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Sessão de 25 de Fevereiro de 1921

Sr. Bento Carqueja, procurando encon-• trar dentro das academias scientíficas o modo de curar essa doença contagiosa que tem atacado vigorosamente o organismo da nação.

E ao mesmo tempo que nós assistimos com -a alma alanceada à partida de\ tantos portugueses que vão em 'busca de rique-sas, seduzidos por . enganosas miragens de felicidade, para terras estranhas, onde longe de serem recebidos com aqueles carinhos de que é digno todo o que vai procurar pelo seu trabalho engrandecer o país para onde parte, constatamos magoados que eles são antes recebidos com verdadeira hostilidade, vendo levantar-se no Brasil contra os estrangeiros e especialmente — o que representa a melhor prova de ingratidão— contra os portugueses, uma campanha que é verdadeiramente desumana (Apoiados), para não aplicar outro qualificativo. E mais ^lamentável é ainda esse facto quando se prova que em tal campanha tomam parte altas individualidades da política brasileira.

Sensação.

Ainda há pouco mão amiga me enviou dessas terras um punhado de notícias recortadas de um jornal fluminense e de um jornal de S. Paulo, em que os nossos compatriotas são atacados injustamente, rudemente, de uma forma imprópria da civilização e do progresso de que tanto se orgulha esse país. (Apoiados).

E uma das provas flagrantes dessa campanha desumana foi a maneira como foram tratados esses nobres poveiros que preferiram a miséria que aqui, porventura, os aguardava, regressando à sua terra, a terem de renegar a sua Pátria.

(Apoiados).

Mas o mais grave desse assunto é que a maior parte dos portugueses que ainda se encontram no Brasil, e que para ali emigram, devido a não se terem tomado providências, são considerados como criaturas inferiores, classificados de galegos, tomada esta palavra na acepção menos-p rés unte de moços de fretes.

O Sr. António Mantas (interrompendo) : — Se V. Ex.a mo desse licença, leria à Câmara trechos escritos em j ornais brasileiros contra portugueses, e para os quais chamo a atenção da Câmara.

Tenho aqui trechos de jornais que di-

zem o seguinte:

«A maior homenagem que Portugal pode prestar ao Brasil é limpar a nossa terra da praga desses daninhos filoxeras, repatriando-os; é deixar de despovoar o seu solo, cessando de nos remeter diariamente, às centenas, esses indesejáveis que aqui só nos vêem saltear, ofender e denegrir.

Portugal, paisesco de borra, é o eterno carrapato achatado no dorso deste gigante Brasil. :

O pobre Portugal, polisecular e quási defunto».

O Orador: — Agradeço ao ilustre Deputado Sr. Mantas esse esclarecimento, e na verdade o meu dossier é pouco mais ou , menos nos mesmos termos e de jornais do Rio de Janeiro.

É necessário que se diga, porém, que a principal causa dos portugueses serem tam rudemente atacados se deve ao anal-. fabetismo, que faz com que a maior parte dos nossos compatriotas não possam exercer senão as profissões mais ínfimas, tais como a de carregadores, isto ó, de criados de toda a gente, até dos próprios na-tivistas.

A nossa situação moral nó Brasil, por esta circunstância, é considerada cias mais J baixas e só comparada à dos turcos e dos espanhóis.

Nós precisamos, no emtanto, fazer com que as nossas províncias se não despovoem como está sucedendo em Trás-o~s--Mòntes, principalmente em Vila Real, ficando miutos campos incultos por falta de braços.

Por outro lado, é mester fazer drenar essa. corrente ernigratória, visto não a podermos fazer parar por completo, para as nossas colónias.

Quem consultar as estatísticas verá como é elevada a percentagem da emigração das províncias do norte em relação às do sul.

Assim nós temo?, segundo alguns dados recentes que tenho aqui, a seguinte:

Douro .... Minho .... Trás-os-Montes Beira"Alta . .