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Diário da Câmara dos Deputados

a essas constituições ministeriais — só têm agravado a nossa situação financeira e económica, só têm concorrido para aumentar a perturbação dos nossos serviços públicos.

Sr. Presidente: tem-se abusado dos Ministérios de concentração.

O país compreendeu o Ministério da União Sagrada para fazer a guerra.

O país compreendeu o Ministério de concentração geral que se organizou após a última tentativa monárquica de Monsanto porque esse Oorêrno representou no Poder um'sentimento colectivo, a vontade de uma nação, mas os Governos que não representam essa vontade, os Governos que representam apenas a necessidade ocasional de um ou mais partidos, os Governos de expedientes transitórios de solução política, o país não os compreende nem está disposto a tolerá-los.

O que o país quere e deseja é um Governo que oferecesse as ^necessárias condições de estabilidade! Este é o mal dos Governos —e o Sr. Presidente do Ministério na sua declaração ministerial também o reconhece — não é só a opinião pública que o aponta; basta recorrer às declarações que aqui foram feitas pelo leader do Partido Democrático que apoia o Governo, que por outras palavras afirmou o mesmo que eu acabo do dizer.

Dada a pulverização das forças políticas dentro desta Câmara, difícil sorá organizar um Governo como a nação ré clama, e a República necessita.

É por este motivo que o Partido Liberal continua na oposição.

Ouço dizer que os Governos e as maiorias não têm muito que receiar da oposição liberal.

Sabido o culto que os liberais professam pelos Governos legalistas, sabido que não substituímos o argumento pelo murro nas carteiras e que não recorremos ao tumulto nem ao obstrucionismo; sabido que nunca negamos a colaboração dos nossos parlamentares mais autorizados nas discussões e debates dos assuntos de ordem administrativa, financeira e económica, por estas razões realmente pouco tem de recear o Go^rêrno da oposição dos liberais.

j Ainda- bem porque este nosso procedimento é o título do nosso legítimo orgulho de parlamentares l

Não faríamos uma oposição fora deste8 termos, porque jamais a fizemos.

Procuraremos interpretar as aspirações do país dentro da atmosfera e da opinião republicana; procuraremos inspirar as nossas palavras e os nossos actos no coração e nos desejos do povo onde a República lançou raízes indestrutíveis que nem todos os nossos erros foram bastantes para os apodrecer ou queimar! (Aptiádôs).

Fazendo oposição, nós não queremos ir afagar os sentimentos desvairados das turbas desordenadas, mas fazendo eco das aspirações do país, pondo de parte quaisquer desejos de chafaricas partidárias que jamais encontrarão era nós qualquer espécie de apoio que tenha por fim a dissolução do corpo social.

Isto não quere dizer que o Governo nos mereça, mesmo nas questões de ordem pública, um apoio incondicional; para ter esse apoio é necessário que proceda de forma que não consinta actos de provocação a partidos ou ideas, e que desses actos não resulte o convencimento de que se trata de uma tentativa de separação de homens ou de partidos. (Apoiados}.

Devo ainda dizer que já passou o tempo em que as questões de ordem internacional tinham um carácter secreto; elas têm de ser debatidas na arena da controvérsia pública; por isso em questões de ordom internacional não descuraremos alguns actos praticados pelo Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros € desde já afirmamos a vontade de trazer à discussão estes assuntos.

Parece-me conveniente fazer esta declaração, para que o Governo não tenha ilusões sobre os nossos sentimentos.

A união republicana é necessária e indispensável sempre que a República perigue e os interesses superiores da nação o exijam.

O conchavo entre os homens públicos e o Governo é indispensável.

Sr. Presidente: não sei a que pensamento político obedeceu o actual Minis-. tério.

Da declaração ministerial resulta que o Sr. Bernardino Machado organizou Ministério com o apoio de -agrupamentos políticos diversos.