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Sessão de 19 de Outubro de 1920

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tarifas, estão condenados a uma absoluta ruína.

O mecanismo da vida ó tara delicado que não pode suportar, dum momento para .o outro, uma alteração fundamental das suas bases. O Estado ó o primeiro a demonstrar-nos que não pode aumentar, em correspondência íio aumento do custo da vida, os vencimentos dos seus funcionários.

Bem sei que o. Sr. Presidente do Ministério nos deu agora uma côdea; ^.mas eu progunto a S. Ex.a se é ou não verdade quo quando S. Ex.a subiu ao Poder os preços, que ainda não eram a cousa escandalosa que são liqje, não tornavam a vida qnási insuportável, obrigando toda a gente a viver em regime de déficit no seu orçamento?

£ Eu pregunto se este pequeno auxílio que o Estado concede aos que o servem compensa e equilibra a diferença dos preços dos géneros de há tempos a esta parto?

A fome continua e o Sr. António Granjo é de parecer que deve adoptar-se o princípio do aumento de -salários.

O problema devia colocar-se doutro modo, duma forma bem diversa.

O Partido Republicano Popular tom feito aqui várias vezes unia afirmação.

Dissemos nós nessa altura quo as classes reclamavam com justíssima razão. Mas V. Ex.a nessa altura precisava de votos no Barreiro. Nós dissemos às classes, aos interessados, que dessem aos políticos um mês ou dois para estudar a questão.

Nós ato pedimos uma sessão secreta.

Acima de tudo nós temos a questão •sagrada da Pátria. (Apoiados).

O Sr. António Granjo não pode continuar no Poder a fazer empirismo em matéria de eubsistências.

AGP jornalistas honrados, porque ainda os há, e não àqueles que fazem da imprensa balcão, eu direi que sosseguem que se tranquilizem, pois nós sabemos o quo queremos, havemos de sabor derrubar este Governo, (Apoiados) com voto ou sem voto havemos de derrubar o Go-vôrno.

A pouco e pouco havemos de fazer chispar o fogo da Pátria, fazendo ver o crime que estão cometendo.

Havemos de dizer que nem a água do

mar chega para lavar as mãos do crime de atraiçoar .a Pátria.

Sr. Presidente: sou contra as greves, mas se estivesse sentado naquelas cadeiras não deixava de conferenciar com os grevistas, se eles fossem ordeiros, do contrário, procedendo como têm procedido, havia de os perseguir como a qualquer bandoleiro.

• Digo e afirmo isto para que ninguOni julgue que estou a .armar à popularidade das classes.

Se eu estivesse no lugar do Sr. Presidente do Ministério, diria a V. Ex.as o seguinte: Tivesse ou não tivesse razão, quem não pudesse fazer greve, .pelas leis do Estado, não a fazia, e, se tal sucedesse, seria implacável mente castigado.

Mas, também, fie no dia seguinte eu reconhecesse que tinha sido .o causador dôsso acto impensado da greve, se eu entendesse que era preciso duplicar os salários, de duas uma: ou não criava medidas quo permitissem a duplicação do preço da vida, ou, se as tivesse criado, a rainha mão duplicaria os salários.

Sr. Presidente: nós temos feito muitas revoluções com armas na mão, mas o que ó preciso fazer é uma grande -e alta revolução nos espíritos, para que o Ettado exerça a sua missão. Se é preciso exigir sacrifícios, exijam-se, pois que o Governo não tem de agradar a ninguém. Tem de desagradar aos de baixo, porque lhes exige sacrifícios, tem de desagradar aos de cima, porque igualmente lhos oxigo. Mas, o que é tremendo ó que um homem publique medidas que aumentam o custo da vida, porque vai aumentar os salário?, e depois não tenha dinheiro para os aumentar.

Mas, repetindo o que. já aqui foi dito pelo meu querido amigo o chefe do Partido Popular o Sr. Júlio Martins, eu devo dizer que as greves são uma das obras do Sr. António Granjo. S. Ex.a decretou a. liberdade de comércio, deixando que os preços subissem assustadoramente o fez a greve; S. Ex.a ó o maior grevista de Portugal, e não é para admirar que .amanhã o vejamos tomar o papel de Lenine.