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Diário da Câmara dos Deputados

vem classificado na própria circular que abre o concurso.

Que por este facto e por ter sido o contrato de 1919 feito por um Governo em ditadura, a questão tem de ser afecta ao Parlamento.

Sr. Presidente: 'segui com atenção as considerações do Sr. Ministro àas Finanças no que dizia respeito à conveniência do concurso ser secreto.

Segui com atenção as razões que S. Ex.a aduziu para explicar que entre os concorrentes figurava o Banco Português do Brasil, mas. Sr. Presidente, o meu espírito não ficou inteiramente satisfeito com essas razões e desejaria que isso ficasse tudo mais claramente explicado.

Como a Câmara sabe, o concurso foi aberto por uma circular secreta, encerrando o prazo do concurso no dia 9 deste mês, justamente na véspera de abrir o Parlamento.

Disse S. Ex.a qne pensava abrir um concurso a prazo muito curto porque precisava atender a necessidades.

Afinal verifica-se que é S. Ex.a mesmo que vem dizer ao Parlamento espontaneamente que adia indefinidamente o concurso e que, portanto, as necessidades de dinheiro S. Ex.a as provê de qualquer maneira.

O Sr. Ministro das Finanças (Cunha Leal) (interrompendo): — Não, Sr. António Granjo, e conto mostrar a V. Ex,a que não posso governar. Nem eu, nem V. Ex.a, nem ninguém. Não as tenho satisfeito e continuarei a não satisfazer.

O Orador : — Não queria interromper as minhas considerações com prejuízo da sua ligação com as que já estavam feitas. Fá-lo hei desde já.

Se o Sr. Ministro das Finanças está convencido de que o adiamento do concurso representaria, segundo a expressão de S. Ex.% uma catástrofe nacional, a obrigação de S. Ex.a é insistir com a Câmara sobre a necessidade imperiosa e fatal de fazer o concurso.

Não ó de forma alguma apresentar uma proposta desta ordem e dizer: eu caio, mas os Srs. ver-se hão em face de dificuldades que não poderão vencer.

A obrigação do Ministro das Finanças é sacrificar-se conforme as necessidades

públicas exigem, embora sacrifique os seus interesses pessoais e até a sua própria honra.

É o dever do homem "público e a obrigação do Ministro das Finanças sacrificar-se perante a Nação e a República.

Sr. Presidente: isto não é ainda tudo. O Sr. Ministro das Finançt-s foi muito mais além do que permite o exercício do seu cargo e a propósito das dificuldades financeiras usou de expressões que nunca saíram da boca de nenhum Ministro. (Apoiados], (Não apoiados).

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis): É porque ainda nenKum Ministro falou a verdade.

O Orador: — Quando o Sr. Ministro das Finanças apresentou nesta Câmara a pró* posta para aumento da circulação fiduciária, houve da parte dos meus correligionários vontade em não votar essa proposta; e fui eu, com a autoridade que me dava eu ter saído há pouco do Ministério, que afirmei que era necessário votar essa proposta, pois era necessário para salvação do país.

Este é o dever do homem público o a obrigação do Ministro das Finanças.

Para reconhecer as dificuldades extraordinárias da situação, não è preciso-ter uma inteligência privilegiada e excepcional, não é preciso ser um homem da elite.

Se o Ministro das Finanças não podia realizar o acto, por razões de ordem política, outro o realizaria, com o próprio apoio de S. Ex.a

Nunca se governou de outro modo entre homens de boa fé, entre homens que têm pela sua Pátria um amor firme e sagrado.

Desculpe V. Ex.a esto parêntesis, e permita-me que eu continue no decurso das minhas considerações.

Não havia, pois, razão alguma, Sr. Presidente, para o contrato se fazer secretamente e a um prazo tani curto.