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Sessão de 7 de Marco de 19ÚÍ

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presentação no Governo, a nossa atitude e a nossa conduta seriam as mesmas, nas mesmas precisas condições.

Desde a primeira hora o Grupo Republicano Dissidente deliberou pôr-se desin-teressadamente ao lado de qnem quer que fosse, idòneamente indicado, para organizar um Governo de larga concentração republicana, capaz de defrontar-se com as dificuldades da hora presente. Fiéis aos nossos princípios e aos nossos sentimentos não azemos imposição alguma, não apresentámos exigência nenhuma que não fosse a de, a ser possível, não fazermos parte do Governo; não no-lo permitiram, mas seria essa a prova da nossa isenção que desejaríamos ter dado a todos os republicanos.

Sr. Presidente: foi nestas condições que nos colocámos ao lado da alta e prestigiosa figura de republicano que é o Sr. Bernardino Machado, credor de tantos e tam assinalados serviços prestados à Pátria e à República, dando-lhe a nossa cooperação. Dentro ou fora do Governo, esforçando-nos pela sua organização, dando-lhe o nosso apoio, e a nossa cqla-boração, entendemos, e à face da Nação o declaramos, que praticámos um acto cie alevantada e patriótica política nacional.

Não o dizemos para que a Pátria e a República nos agradeçam; digo-o apenas para que o País e os republicanos ò saibam.

Dito isto, resta-me endereçar ao Governo, aos ilustres Ministros que o compõem, assim como à figura de excelso cidadão que é o seu Presidente, o Sr. Bernardino Machado, os meas mais afectuosos cumprimentos e a sincera afirmação de que o Governo de S. Ex.a pode contar com e nosso, leal apoio e a nossa colaboração.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, quando o orador haja devolvido as notas iaquigráficas.

O Sr. António Granjo: — Sr. Presidente: apresentando ao Gpvêrnp, em nome da minoria liberal 'e em meu nome pessoal, os meus respeitosos cumprimentos, lamento que tenha de dirigir ao Sr. Bernardino Machado, antigo Chefe 4o Estado, um dos mais ilustres homens da República, quando acresenta ao Parlamento

o sen segundo Ministério, depois do exílio a que foi forçado pelo acto revolucionário de 5 de Dezembro, palavras que porventura não serão do seu agrado, mas que nos são ditadas pelo mais profundo amor à República, pelo exame imparcial e desapaixonado das circunstâncias e pelos superiores interesses da nação.

Em artigos sucessivos, publicados no jornal A República de que sou director, apreciei, sob o título A crise continua, os vários Ministérios de ocasião que se organizaram e precederam o actual.

Uma voz:—Um deles foi o de V. Ex.^

O Orador:—Apreciei-os como episódios da 'crise política da República e episódio foi, realmente, o Governo a que eu presidi.

Sr. Presidente: o Governo presidido pelo Sr. Bernardino Machado não é mais do oue um outro episódio da crise política da República, ora manifestada em bruscas e violentas erupções revolucionárias, ora iludidos pelos conluios a que há pouco se referiu o Sr. Vasco Borges, dos quais só tem resultado o desprestígio da República e da 'f unção governativa. (Apoiados}.

Singular é que, todos reconhecendo por estas ou por 'outras palavras, tal estado de cousas, nem todos congreguemos as nossas vontades para lhe dar o pronto e eficaz remédio e antes pareça que nos empenhamos em o perpetuar, concorrendo conscientemente para que a República se desprestigie e para que a função governativa nem se sinta por parte da opinião pública e um pouco mais se manifeste do que nas colunas do Diário do Governo.

Ò Partido Republicano Liberal não está disposto, não se prestará mais a entrar em Governos de expediente, em Ministérios episódicos, e só dará o seu concurso para um Governo que tenha por fim resolver o "problema político em Portugal.

Esta é a verdade, esta é a realidade política que, particularmente, todos confessamos uns, aos outros, que todos sentimos nos nossos gabinetes, nas nossas casas, e que todos nos empenhamos por iludir lamentavelmente.