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Diário da Câmara dos Deputados

os capitais nacionais que no estrangeiro se encontram não mandem para cá os seus rendimentos, basta unia perturbação de ordem pública, basta que ocupe uma cadeira de Ministro, um homem públicD de certa incapacidade para o desempenho da sua comissão, para imediatamente esses factores psicológicos exercerem a sua acção depreciativa.

Lamentavelmente influenciados p-elos interesses dos partidos e pelas questiúnculas políticas, não temos a coragem de colocar os homens nos seus lugares, e do dar os lugares àqueles que melhor estão indicados para os ocupar

E preciso, Sr. Presidente, restituir à Nação a confiança nos Governos, e só só pode restituir essa confiança, acabando com todas as medidas de excepção, como fez o meu Governo, fazendo desaparecer esse conselho de câmbios, do qual resultou em grande parte, e não apenas da Agência Financial, o agravamento do nosso déficit.

E preciso que não regressemos aos fornecimentos ocasionais e fortuitos de trigos e carvão, como dos demais artigos de importação, sendo imprescindível que regulemos isto com os importadores e a exportação com os exportadores, de forma a resultar para o País o benefício duma maior valorização dos nossos esforços e daqueles artigos.

Continuando no regime da aflição contínua, da angústia de cada momento, escorrendo-nos continuamente da praça do Brasil, para obter ouro, indo constante-mente buscar ao Brasil o dinheiro necessário para pagar os nossos fornecimentos, não continuaremos talvez a efectuar essas operações por intermédio duma entidade particular.

O que importa é que emfim se assente num plano de acção, se assente num plano de fomento o que importa ó que se assente um plano de administração e de fomento que ó fundamental um artigo em que precisamos dar ao País um sentido, um caminho que lhe inspire confiança.

Vou terminar, mas não o farei sem mo referir a uma frase proferida pelo Sr. Ministro das Finanças, na sessão de ontem, o que vem publicada na Noite, no cabeçalho, como a síntese suprema deste momento.

Disse S. Ex.a que a questão da Agência Financial ficará na história das nos-

sas lutas políticas, como uma afirmaçcão que marca aquele período de decadência que atravessamos.

Sem ter as qualidades da inteligência de que o Sr. Ministro das Finanças diz ter o exclusivo, tenho contudo alguns dotes de observação e, pelos cargos que tenho ocupado, estou convencido de que em vez de estarmos -num período qua se taxou de decadência, estamos no limiar de um período de ressurgimento.

Não digo isto apenas pela fé — temos a obrigação de ser homens de fé, porque quem não tem fé no regime que serve e na Pátria a que pertence, não tem também, o direito do falar.

Quando ocupei a pasta da Agricultura, eu senti a cada momento a ânsia que existia em todos os português 3s, quer se dpdicassem ao comércio, quer se dedicassem à agricultura, ou à indústria, que viosse um Governo forte no ^ual confiassem.

Só pela sua frase, o Sr. Ministro das Finanças não devia continuar nem mais um minuto no Poder.

Uma voz: — Não apoiado.

O Orador: — Quem na pleia posse do Poder revela uma tal falta dês fé, não tem o direito de governar o país.

Não, Sr. Presidente, não é o caso de passar em julgado, lançada a todo o mundo, essa frase de um Ministro das Finanças que não tem íé rios destinos da sua Pátria —ó o caso de eu podt^r dizer que a questão da Agência Finar ciai servirá de vivo exemplo a todos os homens públicos em Portugal, quer aos simples aventureiros políticos que da sua acção parlamentar fazem apenas ponto de apoio para se alcandorarem em altas situações, quer aos próprios homens que neste momento são as figuras representativas da força e da energia da rLça. (Apoiados).