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Diário da Câmara dos Deputados

velar os preços dos géneros com os salários, soltou, esta afirmativa: «que já se fez aí uma desgraçada tentativa, que não deu resultado».

E também uma verdade comesinha, que qualquer operário conhece por experiência própria, mesmo que não saiba ler nem escrever, que a alta dos salários nunca acompanha a alta dos géneros; os salários ficam sempre aquém da alta dos géneros, mas é absolutamente indispensável, a quem não tenha de Governo uma noção igual à que de qualquer cozinhado possa ter um cozinheiro, que a acção dos Governos só faça sentir, protegendo as classes operárias, fazendo sempre o possível por nivelar os géneros com os salários.

È difícil conseguir-se isso, mas a boa 'acção dos Governos está em conseguir esse desideratum. (Apoiados).

j Disse S. Ex.a que tinha sido desgraçada tentativa!

Mas eu quero deixar ficar aos factos a justificação, não só da honestidade dos meus processos, mas do acerto de muitas resoluções do meu Governo.

Não posso, porém, privar-me de justificar os meus actos e dos meus colegas no Ministério, todos sem excepção., em qualquer altura que se faça unia referência a esses actos.

Fez-se, disse S. Ex.a, uma desgraçada tentativa.

Mas, Santo Deus! foi pela acção do Governo da minha presidência que se.aumentaram os salários, duma maneira extraordinariamente sensível, a todas as classes marítimas !

j Foi o meu Governo que aumentou os salários aos operários da Imprensa Nacional, da Casa da Moeda e dos arsenais !

Foi o meu Governo que concorreu para, que fossem aumentados os salários dos. empregados dos eléctricos, e para evitar a cliõmage dos construtores civis e dos metalúrgicos, e fê-lo em perfeita consciência, sem alarmes, mas com uma firmeza a que não estava habituado o Poder; íê-lo com a consciência de que praticava um acto que as necessidades de momento exigiam, que era absolutamente necessário não apenas para o bem-estar das classes operárias, mas para a sua própria dignificação, porque sem o operário estar em condições regulares de vida, ele

jamais poderá, como se diz n..is suas próprias reclamações, dignificar-se, de forma que seja considerado na-sociedade, não como um elemento perturbador, mas como um elemento útil e orgânico, de maneira que não haja, de facto, entre a função realizada por um operário o a praticada por um Deputado a mais pt;quona diferença de acto.

Mas, Sr. Presidente, também é sabido, por estudantes do liceu a influência, que exerce na nossa situação cambial o câmbio do Brasil.

Daqui nos vem anualmente ouro, o é por isso, Sr. Presidente, que a questão da Agência Financial do Kio de Janeiro é uma questão nacional, à qual estão presos interesses de todo o país, e é por isso, Sr. Presidente, que o País, no seu admirável intuito, fez desta questão — apesar da circular secreta e de todos esses truques — uma questão nacional.

Sr. Presidente: ainda há qtialquer cousa que não sou capaz de perceber, nesta malfadada questão da Agência Financial, e se digo malfadada é porqus o Sr. Ministro das Finanças já empregou este termo.

O ilustre Deputado Ferreira da Rocha demonstrou — e nesta parte o Sr. Ministro das Finanças não rebateu a afirmação— que se o Banco Português no Brasil, na vigência do contrato do 31 de Maio de 1919, se limitasse aos lucr js legítimos, eles não atingiriam algumas parcas dezenas de contos.

Pois, Sr. Presidente, foi S. Ex.a o Sr. Ministro das Finanças quem declarou perante a Câmara, que não ficou demasiadamente atónita, que em troca do primeiro pedido de 500:000 libras, o Banco Português do Brasil tinha exigido que continuassem a seu cargo os. serviços da Agência Financial.

Foi, repito, o Sr. MinistrD das Finanças quem ontem aqui o declarou, e que não só considerava assegurado o empréstimo ou o suprimento de 1.203:000 libras, como por intermédio de unui casa ligada ao Sr. Soto Maior — foi S. Ei;.a quem pronunciou o nome — um empréstimo superior a 50.000:000 de dólares.