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Sessão de 19 de Outubro

e quem ficava naturalmente prejudicado ora o credor que tivesse feito esse empréstimo, credor que pode ser o Estado se não se acautelar.

Há portanto o recurso do aumento de sobretaxas. Mas a Companhia dos Caminhos de Ferro não pode aumentá-las muito, porque, logo que as suas tarifas excedam certos limites, vem a concorrência marítima.

Pregunto: ^.tuio ó ocasião de encarar este problema?

Existe aqui uma cousa que não está certa e que ó preciso acertar. O Governo devia ter mais alguma cousa dentro de si do que esta idea de aumentar as tarifas.

Faz este Governo o que fez o Governo anterior, ,mias é isto maneira de resolver questões?

Sr. Presidente, vou terminar.

É preciso que o Estado burguês se de-fen^a e defenda publicando medidas acertadas, administrando com honestidade, com saber e com previsão no futuro. E preciso que o Estado se defenda contra os expoliadores que querem enriquecer à sua custa e à custa do operariado, mas o Governo que ali está é a negação completa da arte de governar, é tudo quanto há de mais caótico "visto que gera o caos com as suas medidas desordenadas.

Não põe o Partido Popular uma moção de desconfiança. Como as ideas generosas e nobres que nós defendemos não tôni segundo intuito de politiquice, o cérebro de muita gente havemos de amolecê-lo: água mole em pedra dura tanto dá até que fura.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. António Francisco Pereira : — Sr. Presidente: depois de usar da palavra, com o brilho com que o fez, o Sr. Cunha Liai, compreende a Câmara que é audácia da minha parte falar, mas, convencido mais nina vez da benevolência da Cama-' rã, eu vou ocupar-me deste assunto, referindo-me especialmente à atitude do Go-vCrno, durante o interregno parlamentar, nos vários conflitos grevistas que se têm desenrolado.

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Começarei por dizer que a greve dos ferroviários, bem como a greve das classes marítimas, não tiveram, nem podem ter, nem têm, carácter algum político, nem mesmo as classes operárias se preocupam em derrubar este Governo, -visto que elas todas aceitam os Governos da República, sejam eles quais forem, porque os reconhecem como legítimos na estrutura actual da política burguesa. E assim ao declararem uma greve, as classes operárias têm por único propósito o pretenderem ver melhorada a sua situação económica, nada mais. Efectivamente, o principal fim da greve dos ferroviários é a resolução das más circunstâncias em que eles se encontram perante a carestia da vida.

O Governo do falecido coronel Baptista, ao tomar conta do seu cargo, afirmou que teria a preocupação constante do barateamento da vida, chegando a afirmar que esse barateamento iria' até 40 por cento. Não há dúvida que esse Governo alguma cousa fez e os géneros baixaram de preço. Sucedeu-se o Governo do Sr. António Maria da Silva, que não conseguiu governar porque a isso se opuseram a alta finança e o alto comércio. Veio depois o Governo do Sr. António. Granjo, que encontrou, realmente, o país numa situação má, e para poder impedir o agravamento da situação, visto que não havia no mercado os géneros essenciais à vida, decretou a liberdade do comércio. Essa liberdade de comércio, decretada, naturalmente, numa boa intenção, resultou num agravamento do custo da vida, em mais de 200 por cento; de forma que nós encontramo-nos hoje numa situação gravíssima e é impossível, não só as classes trabalhadoras, corno-até á próp.ria classe média, manter-se com os ordenados que actualmente auferem.

Daí resultou várias classes lançarem-se no caminho da greve.

O Governo prometeu atender no limite do possível as reclamações da classe ferroviária ; e o Sr. Ministro do Comércio, assistindo a uma reunião realizada na vila do Barreiro, ali declarou à classe ferroviária, reunida em assemblea, que não tinha dúvida nenhuma em aceitar n s suas reclamações, atendendo-as tanto quanto fosse possível.