O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão dd 19 de Outubro de~1920

Na ocasião oportuna responderei a V. Ex.a

O Orador: — Mais uma vez digo a V. Ex.a que a minoria socialista não se calará em quanto a questão ferroviária não for esclarecida convenientemente.

Por emquaiito tenho dito.

Leu-se a moção e foi admitida.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente:—Vai passar-se à ordem do dia.

O Sr. Ministro da Justiça (Lopes Cardoso) : — Mando para a Mesa unia proposta, para a qual peco urgência.

Leu-se e foi aprovada a urgência.

O Sr. Brito Camacho (para um requerimento):— Sr. Presidente: peço aV. Ex.a que consulte a Câmara sobre se permite que a discussão continue com prejuízo da ordem do dia.

Foi aprovado.

O Sr. Presidente: — Continua a discussão, tem a palavra o Sr. Cunha Liai.

O Sr. Cunha Liai: — Sr. Presidente: se V. Ex.a algum dia for à minha terra, que é uma humilde aldeia da Beira, V. Ex.a deparará, na praça pública mais importante da terra, com uni monumento, que é o sen orgulho: é um chafariz, sobre o qual está o busto dum brasileiro da minha terra, que tendo partido de lá de pé descalço,' passados anos voltou rico, feito homem grande. Mas, em S. Paulo, onde •ele fez fortuna, rosnava-se que ele tinha pouca inteligência, o por isso ele, querendo demonstrar o contrário, resolveu escrever um livro, que é uni dos monumentos, da literatura nacional. Todavia,— pensou ele, — vou demonstrar que sou inteligente fazendo um livro, ^.mas há-de ser om prosa ou verso? E decidiu-se pelo verso, que ó mais difícil.

Mal comparado, o Sr. Presidente do Ministério, quando interrogando-se a si próprio, preguntou: para a Justiça ou para a Agricultura, o se decidiu pela Agricultura por ser a pasta mais difícil, S. Ex.a fez qualquer cousa como o meu ilustre brasileiro e conterrâneo, quando

escolheu o livro em verso por ser mais difícil. (Risos).

Está, pois, numa pasta muito difícil o Sr. Presidente do Ministério, mas eu não quero que a Câmara suponha que penso, porventura, que S. Ex.1"- não é dotado das mais altas qualidades de estadista para o exercício da sua missão. Não. Eu quando o vejo ali, tranquilo, sorridente, de certo modo comparo-o ao seu colega da Inglaterra, a Loyd George, que assiste impassível à agonia do Lord Mayor de Corck. V. Ex.a, Sr. Presidente do Ministério, assiste impassível à agonia do Portugal faminto. Só há uma pequenina diferença: é que o Lord não come porque não quore, e Portugal não come porque Ar. Ex.a não lhe dá de comer. •(Apoiados').

Pois cuidando ou, — eu que ainda sou uma criatura ingénua no meio desta complicação da política, — que o Sr. Presidente do Ministério e Ministro da Agricultura, tendo por mal dos seus pecados enveredado por mau caminho, e tendo mal servido os interesses da terra onde nasceu, que nós todos devemos engrandecer, viria aqui, no primeiro dia do sessão, apresentar-se como um penitente de um auto de fé, pedindo desculpas aos representantes da Nação, para que Cies as transmitissem àqueles que os elegeram, pelo facto de ter mal servido, por um errado critério, os interesses sagrados desta terra, — completamonte iludido fiquei nas minhas 'Suposições. Se o Sr. Presidente do Ministério, assim penitente, se tivesse aqui apresentado, nós olhá-lo-íamos com a simpatia com que pessoalmente o olhamos, e diríamos que na sua sinceridade tinha desculpa. (Boiados}. Errara, mas errar é próprio dos homens. E o exemplo ficaria, para que não mais se escrevessem livros como o do meu patrício, nem se aceitassem pastas com a despreocupação com que o Sr. Presidente do Ministério a aceitou. (Apoiados}.