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Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Pereira Bastos: — Sr. Presidente : o Partido Republicano de Reconsti-tuição Nacional saúda o Ministério que acaba de se apresentar na Câmara, presidido pelo Sr. Bernardino Machado.

JD com a maior satisfação, com a maior confiança, com a maior fé que o Partido Republicano de Reconstituição Nacional vê neste momento os destinos da Nação entregues ao Sr. Bernardino Machado, uma das figuras mais altas da República, cuja folha de serviços à Pátria e à República ó das mais longas e brilhantes.

O Partido Republicano de Reconstituição Nacional não esquece os altos serviços que S. Ex.a prestou, e que jamais se apagarão da História, por ocasião da' nossa intervenção na guerra; atentas as provas que S. Ex.a deu então de tacto político, de energia e de patriotismo, o Partido Republicano de Reconstituição Nacional espera que nesta ocasião, em que não há perigos como os de então, mas em que não deixa de haver outros, S. Ex.a saberá pôr a sua energia e tacto ao serviço da Nação no sentido de os debelar.

O Partido Republicano de Reconstituição Nacional dá a este Governo todo o. seu apoio, não só porque na declaração ministerial que acaba de ser lida vê, por assim dizer, desenvolvido o programa deste mesmo partido, mas porque vê presentes no Ministério três das suas figuras mais representativas, que lhe dão a garantia completa de que esse programa será inteiramente cumprido.

Renovando as minhas saudações, em nome do Partido Republicano de Reconstituição Nacional a todo o Governo, mais uma vez declaro que o mesmo partido dá todo o seu apoio à obra governativa dês-te Governo, que espera e confia será grande e patriótica.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra quando õ orador haja revisto as notas ta-quigráficas.

• O Sr. Vasco Borges: — Sr. Presidente: um novo Governo se apresenta hoje a esta casa do Parlamento. Não sei se a esta hora já estará urdido e em marcha algum plano destinado a derrubá-lo ...

Uma voz: — Ainda é cedo.

O Orador:—Nunca é cedo para os ambiciosos do poder e do mando.

Sr. Presidente: aos que conhecem o que tem sido a vida política portuguesa dos últimos tempos, aos que sabem que combinações e quo conluios, por vezes, a política tem acobertado, -não surpreenderia que tal sucedesse, .repetindo-se factos que para tantos partidários dedicados da República têm sido causa de desalento e para o regime origem das niais graves vicissitudes.

Derrubar Ministérios tornou-se cousa tam fácil e possível como difícil se tem" mostrado organizá-los, bem podendo afirmar-se que cada crise é um novo golpe vibrado no regime, não tanto pelas causas que as determinam, como pelas dificuldades que de cada vez surgem para se dar à República um novo Governo. E, afinal, para que? Para vermos já agora surgir quási sempre os mesmos homens no tablado da política como 3gurás pintadas num cilindro que interminável e improficuamente girasse sobre si próprio.

Uma voz: — Isso ó que é falar verdade.

O Orador: — O quê seria preciso era que, de comum acordo, todos nós fixássemos no Ministério os mais competentes e os melhores para que, emfi.m, esses constituíssem o Governo que déssemos à Pátria e à República para silvarmos os seus destinos comuns.

E isto que aos republicanos imperati* vãmente se impõe fazer, iniciando uma obra de reconstrução naciona.' económica e financeira, uma obra que seja de agregação e que, sob pena de se cometer um crime de lesa Pátria e lesa República, nunca poderá ser, nem deverá ser, uma obra de desagregação que o momento e as circunstâncias não permitem.