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JSessão de 18 de Janeiro de 1921

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Teve ocasião de dizer ontem que da suspensão do concurso talvez para o Estado fosse criada uma situação bom grave, que os homens com responsabilidades — e o Sr. Granjo é daqueles que as têm e bem altas— (Apoiados), devem meditar.

S. Ex.a o Sr. Granjo que hoje se fartou de dizer que a verdade é bom que se fale ao país, â propósito do quantitativo do déficit do trigo, S. Ex.a esqueceu-se ou fingiu errar a conta. Muito antes o Partido Popular nesta Câmara, na imprensa, no comício público, pela própria boca do Sr. Ministro das Finanças, pôs em foco a situação do país quanto ao déficit cerealífero e quanto a todas as manifestações interessando à vida do Estado.

S. Ex.a então e hoje'pretendeu passar aos olhos do país como único que faiava verdade ao país, quando há muito, antes dessa afirmação, outros a fizeram.

E S. Ex.a disse mais que o Sr. Ministro das Finanças, procedendo como procedeu pretendeu hipotecar a questão ao voto do Parlamento.

Não ; o Sr. Ministro das Finanças não podia hipotecar uma cousa que não era sua; só hipotecou a sua personalidade a favor dos interesses do Estado. (Apoiados).

O Parlamento, pela comissão de finanças, não se pronunciou nunca; não quis pronunciar-se nunca sobre este máximo problema.

Portanto, S. Ex.a não pretendeu hipotecar nunca a questão.

O Parlamento é que tinha obrigação sponte sua—mas era quási obrigados isso—de emitir a sua opinião sobre a Agência Financial. S. Ex.a o Sr. António Granjo — desculpem-me V. Ex.as que continue nesta desordenada ordem de considerações, mas são consequência lógica do desordenado de considerações do Sr. António Granjo — disse também que o Parlamento tinha errado.

Então esta afirmação tinha oportunidade ; hoje não.

Disse mais S. Ex.a que do inquérito parlamentar não pode resultar a averiguação da verdade.

Não é bem assim. Esta casa do Parlamento é ofendida na honorabilidade de todos nós.

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honorabilidade não se pode suspeitar, não procura averiguar da verdade, quando dessa averiguação resulta bem para o país?

Era bom que um homem público na situação de S. Ex.a meditasse um pouco nas suas palavras, que decerto não teria agora procedido, como procedeu, trazendo para o Parlamento uma, afirmação dessa natureza.

Disse o Sr. António Granjo: «O Ministro das Finanças falou dos políticos em termos que merecem comentários».

Eu tenho seguido este debate com todo o carinho, com toda a boa vontade de ouvir as razões que aqui se pronunciam. Tenho seguido com toda ã atenção os discursos proferidos pelo Sr. Ministro das Finanças, e devo dizer, em resposta ao Sr. António Granjo, que-não ouvi — e estou convencido de que a Câmara não ouviu—referências a qualquer político, em termos que mereçam comentários. S. Ex.a disse, e muito bem, que muitas das razões que políticos pretendiam trazer a lume assentavam em bases falsas, sobre campanhas que não tinham razão de ser.

Eu recordo-me de que antes de ser parlamentar, vivando na província, não conhecendo Lisboa nem os seus meios como hoje os conheço, acreditava naquilo que dizia a imprensa, porque fazia dela um juízo que não podia deixar de fazer. Porém, conhecendo hojeosbasfonds de tudo isto, chego à conclusão de que não devo dar crédito a muitas dessas campanhas.

Mas o que ó certo é que nem todos talvez pensem o mesmo, vivendo a dentro dos muros de Lisboa, e talvez o Sr. António Granjo fique incluído nesse número.

S. Ex.a, falando ainda dos políticos, disse, em síntese, que o papel deles, procurando ser políticos na acepção da palavra, era encontrar a directriz de todas as correntes de opinião.

A afirmação de S. Ex.a é interessante, e respeito-a, mas o que se não pode pôr em equação são justamente as falsas campanhas, feitas muitas vezes nos mesmos termos em que têm sido feitas as tais falsas correntes de opinião que não apoiam o Sr. Ministro das Finanças.