretudo dos que trabalham, a enviar para a Mesa a seguinte moção, que passo a ler:

Moção

Considerando que o mal-estar que a sociedade portuguesa atravessa é consequência da ganância desmedida do comércio e indústria nacional;

Considerando que essa ganância é produto das bases profundamente capitalistas om que assenta a nossa administração pública o que mais se avivaram com o , desencadear da guerra;