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Sessão cie J8 de Janeiro de 1921

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apenas um empréstimo de 1.200:000 libras, mas também facilitando na América do Norte as negociações doutro empréstimo de mais 50.000:000 de dólares ?

Sr. Presidente: eu lembro-me felizmente— porque tenho boa memória— que o Sr. Ministro das Finançcis, discutindo os contratos do trigo e do carvão nesta Câmara, depois de ter afirmado quo em nada estavam em cheque as pessoas dos Ministros que tinham assinado esses contratos, constatava em todo o caso que os homens se deixavam facilmente ir no «conto do vigários, contado pela sereia da Rua dos Capelistas.

Ora, Sr. Presidente, perante tamanhas facilidades que o Banco, ou o Sr. Cândido Soto Maior, dá ao Sr. Ministro das Finanças, o que se averigua é que o Banco Portuguôs do Brasil, pelas 500:000 libras, tinha exigido que continuasse a seu cargo a Agência, parecendo-me que as palavras desta voz cabem admiròvelmente ao Sr. Ministro das Finanças, que, porventura, se deixou ir no «conto do vigário». Sr. Presidente: poderá dizer-se, e com absoluta e justificada razão, que o Banco Português do Brasil foi constituído em grande parte com capitais portugueses. Poderá dizer-se que o Banco Português do Brasil tem à sua frente verdadeiros patriotas, portugueses eminentes, que o são, como os Srs. Soto Maior e Visconde de Morais, que no Brasil, e à custa dum trabalho prolongado, ganharam enormes fortunas, e que pela sua actividade e inteligência honram este país.

Quanto à sua honorabilidade, eu estou dela inteiramente convencido, porque os conheço, pela circunstância de serem meus patrícios, e por os conhecer é que digo que eles não deixarão de prestar ao seu país os serviços de condicionar o empréstimo de 1:200.000 libras, e ainda o outro empréstimo anunciado pelo Sr. Ministro das Finanças, de mais cinquenta milhões de dólares.

Sr. Presidente: estou mesmo convencido de que esses homens mais facilmente prestarão o serviço ao seu país, desde que os Governos chamem a sua atenção para a situação do Tesouro, .do quo, à custa de algumas dezenas de contos, de que não precisam, e que facilmente en-geitarão em face dum serviço prestado ao País.

Sr. Presidente: desculpe-me V. Ex.a se eu tenho de fazer algumas considerações que respeitam tal ou qualmente à minha acção política; mas entendo que as devo fazer em face de afirmações produzidas pelo Sr. Ministro das Finanças e que me são directamente dirigidas.

Uma das referências de S. Ex.a ó relativa a um «eco» publicado no jornal A República, diário de que eu sou director. Sr. Presidente: nem nesta casa do Parlamento, nem na imprensa nem em comícios, eu tenho por costume proferir qualquer expressão que diminua o prestígio dos homens públicos do meu país, porque, tendo concorrido, embora numa p arte mínima, para a proclamação da República, entendi sempre e entendo que diminuir ou amesquinhar os homens públicos é prejudicar sempre e gravemente o regime.

No «eco» ô.'A República publicado logo a seguir ao facto de o Sr. Ministro das Finanças em comício ter falado da sua mocidade, da sua. juventude em termos iguais àqueles de que usa para falar da sua inteligência e da sua audácia, eu usei desta expressão, que não tem nada de ofensiva: o joven Ministro das Finanças. S. Ex.a referiu-se por duas ou três vezes a esse «eco», que, repito-o, nada tinha nem podia ter de ofensivo para o Sr. Ministro das Finanças.

Não diria estas palavras nesta casa do Parlamento se S. Ex.a a esse «eco» se não referisse, porque entendo que as questões tom todas o seu lugar, e não é este o lugar próprio para responder a qualquer ataque íeito aos homens públicos nos jornais ou por qualquer pessoa que não tenha assento neste Parlamento. E um direito de crítica que eu reivindico para mim em qualquer situação da minha vida pública ou particular, quer como Deputado, quer como jornalista, quer como governante.

A tal respeito cumpre-me dizer, visto que sou director dum jornal, que a imprensa portuguesa não merece as expressões injuriosas que o Sr. Ministro das Finanças, nesta casa, lhe dirigiu