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Diário da Câmara dos Deputados

Da Associação dos Comerciantes do Porto, protestando -energicamente contra quaisquer disposições das propostas de finanças que acarretem vexames, e solicitando emendas que evitem inconvenientes apontados..

Para a Secretaria.

Antes da ordem do dia

O Sr. Presidente: — Estão presentes 47 Srs. Deputados.

Vai entrar-se nos trabalhos de antes da"' ordem do dia: Continuação da questão íerro-viária,

O Sr- Augusto Dias da Silva: — Sr. Presidente, tratei ao de leve na última sexta--feira da questão ferroviária, e devo dizer hoje que o Sr. Ministro do Comércio íez aqui afirmações sobre o que desejaria que se fizesse, mas o que é certo é que não tem ,sido isso o que se tem feito.

O Sr. Ministro do Comércio fez afirmações com as quais concordei, como a de que o Estado havia de ser enérgico para aqueles que praticaram actos de sabotage.

Eu disse: Muito bem. (Apoiados) Mas, Sr. Presidente, é preciso dividir esses actos de sabotage em duas partes: uma, os actos criminosos que podem produzir vítimas que nada têm 'com a questão; a outra parte os actos de sabotage unicamente como defeza da classe, e que consistem em tirar uma peça da máquina.

É preciso diferençar estes dois géneros de sabotage.

Agora veja Y. Ex.a a diferença que há entre os ferroviários do Minho e Douro, que foram todos admitidos em massa, e os ferroviários do Sul e Sueste, a quem se exije nova inscrição, ficando de fora dezenas de pessoas.

Veja V, Ex.a que não foram respeitados os seus desejos. V. Ex.a não tem responsabilidade nesta greve, que foi provocada por um acto precipitado do governo do Sr. António Granjo. (Não apoiados).

A greve decorreu durante 70 dias, e o que facto é que durante este período não houve aquele equilíbrio mental tão necessário aos homens que se sentam nas cadeiras do Poder.

Sr. Presidente, li na imprensa que o

Estado se tinha negado' a tratar com os ferroviários, pelo que levantei a questão no Parlamento, ao que o Sr. Ministro do Comércio de então respondeu não ser verdade, recebendo depois a comissão dos ferroviários, e mostrando-se, no enitanto, disposto a não. revogar o decreto que originou a greve.

Mas as cousas são o que são, e em geral, entre nós, os extremos tocam-se, quer dizer, que um movimento operário vai,, cheio de entusiasmo e de fé de tal modo, que por' vezes não deixam alcançar uma plataforma. Nestas circunstâncias, aconselhei a comissão a que levasse o Governo de então a fazer um esclarecimento ao mesmo decreto, de maneira a anular os escolhos que mais gravemente feriam a classe ferroviária, caminho que eles não quiseram seguir.

No emtanto, não deixei seguir a questão e tive várias palestras com o Sr Dr. António Granjo, e não posso deixar de estabelecer o confronto, entre ò critério de S. Ex.a, que toda a gente apelida de conservador, e o critério do actual Governo.

Dtjvo dizer a V. Ex.a que a única dificuldade do Sr. Dr. António Granjo era o facto de ter havido um empregado dos Caminhos de/ Ferro, chamado Miguel Correia, que, abusando da sua situação, tinha pelo telégrafo feito expedir um tele-. grama, dando ordens contrárias à deliberação do Governo.

Mas, Sr. Ministro do Comércio, o Sr. Dr. António. Granjo, que, como disse, ó apelidado de conservador, apenas disse aos ferroviários que retomassem o trabalho, e tudo ficaria em nada, ao passo que o Governo actual, de que fazem parte radicais, exerce represálias.

Sr. Presidente, quando o Sr. António Cabreira, como intermediário dos ferro viários, conferenciou com o Governo, este não falara em represálias e ...

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (António Fonseca) (interrompeu- ; do): —Direi depois a V. Ex.a o que penso das suas afirmações, mas reservo-me para > o fim, para não ter de falar três ou quatro vezes.